Um forte terremoto, de magnitude 7,2 na escala Richter, atingiu o sul do Haiti, deixando mais de 2 mil mortos, no dia 14 de agosto. Outras 12 mil pessoas estão feridas e cerca de 340, desaparecidas, segundo as autoridades haitianas, até o fechamento desta edição. Estruturas de escolas, casas, hotéis, igrejas e hospitais ficaram comprometidas. De acordo com o governo, 2.868 edifícios foram destruídos e 5.410, danificados.

Na noite do mesmo dia, mais um terremoto, de 5,9 de magnitude, foi registrado. Depois de três dias, outro tremor, desta vez de 4,9, voltou a atingir o país, piorando a situação. Estradas ficaram bloqueadas por deslizamentos de terra.

Além dos terremotos, o Haiti enfrenta as consequências da tempestade Grace, que chegou no dia 17 de agosto, provocando chuvas fortes e enchentes. Em Les Cayes, no sul do país, o fenômeno danificou um lugar repleto de tendas para abrigar as pessoas desalojadas pelo terremoto. A chuva também dificultou a chegada de ajuda para os afetados pelo desastre e a busca por vítimas dos tremores.

A situação atingiu cerca de 1,2 milhão de haitianos, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Metade dos afetados são crianças. Cerca de 540 mil crianças haitianas têm pouco ou nenhum acesso a abrigo, água potável, assistência de saúde e nutrição neste momento, declarou o Fundo das Nações Unidas Para a Infância (Unicef).

O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, decretou estado de emergência por 30 dias e disse que está usando recursos do governo para apoiar as vítimas.

#pracegover: em 17 de agosto, bombeiros buscam por sobreviventes depois dos tremores e da tempestade que atingiram o Haiti. Na foto, é possível ver os bombeiros trabalhando entre escombros. Foto: Richard Pierrin/Getty Images

Ajuda internacional
A ONU afirmou ter enviado 8 milhões de dólares (aproximadamente 43 milhões de reais) em ajuda humanitária de emergência aos afetados pelos desastres naturais no Haiti. O dinheiro será aplicado em serviços essenciais de saúde, água potável, saneamento e abrigos emergenciais. No dia 18 de agosto, foram entregues alimentos para 2,5 mil pessoas.

O governo brasileiro enviou ao Haiti, em 22 de agosto, um avião com ajuda humanitária, incluindo medicamentos e uma equipe de bombeiros especialista em busca e resgate.

Entre 2004 e 2017, agentes brasileiros lideraram no país a Missão das Nações Unidas Para a Estabilização no Haiti (Minustah). Após o fim da ação, a ONU manteve treinamento das forças policiais no local. A Minustah foi motivada por uma crise política parecida com a que o Haiti enfrenta atualmente.

Pobreza e crise política
Os desastres naturais vêm em um momento de grave crise política no Haiti, cujo presidente, Jovenel Moïse, foi morto em 7 de julho. Desde 2015, políticos de oposição a Moïse o acusavam de ter fraudado as eleições. Hoje, o poder é disputado por diferentes correntes políticas.

O país mais pobre das Américas sofre também com o alto valor de produtos básicos, a falta de alimentos e o aumento nos índices de violência. Atualmente, cerca de 60% da população haitiana vive com menos de 2 dólares por dia (pouco mais de 10 reais).

Por que acontecem tantos terremotos no Haiti?
Esses fenômenos provocam desastres no Haiti desde pelo menos o século 18, quando a capital, Porto Príncipe, foi destruída duas vezes. Antes do forte tremor de agosto deste ano, o terremoto mais recente havia sido em 12 de janeiro de 2010, deixando mais de 200 mil pessoas mortas e 300 mil feridas.

A grande quantidade de tremores acontece porque o país está localizado no encontro de duas placas tectônicas (parte da crosta terrestre, a camada sólida do planeta): a norte-americana e a caribenha. Terremotos ocorrem quando essas placas se deslocam, criando abalos.

O atrito entre as placas criou falhas geológicas ao longo do tempo, aumentando ainda mais as chances de elas se movimentarem. O deslizamento de uma delas, a falha de Enriquillo-Plantain Garden, é apontado por ter levado ao desastre de 2010 e ao deste ano.

A ESCALA RICHTER
3,5 a 5,4 graus:
poucos danos
5,5 a 6 graus: desmorona prédios
6,1 a 6,9 graus: causa mortes
7 a 7,9 graus: grande devastação
Acima de 8 graus: dizima cidades

RAIO X DO HAITI
CAPITAL: Porto Príncipe.
LÍNGUAS OFICIAIS: francês e crioulo haitiano.
ÁREA: 27 mil km² (equivalente à área do estado do Alagoas).
POPULAÇÃO: 11 milhões de habitantes (similar à da cidade de São Paulo)

Fontes: Climatempo, Folha de S.Paulo, G1, Istoé e ONU.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 175 do jornal Joca

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