Esta matéria foi originalmente publicada na edição 240 do jornal Joca
“Para a população indígena potiguara, a Mãe Terra é sagrada. Então, observamos nos nossos alunos essa necessidade de cultuar algo que é tão primordial para os povos originários”, diz Emerson Felipe da Silva, professor de educação física e pedagogo na Escola Estadual Indígena de Ensino Fundamental e Médio Cacique Domingos Barbosa dos Santos, localizada na Aldeia Jaraguá, em Rio Tinto (PBI).
A instituição realiza, desde 2017, um projeto de reflorestamento das nascentes de água situadas ao redor da escola. A iniciativa, que surgiu dos próprios alunos, é uma das diversas formas de trabalhar a educação ambiental em sala de aula.
No processo, toda a comunidade é envolvida para que os estudantes possam realizar o plantio de espécies nativas nos entornos das nascentes, aprendendo habilidades de tratamento do solo. “A ideia surgiu, inicialmente, com os alunos observando algumas necessidades da comunidade escolar, como a falta de água potável em uma região riquíssima em água”, explica Emerson, responsável por articular a ação com os jovens. “É um projeto de protagonismo juvenil, principalmente porque a comunidade indígena já vive essa relação com o meio ambiente.”
Com a iniciativa, a escola ganhou o Prêmio Territórios, do Instituto Tomie Ohtake. Além disso, a unidade de ensino estimula o debate e a exposição a temas como a Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (COP), que está na 30a edição e será, este ano, em novembro, no Brasil. A escola está participando do Prêmio Criativos: Escola + Natureza, do Instituto Alana, concorrendo à chance de efetivamente estar na COP30.
“Minha relação com a natureza é incrível. É um lugar onde você pode respirar intensamente, ter paz interior e se sentir verdadeiramente em casa. Com o projeto, ajudamos tanto a aldeia quanto as nascentes que foram afetadas. Devemos preservar enquanto é tempo e cuidar”, afirma Leidiane L., de 14 anos, sobre a experiência.
O Colégio Sidarta, em Cotia (SP), promove a relação com o meio ambiente desde os primeiros anos. Os alunos vivenciam o contato com a terra e o cultivo de alimentos, o estudo de geração de energia limpa, um dia de alimentação sem carne por semana e a coleta de materiais recicláveis.
A geografia do colégio é decisiva para a construção do olhar ambiental: em meio a áreas verdes e rios, os estudantes passaram a discutir por que córregos próximos estavam causando alagamentos após o avanço do meio urbano na região.
Para Maria Aparecida Schleier, diretora do Sidarta, é imprescindível que os alunos estejam aptos desde cedo a compreender a relação social entre o homem e a natureza dentro da pauta ambiental. “Há alguns anos, começamos a entender que falar apenas em sustentabilidade é pouco. Não podemos mais apenas sustentar — o cenário já é outro. Estamos lidando com as consequências. Precisamos pensar em como regenerar. E, se estamos falando de meio ambiente, também estamos falando de relações entre pessoas”, destaca ela.
Em uma das atividades relacionadas ao tema, a escola retirou todas as cestas de lixo para que os alunos tivessem de repensar como lidariam com os próprios materiais descartados. Para Ygor B., de 11 anos, e Letícia B., de 10 anos, esse dia foi bastante impactante. “Isso me fez refletir se eu estava cumprindo com meu papel de cidadão ou não. Quanta coisa muda quando precisamos recolher nosso próprio lixo!”, conta Ygor. “Nós estamos deixando nosso planeta muito poluído e, se aprendermos essas coisas, vamos saber como parar. Se não, o planeta vai esquentar até tudo morrer”, conclui Letícia.
FONTE: GOVERNO DA PARAÍBA.
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