A temporada de incêndios florestais na Califórnia, Estados Unidos, já é uma das piores da história, segundo o departamento de proteção contra incêndios do estado. Mais de um milhão de hectares foram atingidos pelo fogo neste ano — 1 hectare tem mais ou menos o mesmo tamanho de um campo de futebol. A área total destruída pelas chamas em 2020 é a maior desde 1987, quando os dados começaram a ser registrados.

O governo da Califórnia decretou estado de emergência. Milhares de pessoas tiveram que deixar a casa em que viviam para fugir do fogo, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus. Até o fechamento desta edição, tinham sido registradas 20 mortes na região. Mais de 6 mil estruturas, como residências e prédios, foram destruídas. Aproximadamente, 17 mil bombeiros trabalham para conter as queimadas.

Em 14 de setembro, bombeiro observa incêndio na região de Camp Nelson, na Califórnia, em área que abrange, entre outros pontos, a Floresta Nacional da Sequoia (árvore que passa dos 80 metros de altura) | #pracegover: o bombeiro, com uniforme e capacete, está de costas para a foto. Ao redor, árvores. O céu é laranja e está esfumaçado por causa dos incêndios. Foto David McNew/Getty Images

Segundo a agência nacional de combate a incêndios, em toda a costa oeste dos EUA, a área atingida pelo fogo é de 2,8 milhões de hectares, o que equivale ao tamanho do estado de Alagoas. Há pelo menos 87 focos de incêndio em 11 estados, como Oregon e Washington, além da Califórnia.

Motivos
Os incêndios são comuns na região nesta época do ano e funcionam na natureza para renovar o ecossistema. Mas, em 2020, o fogo se alastrou mais do que de costume. Os principais motivos são as temperaturas recordes (acima de 54 graus Celsius (ºC) em alguns locais, como o Vale da Morte, deserto da Califórnia — saiba mais na edição 155 do Joca), o clima seco, a falta de chuva e os ventos intensos. Cientistas afirmam que as mudanças climáticas vêm prolongando o verão, o que intensifica o calor e a secura do clima.

A maioria dos incêndios florestais é provocada por seres humanos. Em um caso recente, fogos de artifício durante um chá revelação (para saber se um bebê é menina ou menino antes do nascimento) na Califórnia foram responsáveis por uma queimada. Em agosto, uma tempestade de relâmpagos perto da baía de São Francisco provocou mais de 300 incêndios. Outras possíveis causas seguem sendo investigadas.

A poluição que vem dos incêndios
Em 9 de setembro, fotos publicadas nas redes sociais mostraram o céu de Los Angeles, na Califórnia, laranja por causa poluição. Algumas cidades da costa oeste dos EUA ocupam os piores lugares no ranking mundial de qualidade do ar desde que as queimadas começaram, de acordo com o grupo de monitoramento IQAir. O dado revela o risco para a saúde respiratória dos moradores da região. Imagens do satélite Copernicus Sentinel-2, do Programa de Observação da Terra da União Europeia, mostram que as nuvens formadas pela fumaça podem chegar a 8 mil metros de altura e se espalhar por 20 quilômetros. Neste ano, a fumaça dos incêndios nos EUA foi tão longe que chegou a Vancouver, cidade do Canadá próxima à fronteira entre os países.

Correspondentes Internacionais

“Os incêndios aconteceram longe de nossa cidade, mas a qualidade do ar está péssima há semanas. Por isso, não podemos sair de casa e, se tivermos que sair, temos que usar máscaras de proteção contra cinzas porque essa poluição é considerada muito perigosa para os pulmões. Às vezes, não dá para ver a rua de tanta fumaça e o sol fica vermelho. Minha preocupação é de que o fogo chegue até aqui. Também é triste saber que os animais e a floresta estão em risco.” Lena S. M., 15 anos, Sacramento, Califórnia, EUA

“Nos últimos anos, durante algumas semanas, a fumaça e as dúvidas pairavam no ar e os incêndios estampavam as manchetes. Mas este ano foi diferente. Os californianos tiveram que lidar com uma nova paisagem. Acordamos um dia com um céu vermelho escuro. Parecia que estávamos em Marte.” Jordan M., 17 anos, Los Altos, Califórnia, EUA

“A fumaça nos mantém presos dentro de casa, mais do que quando estivemos por causa do novo coronavírus. Um dia, o céu estava laranja escuro e tivemos que manter as luzes acesas até o meio-dia para poder enxergar. Outro dia, cinzas caíram do céu.” Sofia, 13 anos, Los Altos, Califórnia, EUA

Já são tantos dias de céu esfumaçado e de péssima qualidade do ar… Eu me sinto mal por não conseguir caminhar e fazer outras atividades ao ar livre. Estou presa, e respirar ar puro já não é garantido. Toda noite, antes de dormir, peço que a chuva caia.” Mirabella K., 15 anos, Los Altos, Califórnia, EUA

Fontes: CNET, CNN, CNN Brasil, governo do Canadá, National Geographic, National Interagency Fire Center, The New York Times e Vox.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 157 do jornal Joca.

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