por Anna Laura M., Enzo X. e Thiago M., do Colégio Dante Alighieri (SP)

Michele K. e Valentina B., do 3º ano do ensino médio do Colégio Dante Alighieri (SP), desenvolveram um projeto para impedir que os resíduos da mineração sejam depositados em barragens como as de Brumadinho (MG) e Mariana (MG), que se romperam em 2015 e 2018, respectivamente.

Elas descobriram como transformar, por meio de reações químicas, parte dos poluentes da lama de Mariana em zeólitas, pedras que absorvem resíduos de ferro e alumínio. Com isso, grande parte da lama se torna pedra e a água fica um pouco menos lamacenta, já que boa parte é transformada em zeólitas.

Veja abaixo a entrevista que Michele e Valentina deram aos repórteres Anna Laura M., 9º ano, Enzo X., 8º ano e Thiago M., 8º ano, do Colégio Dante Alighieri (SP).

Qual foi a motivação de vocês para fazer esse trabalho?

No ano de 2016, o Colégio Dante Alighieri fez uma visita à cidade de Mariana (MG), onde houve o rompimento de uma barragem (saiba mais abaixo). A partir de então, diversas discussões foram feitas na escola para saber que impactos ambientais, sociais e econômicos aquela tragédia traria para a região. Nessa época, já estávamos realizando outro projeto no Programa Cientista Aprendiz [programa de ciências do colégio], porém, começamos a nos interessar por algo que estudasse a questão de Mariana. Assim, passamos a amadurecer a ideia de reutilizar os resíduos de mineração de ferro para desenvolver um novo material que pudesse ser utilizado de forma sustentável, evitando que eles fiquem armazenados em locais inadequados e de risco, como ocorre hoje nas barragens.

Qual foi a maior dificuldade que vocês encontraram ao longo do projeto?

A maior dificuldade foi conciliar as atividades da nossa rotina com o tempo necessário para realizar o trabalho no laboratório de química do colégio. Para chegar ao produto final, passamos muitas horas no laboratório, em que tivemos que realizar diversos testes e repetições. A etapa de testes experimentais, portanto, foi bastante cansativa.

Qual foi a reação de vocês ao saber que outra barragem, desta vez em Brumadinho, havia se rompido?

Quando soubemos, ficamos muito impactados. Ao mesmo tempo, a tragédia serviu de motivação para continuar nosso trabalho e pensar em possibilidades de expandi-lo. Se esse projeto for aplicado em maior escala, poderemos ajudar a impedir novos desastres, já que os resíduos não seriam mais colocados em barragens.

Por que a utilização desses resíduos industriais pode diminuir a quantidade de rejeitos da barragem?

O intuito do trabalho não é reduzir a quantidade de resíduos nas barragens, e sim dar uma finalidade a eles, impedindo que sejam depositados em barragens.

Vocês acreditam que a água da barragem de Mariana, depois de ser limpa, poderá ser utilizada para consumo humano?

Acreditamos que sim, porém serão necessários diversos testes e experimentos para ver se estará adequada.

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Abaixo, tire suas dúvidas sobre o assunto:

O que são os rejeitos da mineração? 

No processo de extração do minério de ferro das rochas, utiliza-se água para separar esse material (usado para fabricar aço) do que não interessa, como minérios com pouca concentração de ferro, areia e água. Essa sobra, que tem aspecto de lama, é chamada de rejeito e armazenada em barragens, como as que se romperam em Brumadinho e Mariana.

Quais foram os efeitos da lama em Mariana?  

– 482 casas atingidas. Muitos moradores perderam todos os pertences e tiveram a residência destruída.

– Foram retiradas 11 milhões de toneladas de peixes mortos do rio Doce. Pesquisadores têm opiniões diferentes sobre o nível de contaminação do rio hoje.

– Ao todo, 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro foram despejados com o rompimento da barragem. Isso equivale a mais ou menos 25 mil piscinas olímpicas.

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