Repórter mirim: Daniel S. M., 15 anos

Desde meados de março, escolas por todo o Brasil suspenderam as aulas presenciais por causa do novo coronavírus. Com isso, o ensino a distância se tornou o dia a dia dos estudantes e mexeu também com a rotina dos professores.

Para saber como os educadores estão lidando com a situação, o repórter mirim Daniel S. M., de 15 anos, entrevistou Paula Takada, professora do 5º ano F da Escola Vera Cruz, de São Paulo (SP). Paula, que também é jornalista, contou sobre dificuldades e aprendizados durante a quarentena. Confira o bate-papo.

Qual é a sensação de dar aula sem a participação dos alunos em um espaço físico?
É muito estranho. Uma das coisas mais importantes em uma aula é a reação dos alunos. E agora temos que falar olhando para a câmera, que não reage. Quando estou dando aula, eu mudo muito o que planejo em função da reação dos estudantes. Se eles estão com cara de entediados, cansados, eu mudo, faço outra fala, invento algo. Ou se eles estão entendendo, se empolgando… Tudo isso é muito importante para uma aula acontecer bem.

Você acha que os alunos estão conseguindo entender a matéria a distância?
Eu acho que sim. Estamos distantes, mas não perdemos o vínculo. O tempo todo a gente se fala pelos programas de computador. Também conseguimos resolver as dúvidas particulares. Apesar da distância, estamos acompanhando de perto.

Você sente medo de que os alunos não consigam acompanhar a matéria na volta por ter perdido o ritmo de estudo?
Não. Vai ser uma nova adaptação, terá que existir um momento para pegar novamente o ritmo, mas tenho certeza de que todo mundo está com muita saudade da escola e muita vontade de voltar a estudar do jeito normal, com papel, lápis, caneta, caderno, lousa, recreio.

Como você se adaptou para dar aula on-line?
Não foi muito difícil porque sou apaixonada por tecnologia. Tenho facilidade em aprender a usar aplicativos novos, sou curiosa. E a escola deu todo o apoio. A gente teve e continua tendo todo o suporte da equipe da tecnologia. E todos os professores têm se ajudado muito. Quem tem mais prática com tecnologia ensina quem tem menos. Tem sido um aprendizado para todos.

Do que os alunos mais reclamam?
Todos reclamam de ter que ficar presos em casa, porque estavam acostumados a fazer muitas coisas. Também reclamam da falta de encontrar os amigos. E de ter que ficar 24 horas com os irmãos e pais — eles dizem que isso tem causado um pouco de estresse.

É melhor trabalhar em casa ou em algum estabelecimento?
Eu não tenho a menor dúvida de que, para mim, é melhor trabalhar na escola. Tem um monte de coisas para além da sala de aula, além do professor e do aluno. O fato de você ter contato com os colegas professores, os estudantes das outras turmas, a quadra, o pátio, a sala de artes, a biblioteca… É todo um ambiente da escola que faz parte do contexto da educação e que é muito mais do que a aula.

Você prefere dar aulas on-line ou presenciais?
Tenho certeza de que prefiro ser professora presencial por causa da reação imediata dos alunos. Nada substitui poder olhar nos olhos, ver as reações das pessoas e elas poderem conversar com você e os próprios colegas sobre o que está sendo discutido na aula. A tecnologia tenta chegar perto disso, mas é muito artificial.

Quais são as vantagens e desvantagens das aulas on-line?
Eu vejo a vantagem de alunos e professores estarem aprendendo a fazer muitas coisas que não fariam se não fosse essa necessidade. Todos estão lendo nas telas, usando recursos que não usariam, como inserir fotos, gravar vídeos. Também existem alunos muito tímidos, que se sentem mais tranquilos em falar com o professor pelos aplicativos, sem se expor para o grupo todo. Mas eu acho que tem mais desvantagens. Eu acredito que os alunos aprendem uns com os outros também. E sem a sala de aula isso fica muito prejudicado.

#pracegover: a professora Paula Takada segura nos braços um teclado, um mouse, cadernos e canetas. Nos ouvidos, um fone. Foto: arquivo pessoal

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 149 do jornal Joca.

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Comentários (1)

  • tete_lobato75@hotmail.com

    3 anos atrás

    Amei a materia. Quero que no joca tenha mais entrevistas desse tipo pq sao muito interativas para as crianças saberem como esta pasando a cabeça de pessoas neste momento que ninguem pode se encontrar. Beijooooooooos.

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