A cientista política Tábata Amaral
Tábata Amaral, de 24 anos, conta como a educação mudou a sua vida

O leitor Gabriel Zanchett Canto, de 13 anos,  entrevistou a cientista política Tábata Amaral para a seção Repórter Mirim.

Tábata conta como a educação mudou a vida dela e como as pessoas comuns podem participar da política para melhorar Brasil.

Confira abaixo a matéria que foi publicada originalmente na edição 111 do Joca.

Tábata Amaral de Pontes tem 24 anos e uma história inspiradora. Filha de cobrador de ônibus e recepcionista, ela se destacou nas primeiras edições das olimpíadas de matemática, brilhou em cinco competições internacionais e acumulou mais de 40 medalhas. Assim, conquistou bolsas que a levaram a uma das mais prestigiadas universidades do mundo, Harvard, onde se formou em ciências políticas.

No Brasil há dois anos, Tábata atua em dois movimentos sociais: um que busca mobilizar jovens para melhorar a educação pública (Mapa da Educação) e outro que conscientiza as pessoas para questões de cidadania (Acredito). Ela é uma voz entre os jovens que querem mudar a educação e a política. Ao Joca, a jovem, que já revelou o desejo de um dia ser presidente, fala sobre sua história, suas inspirações e o papel das pessoas comuns na política.

Como estudante da educação básica, ela ganhou cerca de 40 medalhas de olimpíadas em ciência

Qual é a sua história? Onde você nasceu?
Nasci na Vila Missionária, que fica na periferia da zona sul de São Paulo. Estudei grande parte da minha vida em escolas públicas e tive a primeira grande oportunidade com a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Ganhei medalha nas duas primeiras edições, quando eu estava no sexto e sétimo ano. Por conta dessas premiações, recebi uma bolsa para estudar em uma boa escola particular, no centro da cidade, bem longe da minha casa.

Como foi essa experiência?
Foi bem legal. Pela primeira vez, tive aula todos os dias e o dia inteiro! Foi aí que pude perceber que o Brasil é um país desigual. Dependendo de onde você nasce, as oportunidades e os sonhos são limitados. Mas eu aprendi com essa experiência que estudar vale a pena e que só educação pública de qualidade vai acabar com a desigualdade. Foi por isso que comecei a trabalhar com educação desde cedo.

Quando você começou a trabalhar com educação?
Com 15 anos, participei da fundação Projeto Voa!, que prepara alunos de escolas públicas para olimpíadas. Dei aula de matemática e astronomia.

Tábata ensinou matemática para alunos da escola pública participarem de olimpíadas

Como você conseguiu entrar na Universidade Harvard, nos Estados Unidos?
Eu soube que era possível estudar fora só depois de cursar a escola particular (Etapa). Tive esse sonho por cinco anos. No segundo ano do ensino médio, ganhei uma bolsa para estudar inglês. Depois, recebi uma bolsa do governo americano para pagar as taxas para participar das seleções de universidades americanas. O vestibular durou seis meses, fiz entrevista, várias redações sobre mim, provas. É bem complexo. Consegui bolsa em seis universidades e escolhi Harvard.

Como era a sua rotina em Harvard?
No começo, tive dificuldade de entender meus colegas americanos porque não falava bem inglês. Fiz novos amigos de outros países e percebi que o método de estudo americano é muito diferente. Eu tinha só duas ou três horas de aulas por semana. Mas tinha que ler muito, quase mil páginas, dependendo do professor. Todo mundo vivia na biblioteca, mas as aulas eram mais legais do que no Brasil, pois, como todos os alunos se preparavam muito, nós podíamos participar e debater com o professor.

Por que você voltou para o Brasil?
Voltei há dois anos porque meu sonho é que o Brasil tenha a melhor educação pública do mundo. Tive muitas oportunidades e quero que outros as tenham também.

Com bolsa de estudos do governo americano, a garota estudou em Harvard, uma das mais prestigiadas universidades do mundo

Como você trabalha para ajudar a educação brasileira?
Atuo em dois movimentos sociais, o Mapa da Educação e o Acredito. O Mapa forma jovens para que eles se mobilizem para uma educação de qualidade. Já no Acredito, somos 2 mil pessoas lembrando e ensinando que cidadania a gente exerce todo dia, não só no dia da eleição, resolvendo problemas da comunidade, questionando políticos, informando-se.

É possível colaborar com a política?
Quando o Trump venceu, muita gente se desanimou, e o Obama disse: “Estou voltando a ocupar um papel mais importante do que o de presidente, que é o de cidadão”. Seria muito bom que a gente acordasse e dissesse: “O que vou fazer hoje para essa minha profissão de cidadão?”.

Você tem alguma inspiração?
Tenho três grandes ídolos: presidente Obama, Martin Luther King e Nelson Mandela. Considero minhas inspirações, pois eles lutaram por causas muito boas e dignas. Eu me inspiro muito na Malala e também na vereadora Marielle Franco, que lutou muito por mais igualdade social e de gênero.

De volta ao Brasil, Tábata participa de dois movimentos sociais para melhorar a educação e a formação cívica das pessoas

Qual a sua opinião sobre o momento político atual? Você acredita em mudança?
Com certeza, mas vai dar trabalho. Tem Lava Jato, escândalo de corrupção, vários movimentos sociais se envolvendo, mas a maioria dos políticos hoje no Congresso está fazendo de tudo para não ter renovação. Outro risco para que as mudanças não aconteçam é o extremismo. As pessoas estão divididas, o que é ruim, porque a gente não enxerga os fatos da maneira certa. Precisamos saber conversar com respeito.

Que mensagem você gostaria de enviar aos leitores do Joca?
Não desanimam da política. Ela pode ser boa e trazer coisas legais. Participem sempre, pesquisem seus candidatos (quando forem votar) e fiscalizem as ações deles. Dar as costas e votar em branco ou nulo é muito pior.

Quer visitar a redação do Joca e ser o editor mirim convidado da próxima edição? Escreva para joca@magiadeler.com.br.

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Comentários (15)

  • Mariana Rosemblatt Carvalho

    5 anos atrás

    Que couteudo legal !!

  • Joca

    5 anos atrás

    :)

  • MONICK PEREIRA DE ARAÚJO DOS SANTOS

    5 anos atrás

    Linda inspiração, parabéns Tábata ^^

  • Jornal_Joca

    5 anos atrás

    Bem bonita esta história, né, Monick?

  • Gabriella Reis

    5 anos atrás

    Eu amei,q ótimo esse conteúdo é oq o Brasil precisa realmente RESPEITO.

  • Jornal_Joca

    5 anos atrás

    História muito emocionante, né, Gabriella?

  • Guilherme Miagui

    5 anos atrás

    Bem legal essa entrevista interessante

  • Guilherme Miagui

    5 anos atrás

    Que erro ortográfico

  • Jornal_Joca

    5 anos atrás

    Foi um erro de digitação mesmo :(

  • Guilherme Bernardo Mazzoni Souto

    5 anos atrás

    no final não seria ''Quer visitar a redação..."

  • Jornal_Joca

    5 anos atrás

    Oi, Guilherme! É isso mesmo! Obrigada pela observação. Já corrigimos no texto.

  • luana martins nogueira

    5 anos atrás

    Muito Bom!!!!

  • Jornal_Joca

    5 anos atrás

    Legal que você gostou, Luana!

  • Socorro Moreira

    5 anos atrás

    Que conteúdo maravilhoso!

  • Jornal_Joca

    5 anos atrás

    Ficamos contentes que tenha gostado, Socorro!

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