A Semana da Imprensa 2023 está sendo realizada entre os dias 13 e 14 de setembro. Esta é a terceira edição do evento, uma iniciativa dos jornais Joca e TINO Econômico, em parceria com a ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) de São Paulo (SP) e apoio da TV Cultura. A semana traz mesas de discussão sobre temas atuais da imprensa, e a primeira do dia 14 foi sobre jovens que produzem conteúdo para a internet. 

Uma das participantes da conversa foi Beatriz Abram, a Bia, de 15 anos. Ela escreve a coluna “IA com Bia”, sobre inteligência artificial, do jornal TINO Econômico, em que entrevista experts e analisa os últimos acontecimentos na área. Emily Carla, 17 anos, jovem empreendedora, palestrante e escritora apaixonada por criar conteúdo digital, e Antonio Rocha Filho, jornalista, consultor em comunicação e professor universitário, completaram o debate.

Os jornalistas convidados responderam perguntas de estudantes da Escola Estadual Oswaldo Aranha e do Colégio Rainha da Paz. A mediação da conversa foi feita por Anderson Benaglia, estudante do terceiro semestre de jornalismo da ESPM.

“Eu sou uma pessoa que possui muita curiosidade sobre um assunto em específico e, por isso, produzo conteúdo para a imprensa, trazendo informações sobre inteligência artificial de maneira honesta e clara”, declarou Bia no início da mesa.

Beatriz

“Para mim, a palavra tem o poder de mudar o mundo e, como empreendedora, acredito nisso”, ressaltou Emily.

Emily

A primeira mesa do dia 14 da Semana da Imprensa discutiu algumas maneiras de o jovem começar a se introduzir no meio jornalístico e de produção de conteúdo para o meio digital. Além disso, respondeu quais são as formas corretas de realizar um trabalho jornalístico ético e responsável, evitando a propagação de desinformação.

Também foram abordadas ideias relacionadas à inteligência artificial a favor do jornalismo como ferramenta de otimização. Os participantes da mesa discutiram como encontrar um ponto de equilíbrio entre o que é interessante e relevante para o público, levando em consideração a nova realidade das redes sociais e a influência do número de seguidores.

De que maneira o jovem pode se inserir no meio jornalístico e como o meio pode influenciá-lo? 

Primeiro de tudo, o mais importante é se sentir curioso. O melhor jeito de escrever, de estar no meio jornalístico, é ser uma pessoa curiosa, apaixonada. O mais importante de escrever como jornalista, antes de tudo, é se sentir interessado por aquilo que se escreve. Segundo, em termos práticos, é preciso ter iniciativa, entrar em contato com veículos, editoras. Ou até mesmo criar um meio seu, como um jornal escolar. Também é possível entrar em contato com alguém já inserido no meio jornalístico. E, nesse processo, você se reinventa, descobre novos estilos, perde a vergonha e adentra cada vez mais esse meio.

Beatriz

Para se envolver no meio jornalístico, você precisa de duas coisas: coragem e ousadia. Tanto o jornalista influencia o meio como é influenciado por ele. O jornalismo é um farol de conhecimento em um mundo marcado pela desinformação. Ele instiga o conhecimento, o protagonismo da verdade. Existem duas portas de entrada para nós, jovens, começarmos: a escola e a internet.

Emily

Nunca podemos esquecer que o jornalismo é uma profissão de caráter social. Estamos no meio da sociedade, fazemos parte dela, e estamos aqui para servir o interesse público. Existe uma relação enorme com esse meio social. O jovem pode se aproximar desse meio consumindo informação jornalística, observando como é esse trabalho. Para esse começo, você pode consumir informações sobre do que você gosta e, na internet, em sua escola, você pode produzir conteúdo de interesse dessas pessoas. Hoje, o jovem tem a possibilidade de produzir conteúdo para o meio em que está inserido, o que é facilitado pelas ferramentas digitais. É importante estudar a técnica, aprender com quem conhece e entender como se faz um trabalho jornalístico de qualidade.

Antonio

De que forma é feita a checagem das informações que são publicadas? Cite alguns requisitos para que uma informação seja considerada confiável. 

