Saiba por que choveu tanto na cidade e o que é possível fazer para evitar novas tragédias como esta.
Por Martina Medina
No dia 8 de abril, o Rio de Janeiro registrou sua pior tempestade em 22 anos, segundo o sistema Alerta Rio. A chuva deixou dez mortos e fez com que a cidade parasse.
Além disso, em 12 de abril, dois prédios desabaram na comunidade da Muzema, na zona oeste do Rio. De acordo com o Corpo de Bombeiros, duas pessoas morreram, dez ficaram feridas e 17 estão desaparecidas (até o fechamento desta matéria). A região foi uma das mais afetadas pelas chuvas, mas ainda não há confirmação de que essa tenha sido a causa do desabamento. Segundo a Prefeitura, as construções eram irregulares e foram interditadas pelo risco de mais prédios caírem.
Falta de planejamento e prevenção
Marcelo Crivella, prefeito do Rio, decretou estado de calamidade pública no dia 11 de abril por causa do temporal. Isso permite que a Prefeitura tome medidas urgentes sem autorização do Poder Legislativo (Câmara dos Vereadores), como transferir dinheiro para ajudar nos transtornos causados pela chuva.
Em declarações à imprensa, o prefeito admitiu falha de planejamento, demora nas ações durante o temporal e que o trabalho de prevenção não foi suficiente para evitar a tragédia. Para ele, falta dinheiro do governo federal para fazer as obras necessárias.
Consequências da enchente
– Ruas alagadas foram fechadas.
– Linhas de metrô pararam de funcionar.
– Algumas regiões ficaram sem energia elétrica.
– Queda de árvores.
– Destruição de automóveis.
– Deslizamentos de terra.
– No dia seguinte, a Prefeitura recomendou que a população ficasse em casa e cancelou aulas nas escolas públicas.
Por que choveu tanto no Rio?
De acordo com Ana Luiza Coelho Netto, geógrafa e coordenadora do Laboratório de Geo-hidroecologia e Gestão de Riscos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cientistas observam mudanças no clima da região há mais de cem anos. Elas são provocadas pela ação humana:
– Retirada de árvores da mata atlântica para plantar café no século 18 no Sudeste.
– Desmatamento ilegal na Amazônia para plantação e extração de madeira.
– Crescimento das cidades, com a substituição de árvores por imóveis e asfalto.
– Aumento no número de indústrias.
Efeitos no clima
– O desmatamento e as indústrias lançam dióxido de carbono no ar.
– Em excesso, essa substância prende mais calor na atmosfera e a temperatura da Terra sobe.
– Isso provoca clima extremo: tempestades e fortes secas.
Por que as chuvas causam tantos estragos no Rio?
Ausência de planejamento urbano: com o desmatamento e a construção de casas no lugar das árvores, o solo não consegue absorver a água da chuva, que se acumula, causando enchentes e deslizamentos.
Falta de saneamento básico: quando lixo e entulho não são coletados da forma adequada e vão parar nos rios e nas ruas, os bueiros entopem. Isso impede que a água escoe, o que causa alagamentos e favorece a transmissão de doenças, como diarreia e leptospirose (transmitida pela urina de rato).
O que é preciso fazer para evitar mais tragédias?
Drenagem: sistema de tubulações e bueiros que ordenam o caminho da água, evitando que ela se acumule em um só lugar. Assim, a chuva pode ser enviada para piscinões, grandes espaços de concreto no solo, em vez de se tornar uma enchente.
Manutenção e limpeza: o sistema de drenagem deve ser mantido limpo para evitar acúmulo de lixo e liberar espaço para a água.
Cuidados com moradores de áreas de riscos: comunidades em morros correm mais risco de deslizamentos de terra. Por isso, é preciso oferecer casas em locais mais seguros ou criar rotas de fugas e abrigos próximos às moradias.
Como se proteger durante temporais?
Ir para lugares altos.
Evitar entrar em áreas alagadas (há risco de doença e choque elétrico).
Não ficar em áreas abertas ou próximo a árvores e redes de distribuição de energia elétrica.
Se necessário, ligar para a emergência: 193 (Corpo de Bombeiros) e 199 (Defesa Civil).
