Recentemente, um caso de enforcamento vitimou o garoto Gustavo Detter, 13 anos, enquanto participava de um desafio online com seus amigos.
Gustavo estava em sua casa em São Vicente (SP) jogando online com outros três amigos quando, ao perder o jogo, teve que participar do desafio choking game ou “jogo da asfixia” que acontece quando a pessoa interrompe o ar com as mãos e, assim, desmaia ou sente tontura. Ao ficar sem oxigênio, o sangue não irriga o cérebro, causando perda de consciência, o que pode levar à morte ou deixar sequelas como cegueira, surdez, paralisia, entre outras.
De acordo com a especialista Alessandra Borelli, diretora da Nethics Educação Digital, as mortes acontecem quando o jovem, geralmente de 9 a 17 anos, fica curioso, tenta fazer o desfio sozinho e sofre uma parada cardíaca ou  quando os amigos o pressionam como desafio, por perder um jogo ou para entrar em um grupo social. Essa não é a primeira vez que isso acontece. Em setembro, Garrett Pope, de 11 anos, morreu na Carolina do Sul, nos Estados Unidos. Em julho, Karnel Haughton de 12 anos, morreu em casa, em Birmingham, na Inglaterra, após participar do desafio. “Nossa família quis divulgar essa tragédia para os jovens terem consciência e não entrarem nessa mania estúpida que está se tornando popular na internet,” disse a mãe dele, Gemma Bailey, que alertou para pais conversarem com seus filhos sobre o assunto. Acredita-se que o “jogo de asfixia” existe há décadas nos Estados Unidos.
A Academia Americana de Pediatria, tem relatos de mortes desde 1934. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos,  diz que mais de 80 pessoas morreram no jogo entre 1995 e 2007. Uma ONG garante que mais de 250 pessoas morrem a cada ano. Recentemente as mortes aumentaram por causa da divulgação na internet. No Reino Unido, pelo menos oito jovens já morreram desde 2010. Selina Booth, mãe de Jack Pickles, que morreu aos 14 anos durante o jogo, criou uma instituição de caridade e dá palestras em escolas sobre os perigos desses desafios que tem matado muitos jovens.

Opinião da especialista:
“Brincar com os amigos é legal, mas não podemos fazer nada que seja arriscado para o nosso corpo nem nada que possa prejudicar alguém. A brincadeira tem que ter limite. Por isso é muito importante que os filhos comentem com os pais caso vejam algo estranho, seja brincadeira ou desafio. Acima de tudo está a saúde e o bem estar. “
Natércia M.Tiba Machado
Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta de Casal e Família

Listamos as dicas e orientações das especialistas Alessandra Borelli, diretora da Nethics Educação Digital, e Fabiana Vasconcelos, psicóloga do Instituto DimiCuida:

– Mantenham o computador em uma área comum da casa;
– Tenham moderação em relação ao tempo de permanência online de seus filhos;
– Mantenham o diálogo sobre as brincadeiras e jogos feitos tanto no contato físico com o grupo, quanto no virtual;
– Recomendem permanentemente a prática de exercícios físicos;
– Participem da vida digital de seus filhos, mesmo que não disponham da mesma habilidade que ele com a tecnologia; ou seja:
1) Conheçam o que os atrai na internet;
2) Quais seus apps e jogos prediletos;
3) Quem são seus YouTubers favoritos e o que estes fazem: reflitam juntos sobre a mensagem que estes parecem querer transmitir.
– Estabeleçam uma sólida relação de parceria com a escola, compartilhando informações, sugerindo discussões e, a depender da situação, convocando especialistas para melhor ajudá-los e orientá-los;
– Softwares de controle parental são ótimos, mas sozinhos são incapazes de proteger seus filhos, principalmente, se sua única funcionalidade for de bloqueio (não se esqueçam que há possibilidade de acesso em outros lugares e de outros dispositivos não protegidos);
– Estejam sempre atentos aos desafios. Crianças e jovens entre 6 e 17 anos se socializam dessa forma;
– Reforcem a importância do mecanismo de respiração em casa, falando das sequelas em vida de atividades que bloqueiam o fluxo natural do mecanismo de respiração (crianças e jovens internalizam mais sequelas do que ameaça de morte);
– Ensinem a importância de dizer não e de como não vale a pena se submeter aos desejos de outros quando algo é de risco; respostas com humor são efetivas entre jovens: “não, eu preciso usar todos meus neurônios na próxima prova” ou “não, adoro ter o movimento das minhas pernas para jogar bola” ou “não, minha mãe disse que se eu chegar sem neurônios em casa ela tira meu celular para o resto da vida”.

Abaixo, destacamos duas ilustrações que vão lhe ajudar a tratar do tema com seus filhos, além deste vídeo que explica todo o processo.

A ilustração acima descreve ao seu filho o funcionamento da respiração.
A ilustração acima descreve ao seu filho o funcionamento da respiração.
Entenda os perigos das brincadeiras de não-oxigenação.
Entenda os perigos das brincadeiras de não-oxigenação.

Fonte: Nethics | The Mirror | Telegraph | BBC | Newsweek | WVG TV | Exame | Globo News | Instituto DimiCuida

Agradecimentos: Nethics | Instituto DimiCuida

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Comentários (2)

  • Bucky

    6 anos atrás

    Artelcis like this make life so much simpler.

  • 8 ideias para incentivar seu filho a escrever mais e melhor |

    7 anos atrás

    […] ou, então, propor palavras mais simples, que façam parte da rotina delas e que envolvam a escola, brincadeiras ou a […]

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