A dupla Laurabeatriz e Lalau já lançou dezenas de livros infantojuvenis. Crédito de imagem: reprodução de Facebook

Lázaro Simões Neto, conhecido como Lalau, é publicitário e autor de uma coletânea de livros infantis, com mais de 70 obras publicadas. Ao lado da ilustradora Laurabeatriz, ele assina a coleção Brasileirinhos, que explora a fauna brasileira e sua importância por meio da poesia, além de outros títulos no mesmo modelo de produção da dupla. Os repórteres mirins André F., 8 anos, e Clara F., 10 anos, entrevistaram Lalau para saber mais.

Quando era criança, você já queria ser poeta ou escritor?

Acho que não. Creio que isso foi acontecendo no decorrer da minha vida. Mas, quando eu era criança e aprendi a ler, foi algo muito mágico. É mágico na vida de todo mundo, né? Então eu virei leitor, e um leitor bem ativo. Acredito que, de tanto gostar de ler, de tanto ter essa paixão pela palavra, pelos livros, de repente, no meio da minha vida, começou a aparecer a sementinha de querer ser escritor, fazer algo com literatura. Na adolescência comecei a pensar em escrever, poesia principalmente, porque alguns amigos meus tinham banda naquela época e eu fazia as letras das músicas.

Por que você é tão ligado à natureza?

Isso vem desde a minha infância mesmo. Passei essa época num lugar que tinha muito passarinho, perto da Represa de Guarapiranga [São Paulo]. Eu ia bastante à represa e tive um avô que incentivou muito esse contato. Ainda criança, ele me levou para o Pantanal. Em um dos meus livros tem até um poema homenageando esse meu avô, porque ele sabia imitar o “piu” dos passarinhos. “Ah, esse aqui é o jaó, esse aqui é o japu, esse aqui é bem-te-vi”, ele me ensinava. Com o tempo, isso foi evoluindo e eu trago para os livros também.

O que fazer para que mais crianças gostem de ler, escrever e produzir livros?

Por exemplo, a minha casa é cheia de livros. Acho que deixar o livro próximo, fazer com que faça parte da casa da gente é uma boa estratégia. E acho que também ler para as crianças, principalmente para as que não têm vontade de ler. Falar: “Ah, senta aqui, deixa eu te ler um poema, deixa eu ler uma história para você”. Eu acho que isso vai começar a incentivar quem não gosta de ler a começar a gostar. Então é deixar sempre o livro por perto e ler para essas crianças. Também dar exemplo, ou seja, você mesmo mostrar que gosta de ler e passar isso para outra pessoa. 

Qual foi sua obra predileta dentro das poesias?

Ah, eu gosto muito do primeiro livro que fiz, o Bem-te-vi. Deste eu gosto muito porque foi o primeiro livro, o que deu o pontapé na minha trajetória e na da Laurabeatriz. Existe uma série de coisas em volta que fazem dele o meu livro preferido. Eu gosto de todos, mas pelo Bem-te-vi tenho um carinho especial.

E quando você começou essa parceria com a Laurabeatriz?

Tudo começou com o Bem-te-vi. Eu tinha feito os poemas um bom tempo antes de o livro ser publicado. Então conheci o José Paulo Paes, li uma obra dele chamada Olha o Bicho, isso foi em 1989. Fiquei tão encantado com a leitura que falei: “Olha, é isso que eu quero fazer. Quero escrever poesia para criança”. E comecei a fazer poesia sem parar. Quando eu tinha o Bem-te-vi quase pronto, não sabia o que fazer com ele. Mandei para o José Paulo Paes, e ele gostou, ajudou até com umas coisas que eu tinha feito meio erradas e enviou o livro para a [editora] Companhia das Letrinhas. Lá escolheram a Laurabeatriz para ilustrar. A gente se conheceu só no dia do lançamento do livro. Neste ano, vamos fazer 30 anos de parceria.

Você já publicou quantos livros e quantos mais quer publicar?

Toda vez que a Laurabeatriz e eu fazemos essa conta, chegamos a mais ou menos 70 livros publicados. Juntando também outros que eu tenho, passa de 70. Mas não temos uma definição de publicar mais 20, 30, vamos fazendo até onde der. Em 2024, ainda tem dois lançamentos: um vai ser pela Companhia das Letrinhas, Brasileirinhos da Mata Atlântica, e o segundo é por outra editora, chamado Vovôs e Vovós da Floresta. É sobre envelhecer, algo que está acontecendo comigo e ocorre com os bichos. No livro, por exemplo, tem uma coruja que não enxerga direito à noite porque está velhinha. Então os vaga-lumes ajudam, fazem o caminho para ela chegar ao ninho. É sobre como devemos cuidar dos mais velhos. 

Por que você tem esse apelido de Lalau?

Isso é uma história bem longa, vou tentar resumir. Meu nome verdadeiro é Lázaro Simões Neto. É um “nome de advogado”, não de escritor, né? E há muito tempo, até antes mesmo de fazer Bem-te-vi, eu escrevia para uma revista que era do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Eu tinha uns amigos jornalistas, eles criaram essa revista e me chamaram para escrever, deram-me uma página. Então eu escrevia contos, crônicas, poesia também, e assinava como Lázaro Simões Neto. Uma vez, outro amigo meu leu um conto e achou que eu tinha um estilo parecido com o de um escritor chamado Sérgio Porto, que tinha outro nome: Stanislaw Ponte Preta, jornalista muito importante na cultura brasileira. E um dos apelidos dele era Lalau. Então esse meu amigo começou a me chamar de Lalau, e o  apelido pegou.

A gente conheceu você pelo Paulo Bira, na TV Cultura. Como e quando vocês começaram a trabalhar juntos?

Quando começou a coleção Brasileirinhos. Acho que foi no ano 2000 ou em 2001. Quando os livros iam sendo lançados, eu dava de presente para o Bira e os filhos dele, o Bruno e a Flavinha. Isso lá em 2000. Aí, um dia, o Bira me ligou e falou: “Olha, Lalau, sabe o que eu fiz? Eu preciso de uma música. Eu estava lendo o Brasileirinhos para os meus filhos e, de repente, comecei a cantar uma música. Era do ‘Peixe-boi’”. Eu achei legal, e ele falou: “Posso fazer mais?”.  E ele fez um monte. Foram mais de 30 músicas só do Brasileirinhos.

Clara F., 10 anos. Crédito de imagem: arquivo pessoal
André F., 8 anos. Crédito de imagem: arquivo pessoal

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