Pedro Oliveira

No dia 17 de julho, a Rússia informou que estava suspendendo sua participação no acordo que tinha com a Ucrânia para a exportação de grãos pelo Mar Negro. Assinado há um ano, o acordo permitia que produtos ucranianos fossem enviados a outros países a partir de portos do Mar Negro, que anteriormente haviam sido bloqueados pelo exército russo em consequência da guerra vivida entre os países.

Sem uma rota de transporte facilitada, a Ucrânia enfrenta agora novos problemas para exportar grãos, o que pode fazer a inflação (aumento generalizado de preços) subir em todo o mundo e piorar a fome em nações mais pobres. 

Consequências 
O impasse sobre a exportação de grãos da Ucrânia impacta diversos países, incluindo o Brasil. De acordo com a empresa de dados agrícolas Gro Intelligence, a Ucrânia é um dos três maiores exportadores de milho e cevada. A nação também é responsável pela exportação de 46% do óleo de girassol no mundo e um importante fornecedor de trigo. 

Com menos oferta desses itens, diante das dificuldades de exportação da Ucrânia, o preço deles sobe, aumentando a inflação em países que os compram. As nações mais pobres, se não conseguirem adquirir esses alimentos em razão do preço, podem ver a fome da população piorar. 

O que diz a Rússia? 
Ao anunciar a saída do acordo, o governo russo afirmou que os interesses do país não estavam sendo atendidos. 

A Rússia exige, por exemplo, que seus bancos sejam incluídos novamente no sistema financeiro conhecido como Swift — o país foi excluído como uma punição pela invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022. Pelo Swift, instituições bancárias de todo o mundo conseguem trocar informações, facilitando a transferência de dinheiro. 

A Rússia também diz enfrentar dificuldade para vender produtos a outros países após as punições impostas em consequência da guerra. 

Novos acordos 
Em resposta ao fim do tratado com a Rússia, a Ucrânia afirmou, em 31 de julho, ter fechado um acordo para usar os portos da Croácia para exportação de grãos. 

Contudo, em entrevista ao Joca, Cesar Albuquerque, doutor em história social pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Laboratório de Estudos da Ásia, explicou que isso não deve acabar com as dificuldades de exportação: “É uma medida interessante, porém insuficiente, porque todo o sistema de logística [de transporte dos produtos] da Ucrânia era baseado na exportação pelo Mar Negro. Esse [novo] processo é muito mais difícil, porque as estradas ali [até os portos da Croácia] não são preparadas para um volume tão grande de exportação. Acredito que não seja uma medida que atenda toda a necessidade ucraniana”. 

Fontes: CNN Brasil, Exame, Poder360 e R7. 

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 209 do jornal Joca

Ixi! Você bateu no paywall!

Ainda não é assinante? Assine agora e tenha acesso ilimitado ao conteúdo do Joca.

Assinante? Faça Login

Voltar para a home

Ou faça sua assinatura e tenha acesso a todo o conteúdo do Joca

Assine