Chiquinha nasceu no Rio de Janeiro, em 1847. Filha de uma mulher escravizada liberta, ela começou a compor músicas no piano ainda menina. Já adulta, tornou-se a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil e viver de música no país em pleno século 19, uma época em que havia muito preconceito contra o papel das mulheres na sociedade. Estamos falando de Chiquinha Gonzaga. Quase cem anos após a morte dela, a compositora é uma das grandes influências da música brasileira.

Chiquinha-Gonzaga-Commons
#pracegover: a foto, em preto e branco, mostra Chiquinha Gonzaga. Ela está com o cabelo preso, sentada e com a mão direita apoiada em seu rosto. Foto: Commons.

Essa é uma das histórias entre as quase 5 mil de mulheres compositoras reunidas no projeto Donne: Women in Music, criado, em 2018, pela cantora lírica Gabriella Di Laccio. Tudo começou em 2015, quando a brasileira se surpreendeu ao encontrar na Inglaterra, onde vive há quase 20 anos, uma enciclopédia com 6 mil compositoras das quais nunca tinha ouvido falar.

“A história acabou as deixando no esquecimento”, disse a artista, em entrevista ao Joca. “Eu quis fazer a minha parte e compartilhar as histórias dessas mulheres, a música delas, e que, de alguma forma, isso pudesse servir de  inspiração para outras pessoas, não somente musicistas, qualquer pessoa que já tenha recebido um ‘não’ na vida.”

O projeto traz conteúdos em inglês, com informações em texto, vídeo, áudio e imagem — e é atualizado todos os dias. De acordo com Gabriella, uma de suas prioridades é tornar o projeto bilíngue, para que possa ser acessado também em português. Confira o bate-papo abaixo.

Projeto compositoras
#pracegover: capa do projeto “Donne: Women in Music”. Traz várias mulheres compositoras em fotos preto e branco. Foto divulgação.

Qual é a importância do projeto Donne?
As mulheres sempre foram 50% da população, mas ocupam apenas 0,5% da história registrada. Claramente tem alguma coisa errada nessa matemática, não acha? Já que a história acabou negligenciando tantas mulheres incríveis — não só na música, como na literatura, na ciência, nas artes em geral, nas invenções etc. — cabe a todos nós fazer a nossa parte para que, daqui para a frente, as histórias sejam contadas com inclusão, diversidade e igualdade. Eu sinto a grande necessidade de fazer a minha parte como artista e espero, sinceramente, que pequenas sementes possam ser plantadas para que a história sejam bem diferente no futuro.

Por que compositoras são importantes na nossa sociedade?
Pela mesma importância de uma escritora, professora, cientista, inventora… A linguagem de cada pessoa é importante. Cada ser humano tem sua voz pessoal — e ela merece ser ouvida! Uma compositora é uma peça de um quebra-cabeça de riquezas culturais que formam uma sociedade. Fazer com que a voz dessas mulheres seja escutada cada vez mais é imprescindível para a construção de um mundo mais inclusivo.

Você tem um recado para meninas que se interessam por canto e composição musical?
Estudem para ser tornar as melhores artistas que puderem ser. Desenvolvam a a própria voz artística, não tentem imitar outras pessoas. A sua voz é sua, somente sua, ninguém mais tem igual. Dedique essa voz para comunicar a sua arte, expressar o que tem dentro de você e inspirar outras pessoas. Esse é o trabalho do artista. Quando a gente consegue inspirar uma pessoa que seja, vocês não fazem ideia de quanto vale a pena.

Saiba mais sobre o projeto: bit.ly/joca-compositoras

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 143 do jornal Joca

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