Thaynara Siqueira Baumgartner é bióloga, professora e socorrista. Por causa de todas essas áreas de atuação na carreira, ela sempre recebia fotos de animais, enviadas por vizinhos e amigos que pediam ajuda para identificá-los. Mas havia um problema: as pessoas matavam os bichos considerados diferentes, como aranhas e escorpiões, por ter medo deles, antes mesmo de falar com Thaynara.

Por essa razão, ela começou a pensar em projetos para ensinar como lidar com espécies que não são consideradas fofas — para que ninguém mais sinta medo e saiba como se comportar diante delas. Para saber mais sobre esse assunto, a repórter mirim Manuela E., de 11 anos, bateu um papo com a Thaynara. Confira a entrevista.

bióloga thaynara siqueira
Thaynara Siqueira, bióloga, atua em projetos para ensinar a lidar com animais “não fofos”. #pracegover: foto da bióloga Thaynara Siqueira segurando uma cobra. Crédito de imagem: Arquivo pessoal.

Por que você se interessou nos cuidados com animais que não são considerados fofos?
Eu sempre gostei de todos os animais e, quando comecei a estudar e trabalhar na área, vi o potencial ecológico dos bichos que não são considerados “fofos”. Só comecei a realmente estudar mais sobre a relação entre esses animais e os humanos quando precisei vencer um medo antigo de mamangavas (aquelas abelhas grandes e gordas, que fazem barulho quando voam). Quando passei a me informar sobre elas, descobri que são pacíficas e que o meu pavor era desnecessário. Então, comecei a valorizar outros animais que são de extrema importância para a natureza, mas com os quais as pessoas não simpatizam. Nós precisamos aprender que dividimos espaço com eles, não somos os donos do planeta e precisamos respeitar todas as formas de vida.

Como é o seu trabalho de conscientização? O que você faz?
No dia a dia, uso as mídias sociais da minha empresa e o trabalho de ecoturismo [turismo ecológico] para ensinar a importância desses animais, suas funções, atribuições e valor para a natureza. Ajudo no resgate de alguns bichos, na identificação e a colocá-los de volta na natureza. Também organizamos um curso de identificação e manejo de animais peçonhentos. Neste projeto, tenho a ajuda de dois especialistas: Henrique Miranda e Simon Borges. Entendemos que as pessoas têm medo daquilo que desconhecem, por isso a informação é o melhor caminho.

Qual é o melhor método para lidar com bichos “nada fofos”?
Aprendendo sobre os animais e lidando com eles apenas quando é realmente necessário (não chegue perto deles e chame um adulto). Cada bicho tem um comportamento. Por exemplo, aranhas e escorpiões são tranquilos e normalmente ninguém precisa manuseá-los. Cobras, por serem maiores, são mais complicadas, mas basta deixá-las seguir seu caminho. Vale lembrar que nenhum bicho quer atacar o ser humano, e só o faz se for encurralado ou ameaçado.

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#pracegover: Manuela E. usa camiste amarela onde se lê a palavra em inglês “good”. Foto: arquivo pessoal

Você tem algum bicho de estimação diferente em casa?
Eu não tenho, mas onde moro é região de mata preservada, então sempre recebo visitas de aranhas, escorpiões e insetos variados. Tenho também o privilégio de encontrar esquilos, macacos e jaguatiricas aqui em casa, às vezes. Também resgatamos e soltamos animais, por isso, cuidei de bichos bem diferentes, como cobras.

Como é possível identificar uma cobra ou aranha venenosa?
Pergunta complicada, pois é diferente para cada espécie. As aranhas têm desenhos específicos que as identificam. A viúva-negra, por exemplo, é preta e tem um desenho de ampulheta no abdômen. O mesmo acontece com cobras. Mais de 80% das aranhas e das cobras que encontramos são animais que não são perigosos para os seres humanos, então a chance de ter um encontro com algum bicho que ofereça risco é bem pequena.

Você já conseguiu influenciar amigos e familiares com seu projeto?
Já, sim. Comecei influenciando amigos e familiares, que me enviavam fotos dos bichos que encontravam e perguntavam qual espécie era aquela. Isso foi aumentando e tomou uma proporção tão grande que atingiu pessoas que mal conheço. Por causa do conhecimento, mais gente está salvando esses bichos em vez de matá-los. Ou seja, estão entendendo a importância deles e que é possível o ser humano dividir o espaço e viver em harmonia com eles. Hoje fico feliz quando alguém que não conheço me envia mensagem perguntando como resgatar um animal específico.

As informações sobre como lidar com animais diferentes e sobre cursos oferecidos estão na conta do Instagram @mantiqueiraecoturismo e no site da mantiqueira ecoturismo.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 172 do jornal Joca.

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Comentários (2)

  • Maria tereza

    2 anos atrás

    Nossa que massa eu gostei!!

  • Renato da Silva Sampaio Filho

    2 anos atrás

    ...um papagaio pulou na minha cabeça

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