Um ciclone extratropical se formou próximo à costa sul brasileira em 4 de setembro, provocando ventos e chuvas intensas em municípios de Santa Catarina (SC), Paraná (PR) e Rio Grande do Sul (RS), o estado mais afetado — até o fechamento desta edição, 105 cidades gaúchas tinham sido atingidas, deixando 4.904 pessoas desabrigadas, 943 feridas e causando 48 mortes.

Em 5 de setembro, o ciclone se afastou da costa em direção ao alto-mar. A chuva, no entanto, permaneceu nos dias seguintes e um segundo ciclone se formou próximo à região entre 13 e 14 de setembro, mas sem a mesma intensidade.

Muitos especialistas consideram que esse foi o maior desastre natural do Rio Grande do Sul nas últimas décadas.

Moradores da cidade gaúcha de Muçum no telhado de uma casa após o ciclone, em 7 de setembro | #pracegover: duas pessoas estão sentadas na parte superior da estrutura de uma casa, atingida pelo ciclone. No chão, estão paredes quebradas e móveis. Ao fundo, árvores também caídas e montanhas. Crédito de imagem: Marcelo Oliveira/Getty Images

Como o fenômeno aconteceu?
De acordo com Francisco Aquino, professor de geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), diferentes fatores contribuíram para a gravidade da situação.

Além da formação do ciclone perto da costa, houve a aproximação de uma frente fria (massa de ar frio que substitui uma mais quente) “não tão intensa, mas que serviu como uma espécie de gatilho para disparar nuvens de tempestade que ganharam desenvolvimento com [uma massa de] ar quente e úmido, localizada entre o Paraguai e o Rio Grande do Sul”, explica Francisco.

Também em Muçum, homem limpa mercado atingido e tenta encontrar itens que possam ser usados | #pracegover: homem está limpando com uma vassoura o corredor de um supermercado, que está coberto de lama. Nas prateleiras é possível ver os produtos caídos e também cobertos por lama. Crédito de imagem: Marcelo Oliveira/Getty Images

Segundo o professor, os rios voadores (volumes de vapor de água a mais de 1.500 metros de altura que se estendem por grandes distâncias) também foram alimentando esse sistema climático com mais água, gerando recordes de chuva.

E ainda houve o fato de o norte do RS ser composto por inúmeros vales (áreas mais baixas), que receberam muita água vinda de regiões próximas mais altas. Essa combinação fez com que o grande volume de chuva provocasse graves enchentes, principalmente nas cidades às margens do rio Taquari, que transbordou.

Mulher e cachorro caminham por Roca Sales (RS) depois da passagem do fenômeno | #pracegover: uma mulher, com roupa azul e galochas brancas, está caminhando por uma rua onde é possível ver destroços de casas. No colo, ela carrega um cachorro marrom. Crédito de imagem: Marcelo Oliveira/Getty Images

O QUE É UM CICLONE?
Ciclones são fenômenos naturais que se formam acima dos oceanos e se tornam preocupantes ao se aproximar de algum continente. Entenda como eles se formam:

O PRIMEIRO FATOR que favorece a formação de um ciclone é o aquecimento das águas de uma área oceânica.

O CONTATO ENTRE massas de ar de temperaturas distintas pode ocasionar uma área de baixa pressão atmosférica. Isso abre espaço para que uma corrente de ar circule ao redor dessa área.

A ÁGUA AQUECIDA se concentra na superfície do oceano, e parte dela evapora, aumentando a umidade do ar e o deixando mais quente.

ESSA CONDIÇÃO, ao se aproximar de regiões costeiras, pode provocar chuvas e rajadas de vento no continente. O ciclone vai se dissipando conforme se move acima de águas mais frias.


Glossário
PRESSÃO ATMOSFÉRICA: pressão que a atmosfera exerce sobre a superfície terrestre.


LOCALIZAÇÃO DE UM CICLONE
Esse fenômeno é classificado de acordo com sua proximidade dos trópicos de Câncer e Capricórnio, linhas imaginárias criadas para organizar o espaço geográfico, facilitando o monitoramento e estudo do planeta.

LOCALIZAÇÃO DOS TRÓPICOS

• CICLONE TROPICAL: forma-se acima ou perto dos trópicos.

• CICLONE SUBTROPICAL: surge entre os trópicos.

• CICLONE EXTRATROPICAL: forma-se fora da área delimitada pelos trópicos.

O que eu penso sobre…
“No início, choveu muito e (…) muitas cidades perderam casas, farmácias etc. Muitas pessoas morreram, ficaram desabrigadas. Aqui em Porto Alegre (RS), o nível do rio Guaíba subiu e está a 2,44 metros de altura. Graças a Deus, nada aconteceu com nenhum familiar meu. Eu sinto muita pena pelos outros habitantes. Aqui na nossa casa, a gente está fazendo doação de remédios e outras coisas.” Leonardo L., 9 anos

#pracegover: Leandro está parado diante de uma casa com jardim. Ele veste uma camiseta branca, com detalhes em azul, vermelho e verde. No centro da camiseta é possível ler a palavra “Itália”. Crédito de imagem: arquivo pessoal

JORNAL ESCOLAR DE TAPERA
Estudantes da Emef João Batista Mocelin, em Tapera (RS), fizeram um jornal relatando o que as tempestades causaram no município. Clique aqui para saber mais.

#pracegover: capa do jornal escolar de Tapera, feito por alunos da Emef João Batista Mocelin. Na publicação eles mostram os estragos das tempestades no município. Crédito de imagem: reprodução

Fontes: Agência Brasil, Climatempo, Defesa Civil, Estadão, G1, Governo Estadual do Rio Grande do Sul, Inmet e MetSul.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 212 do jornal Joca.

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