Confira depoimentos de um jornalista e de estudantes da Indonésia sobre os desastres.
Um terremoto de magnitude 7,5, seguido por um tsunami com ondas de até 2 metros, atingiu a ilha de Celebes, na Indonésia, no dia 28 de setembro. Os fenômenos causaram mais de 2 mil mortes, deixaram 10 mil feridos e, provavelmente, 5 mil desaparecidos.
O desastre ainda danificou mais de 60 mil casas, afetou o serviço de energia elétrica, bloqueou estradas e destruiu aeroportos, prejudicando a chegada de alimentos, água, combustível e ajuda humanitária. Segundo autoridades do país, aos poucos a situação está se normalizando.
A Organização das Nações Unidas (ONU) doou 15 milhões de dólares para colaborar com as emergências. Segundo a entidade, quase 200 mil habitantes precisam de ajuda urgente, entre eles, 46 mil crianças.
Volta às aulas
Na cidade de Palu, capital da ilha de Celebes e a mais afetada pelos desastres, crianças começaram a voltar às escolas para ajudar a limpar as salas e ter aulas novamente. Segundo o Ministério da Educação do país, 3 mil colégios foram danificados.
Por que há tantos terremotos na Indonésia?
O país, formado por cerca de 17.500 ilhas, está numa das regiões que mais sofrem tremores no mundo, o Anel de Fogo do Pacífico ou Círculo de Fogo, que abrange o encontro de várias placas tectônicas. No Brasil, não há tsunamis nem terremotos de grande intensidade porque o país está no centro de placas tectônicas e não no encontro entre elas. Assim, quando as placas se movimentam, os impactos não são sentidos com força. Saiba mais sobre o tema na edição 102 do Joca.
O que são tsunamis?
Tsunamis acontecem, principalmente, em áreas costeiras após terremotos. As ondas gigantes são causadas pelo movimento das placas tectônicas. O tsunami ocorrido em 2004, que atingiu a Indonésia e outros países da Ásia, teve ondas de até 20 metros de altura.
Correspondentes internacionais
Confira depoimentos de um jornalista e de estudantes da Indonésia sobre os desastres
“Quando aconteceu o terremoto, eu estava na estrada rumo à redação do Radar Sulteng Daily, o jornal indonésio em que trabalho, na cidade de Palu. Pessoas em pânico saíram de casa e tomaram as ruas.
Pouco depois, surgiu a notícia do tsunami: o pânico aumentou. Fugi para tentar me salvar. Naquela noite, pensei nos amigos que estavam no trabalho – a distância entre o escritório e a praia, onde aconteceu o tsunami, era de apenas 200 metros.
Busquei pelos 35 funcionários do jornal de casa em casa, mas só fui encontrar a maioria dos sobreviventes em pontos de evacuação, porque a residência deles foi levada pelo tsunami. Uma irmã minha morreu e outras duas, assim como seus filhos, estão desaparecidos.
Na noite do incidente, muitas crianças foram separadas dos pais. Algumas das que sobreviveram os encontraram nos abrigos, mas outras, não. Crianças ficaram traumatizadas e foram levadas por instituições privadas para fazer terapia e perder o medo.
Desastres naturais não podem ser previstos, então temos que aceitar as consequências.”
Murtalib Bin Poniran, 48 anos, jornalista
“Quando eu ouvi sobre o terremoto em Palu, fiquei um pouco preocupado. As casas e construções na Indonésia não são à prova de terremotos, como no Japão, e eu fiquei com medo de ir a prédios muito grandes. Quando eu morei no Japão, precisava levar uma capa à prova de fogo para a escola para proteger a cabeça quando terremotos aconteciam. Em todo caso, na Indonésia, acho que treinamentos para desastres não são feitos com frequência, porque muitas pessoas não sabem como se comportar durante um desastre ou quando um terremoto ou tsunami está para acontecer. O governo da Indonésia deveria educar os cidadãos sobre como encarar um desastre para que a quantidade de vítimas seja menor”.
Kojiro Inomata, 13 anos, estudante da Ichthus School, Jacarta, Indonésia
“Não entre em pânico. Essa é a coisa mais importante a fazer quando acontece um terremoto. Para isso, treinamentos de evacuação são necessários. Também precisamos ter mais conhecimento sobre terremotos e tsunamis para tomar medidas imediatas quando eles acontecem.
Quando o último desastre aconteceu aqui na Indonésia, pessoas queriam sair da área afetada usando estradas e pontes, que estavam danificadas. Muitas pessoas foram deixadas para trás em construções afetadas pelo terremoto. E até no noticiário a resposta do governo veio atrasada e o número de mortos foi subindo dia a dia.
Nós não podemos evitar desastres naturais, então precisamos fortalecer nossa consciência sobre o tema. No Japão, por exemplo, o dia 1º de setembro, quando o Grande Terremoto de Kanto aconteceu em 1923, é o Dia da Prevenção ao Desastre, quando acontecem treinamentos de evacuação nas escolas e em todo o país. Desastres naturais podem acontecer em qualquer lugar do mundo.”
Kaiju Sakuma, Saaya Honda, Haruka Nishimaki, Haruna Kondo, Mugi Kawahara, Sara Nishiyabu, Shinjiro Toyoshima e Kazushi Shibata, alunos do Conselho Estudantil da Japanese School, de Jacarta, Indonésia
Matéria publicada originalmente na edição 121 do Joca sem os depoimentos dos estudantes.
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é vdd
deve ter dado muito medo
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