Vivemos em uma sociedade com muita desinformação. O jornalismo desenvolve um papel muito importante nesse sentido, de separar o que é confiável do que não é. Fontes de informação confiável são aquelas que você pode conferir a origem. Qual é a instituição que está dizendo isso? Quem contou aquilo? Existe um dado que comprove o que está sendo noticiado? Existe uma fonte governamental que atesta aquilo como verdadeiro? Precisamos buscar as origens. É preciso ser algo passível de conferência, checagem. O senso crítico também é importante para duvidar de informações que pareçam não verdadeiras. Existem ferramentas de checagem que permitem que possamos conferir se uma informação é realmente verdade.

Antonio

Qual o maior desafio para criar conteúdos de imprensa interessantes e, ao mesmo tempo, relevantes? 

Acho que o maior desafio é conseguir encontrar equilíbrio entre o que é interessante e relevante. O domínio desse equilíbrio envolve uma pesquisa de público-alvo, de entender o que seu leitor quer saber e o que ele precisa saber. Existem formas de levar a informação de um jeito que atraia seu leitor, de maneira leve e divertida. Fazer essa mesclagem é algo importante, mas o foco do jornalismo é ser relevante. E ele pode ser interessante também com essas técnicas.

Emily

Como vocês lidam com as fake news? Como o jornalismo pode combatê-las?

Além de pesquisa e checagem, é importante verificar como uma notícia está sendo veiculada, pois existem diferentes maneiras de tratar um mesmo assunto. E é um trabalho de várias pessoas, que também vão ler a notícia e prestar a atenção a outros detalhes, editar, observar se aquilo pode ter um viés diferente.

Beatriz

Vocês têm seguidores nas redes sociais? O jornalista precisa ser um influencer? 

Uma das principais formas de acesso ao conteúdo jornalístico hoje é pelas redes sociais. A maioria dos principais veículos possui canais, então os próprios jornalistas utilizam suas contas para propagar o conteúdo que criam. Uma conta com maior quantidade de seguidores vai ter mais alcance. Isso faz parte do mecanismo, e é quase natural que um jornalista também acabe se tornando influenciador. É importante ressaltar que isso acontece caso o jornalista use seu canal para esse fim específico.

Antonio

Hoje eu tenho seguidores nas redes sociais. Mas, como jornalista, você precisa necessariamente ter seguidores nas redes? Depende. Isso pode significar que você tem uma presença no meio digital, mas não especificamente que sua credibilidade depende disso.

Emily

Acho que, como influencer, você acaba se comprometendo a fazer isso constantemente. É algo que alavanca muito, mas precisa ser natural. Caso não seja sua vontade, tudo bem, é algo que parte muito da vontade e do trabalho de cada um.

Beatriz

A inteligência artificial é uma ameaça para a profissão do jornalista?  

Existem alguns pontos essenciais: pode ser uma ameaça para o jornalista que tem apenas a intenção de escrever, e não de descobrir. Quando você possui vontade de preencher as lacunas, conhecer novas histórias, descobrir coisas inéditas, isso não é uma ameaça. Outro ponto é que a propagação de fake news fica muito mais fácil com a inteligência artificial. O jornalista precisa estar atento para reparar isso. No entanto, a IA também pode ser uma ótima ferramenta de auxílio.

Beatriz

Eu não enxergo a inteligência artificial como ameaça. Acho que a ferramenta pode ser ótima para otimizar processos, mas não substitui o trabalho do jornalista. Ela não possui a capacidade humana de interpretar, contextualizar, isso ainda é uma habilidade exclusiva do ser humano. Eu a vejo como uma ferramenta a que teremos que nos adaptar.

Emily

Os estudos com a inteligência artificial ainda estão começando. É algo inevitável, teremos que trabalhar com ela. Precisamos aprender a usar de forma responsável. Já sabemos que é algo que nos ajuda a ganhar tempo em nossas tarefas e liberar a mente para outras questões que são nossos papéis: pensar, criticar e interpretar.

Antonio

Sobre a Semana da Imprensa 

A Semana da Imprensa do Brasil é inspirada no evento de mesmo nome que acontece há mais de 30 anos na França. Durante uma semana, as escolas do país ficam focadas em falar sobre jornalismo com os estudantes. Um dos objetivos do evento é informar e aproximar as crianças e os adolescentes do funcionamento do jornalismo. A ideia é que, desse modo, os estudantes sejam estimulados a uma reflexão sobre como a imprensa funciona e qual é seu papel na sociedade.

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