O que eu penso sobre…
“Eu estava em sala de aula quando tudo começou a tremer, parecia um terremoto! A luz piscou e caiu um raio. Eu e meu amigo fomos para a frente da escola e vimos que estava chovendo muito. As ruas estavam quase transbordando. Consegui chegar em casa, mas minha mãe demorou muito — ela ficou presa no trânsito das seis da tarde até as duas da manhã. Como é muita chuva e os bueiros ficam entupidos, não tem para onde a água ir, então acaba transbordando e criando toda essa confusão. Acho que tinha que ter limpeza nos ralos e tirar a sujeira para que isso não aconteça de novo.”
Jonas A., 12 anos
“Quando começou a chover, eu estava voltando para casa. Consegui chegar a tempo antes de a chuva aumentar. O playground alagou e caiu uma árvore em frente ao prédio onde moro. Se você está na rua, precisa procurar um lugar mais alto para se proteger, mas, se estiver em uma loja, é melhor ficar lá até a chuva passar. O Rio é uma cidade tropical, normal chover, mas esses desastres acontecem por causa da Prefeitura. A cidade tem muito lixo, e ela não cuida muito bem. É preciso proteger encostas e favelas, além de ter menos lixo na cidade.”
Rafael N., 12 anos
“Quando começou a chover, eu já estava em casa. No dia seguinte, não tivemos aula, então eu brinquei com um amigo, fiz desenhos e assisti a vídeos no YouTube. Minha casa não foi afetada pelas enchentes, mas os meus primos ficaram no clube e não conseguiram sair, porque estava alagado — eles ficaram sem jantar. Aqui chove muito porque é muito quente e formam nuvens. Se os bueiros não ficassem entupidos e tivesse menos lixo, o problema seria menor.”
Ana N., 7 anos
Locais afetados
Sete vítimas estavam na zona sul e três na oeste, as áreas mais afetadas.
O Túnel Rebouças — que liga as zonas sul e norte — foi fechado.
A ciclovia Tim Maia, construída em 2016, caiu pela quarta vez.
A avenida Niemeyer foi interditada.
Jacaré é visto após enchentes
Um jacaré foi visto caminhando pelo Jardim Botânico, no Rio, no dia 11 de abril. O animal teria ido parar na calçada da rua Pacheco Leão depois de ser levado pelas enchentes. Moradores postaram vídeos nas redes sociais. Veja:
Olha que bizarro o jacaré andando de boa depois das enchentes no Rio de Janeiro. Mais bizarro ainda é ele ser um bom pedestre e andar pela calçada. pic.twitter.com/SkAJC4ibZH
— Marcos Castro (@marcoscastro) April 11, 2019
“Quando chove, o nível da água sobe também e, com isso, os animais conseguem acesso às margens das calçadas e ao meio urbano com mais facilidade”, explica o biólogo Ricardo Francisco Freitas, do Instituto Jacaré. Segundo ele, os répteis são comuns na cidade, em especial na região de Jacarepaguá (nome que, em tupi-guarani, significa “vale dos jacarés”). A diminuição das áreas naturais do Rio, causada pelo crescimento do município, faz com que os jacarés entrem na área urbana em busca de mais espaço e alimento.
Há riscos?
Perdidos na cidade, os jacarés correm risco de serem atropelados e agredidos, enquanto as pessoas podem apenas tomar um susto — não há registros de ataque de jacarés-de-papo-amarelo no Rio, de acordo com o especialista.
O que fazer?
Se cruzar com um jacaré, procure os órgãos municipais e/ou estaduais (patrulha ambiental ou bombeiros) para fazer o resgate e levar o animal a uma área apropriada.
Fontes: Agência Brasil, Estadão, portal Eu, Rio!, Folha de S.Paulo, G1 e UOL.
*Matéria publicada em versão reduzida na edição 129 do jornal Joca.
Ainda não é assinante? Assine agora e tenha acesso ilimitado ao conteúdo do Joca.
Que triste mas adorei o vídeo do jacaré
Meu nome é Daniel mais conhecido como Bigode
Esse jacaré parece comigo meu nome e Luis Moura
wol cm assim da onde ele sail meu deus
Estou muito triste com que aconteceu no Rio de Janeiro,mais logo,logo tudo vai se recuperar. Lavinia de Oliveira Silva.
Muito triste o q aconteceu no Rio .desejo melhoras a todos
que jacaré engraçado
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.