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Crédito de imagem: Naomi Baker/Getty Images

Aos 24 anos, Rebeca Andrade já fez história na ginástica artística. Na Olímpiada Tóquio 2020, foi a primeira medalhista olímpica do Brasil no esporte (ouro no salto e prata pelo individual geral), tornando-se a primeira mulher do país a ganhar duas medalhas em uma edição dos Jogos Olímpicos. E as conquistas vão além. Para saber mais, confira a entrevista que a ginasta deu à repórter mirim Beatriz M., 11 anos.

Quando você começou a fazer aulas de ginástica?
Comecei quando tinha uns 5 anos, em um projeto em Guarulhos (SP), onde eu morava. Uma tia me levou para conhecer. Eu ficava pulando de um lado para o outro, dando cambalhotas, me pendurando nas coisas, subindo no beliche, e ela achou que eu podia gostar da ginástica artística. Ela acertou, e foi a ginástica que me trouxe até aqui. Devo tudo ao esporte.

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Beatriz M., a repórter mirim desta entrevista: Crédito de imagem: arquivo pessoal

Com quantos anos você começou a competir?
Comecei a competir ainda novinha, naquelas competições que ainda não são campeonatos, são mais disputas, uma maneira de estimular a criança. Não me lembro ao certo, talvez com 7, 8 anos, ainda lá em Guarulhos, dentro do projeto. Depois, com o passar dos anos, eu me mudei para Curitiba (PR), já estava mais pronta para as competições, estava começando mesmo a minha carreira. Em seguida fui morar no Rio de Janeiro (RJ) e, de lá para cá, nunca mais parei.

Como foi ganhar em primeiro lugar na Olimpíada?
É difícil de explicar a sensação e a alegria. Primeiro veio a medalha de prata, e foi muito importante, por ser a primeira e pela maneira como veio, no individual geral, considerando todos os aparelhos. Depois veio o ouro, uma sensação muito gostosa e diferente, que faz você ter certeza de que tudo valeu a pena. Fiquei muito feliz em poder dividir essa conquista com tanta gente que torceu, me apoiou, acreditou em mim, com todo o povo brasileiro… Cada um tem um pedacinho daquelas medalhas.
 
Como foi o processo para chegar à Olimpíada de Tóquio, em 2020?
Foi bem difícil. Eu tive mais uma lesão séria no joelho e precisava correr muito com a minha recuperação para tentar a classificação. Aí veio a pandemia… e mudou a vida de todo mundo. No meu caso, a pandemia acabou ajudando um pouco. Ainda que tenha sido um período muito difícil para o mundo todo, com o adiamento da Olimpíada, consegui a classificação e tive mais tempo para me preparar.

Do que você mais gosta na ginástica?
Ginástica é a minha vida. Ajudou muito na minha formação, em conquistar tudo que conquistei, a realizar sonhos, fazer amizades, me deu tudo o que eu tenho. Sou muito grata à minha mãe e aos meus irmãos por terem confiado e acreditado que aquela menina que saiu de casa podia buscar seus sonhos (…).

Como funcionam seus treinamentos?
Treino todos os dias, duas vezes por dia, nos aparelhos e na academia, fisioterapia. (…) Os treinos são duros porque precisamos sempre buscar os melhores desempenhos. Na ginástica, qualquer detalhe pode te fazer brigar por uma medalha ou ficar fora de uma final.
 
Qual parte da vida como atleta você acha mais difícil?
Vida de atleta não é fácil. Para competir com as melhores do mundo é preciso muita dedicação, entrega, suor e uma rede de apoio muito forte, que te ajuda a alcançar os objetivos. Eu amo a ginástica, então tento fazer com que os treinos, os momentos mais difíceis, as viagens, competições, sejam mais divertidas, mais leves. (…) E uma parte difícil são as lesões (…). A lesão é o maior obstáculo na vida de um atleta, é o que faz ele parar, muitas vezes repensar, pode afetar a confiança e acabar com sonhos. É o pior adversário.

Que dica você pode dar para quem quer se tornar atleta?
Acho que não é apenas para aqueles e aquelas que querem se tornar atletas, e sim para todos. Estudem, dediquem-se, sonhem e corram atrás. Nada é impossível e ninguém pode dar limites aos seus objetivos. Eu queria ser ginasta, me dediquei muito, abri mão de muita coisa e não me arrependo de nada. (…) Nem todo mundo vai virar atleta, mas todos podem estar, de alguma forma, trabalhando com esporte. Pode ser professor, fisioterapeuta, médico, jornalista… E se não for no esporte, não tem problema, busque a felicidade sempre.

Quais são seus planos agora?
Estou chegando do Mundial de Ginástica Artística de Antuérpia, na Bélgica, que foi histórico para o nosso país. Conseguimos classificar a equipe feminina para a Olimpíada Paris 2024, subimos ao pódio como equipe e em provas individuais [Rebeca ganhou um ouro, três pratas e um bronze], saímos orgulhosas e felizes. Agora é descansar um pouquinho porque temos os Jogos Pan-Americanos, em Santiago [Chile], pela frente. (…) Vamos treinar duro para representar muito bem o Brasil!

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Comentários (3)

  • aluno_somar10 aluno_somar10

    5 dias atrás

    ai eu amo ginastica eu ja tive a esperiencia mas espero ter uma nova oportunidade de voltar para a ginastica

  • aluno_somar3 aluno_somar3

    6 dias atrás

    nossa um dia vou ser igual voces

  • Samara Amaral de Oliveira

    6 meses atrás

    Muito boa e super legal essa reportagem. Parabéns a Beatriz e a Rebeca.

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