Selo oficial da China de 2017, Ano do Macaco, mostra o animal com dois filhotes. Foto: Divulgação
Novo selo oficial da China, que será lançado em 2019. Foto: Divulgação

por Martina Medina

O novo selo oficial da China trará estampado um casal de porquinhos e seus três filhotes. Baseado no Calendário Lunar, o desenho homenageia o Ano do Porco, que começa em 5 de fevereiro de 2019, no horóscopo chinês.

Coincidência ou não, o novo Código Civil da China, que ficará pronto em 2020, permitirá que os casais chineses tenham quantos filhos quiserem, inclusive três, como o casal de porquinhos mostrado no selo. Segundo anúncio publicado pelo Partido Comunista da China, que governa o país, a nova lei “não incluirá restrições relevantes ao planejamento familiar”.

Os desenhos oficiais podem mostrar a evolução da política de natalidade na China ao longo dos anos e esse é o quarto selo da série com o tema “família feliz”.

No ano passado, um macaco apareceu acompanhado de dois filhotes. Dois anos antes, foi criada a regra atual, que permite que casais que moram em cidades (a regra não se aplica a alguns grupos, como habitantes do campo) tenham, no máximo, dois filhos, como o macaco com dois filhotes. Os casais pagam uma multa se tiverem mais filhos.

Selo oficial da China de 2017, Ano do Macaco, mostra o animal com dois filhotes. Foto: Divulgação

O país lançou o seu primeiro selo oficial em 1980, Ano do Macaco, com o desenho de um animal sem filhotes. A política de controle surgiu na China um ano antes, em 1979, quando só era permitido ter um filho. O objetivo era reduzir o problema de superpopulação do país, que hoje tem mais de 1,3 bilhão de habitantes, a maior população mundial.

Selo de 1980 mostra um macaco sozinho. Fonte: Divulgação

O que mudou na sociedade chinesa com a política do filho único?
Na cultura chinesa, os filhos são responsáveis por dividirem com os irmãos os cuidados dos os pais quando eles envelhecem. E a tradição foi prejudicada com o controle na quantidade de nascimentos: a população mais velha aumentou e há menos jovens para cuidar dela.

O que pode mudar com o novo anúncio?
Se o anúncio do governo chinês se confirmar, essa será a primeira vez em cerca de 40 anos que o controle sobre a quantidade de filhos deixará de existir. Apesar da novidade prevista para 2020, ainda não se sabe se outras regras serão criadas.

“Acho difícil que o governo obrigue casais a ter filhos. É mais provável que sejam instituídas políticas de incentivo como licenças-maternidade mais longas e creches”, opina Cristina Patriota de Moura, professora de antropologia da Universidade de Brasília (UnB), onde pesquisa sobre a China.

Veja o que as crianças pensam a respeito:

“Se aqui houvesse essa política de limitar o número de irmãos, eu ia querer trocar de país porque é muito chato não ter companhia e não ter com quem brincar.”
Maria Clara, 7 anos (é irmã de Laura, abaixo, e de Giovana, de 16 anos)

“Eu acho legal ter irmãos. Às vezes, tenho vontade de ser mais velha porque tem coisas que a minha irmã faz e eu não sei fazer.”
Laura, 5 anos (é irmã de Maria Clara – acima – e de Giovana, de 16 anos)

“Eu acho que a proibição antiga não fazia sentido. Se as pessoas quisessem ter mais filhos, elas não podiam. Mesmo assim, eu gosto de ser filha única. Viajei para o Rio de Janeiro com a minha mãe e só deu para ir porque fomos apenas nós duas. Com um irmão, teria saído bem mais caro.”
Isadora P., 10 anos

“A proibição da China é muito boba. Agora as pessoas poderão ter um monte de filhos. Mas eu fico sossegado como filho único. Chamo meus amigos para brincar, e eles são como irmãos para mim.”
Eduardo, 8 anos

*Com informações publicadas na edição 119 do Joca.

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Comentários (1)

  • guilherme Marinho de Lirio

    5 anos atrás

    otimo adorei arrasou

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