Comunicação não-violenta

Montagem para Em Pauta sobre Comunicação Não-Violenta. Arte: Beatriz Lopes

Por Joanna Cataldo

Talvez você já tenha passado por isso: ter que dizer algo difícil para alguém ou escutar o problema de outra pessoa.

Para tornar a comunicação mais fácil e harmoniosa, pessoas do mundo inteiro estão adotando uma prática conhecida como comunicação não violenta. O método reúne uma série de técnicas que estimulam as pessoas a conversar e ouvir de forma mais humana, respeitando os outros e a si mesmos.

No livro Comunicação Não-Violenta – Técnicas Para Aprimorar Relacionamentos Pessoais e Profissionais, o psicólogo Marshall B. Rosenberg afirma que a comunicação não violenta pode ser usada nas mais diferentes situações – escola, família, grupos de amigos, entre outros – e que tem sido utilizada até em dinâmicas que buscam diminuir os conflitos entre grupos inimigos, como israelenses e palestinos (saiba mais sobre o conflito aqui).

Na prática

Especialista em comunicação não violenta, Renata Mendes explica que o método pode ajudar a criança a reconhecer os próprios sentimentos e resolver problemas que estão a perturbando. “Sentimentos como medo, raiva ou alegria são naturais. Só a gente sabe o que acontece dentro de nós mesmos, mas nossos amigos, familiares e professores podem colaborar, atuando como ‘detetives’ para nos ajudar a encontrar a semente desse sentimento. Por exemplo: às vezes, sinto muita raiva e não sei direito o motivo. Quando estou perto de pessoas em quem eu confio, elas podem me ajudar a investigar a origem dessa raiva, fazendo perguntas como: ‘Qual é o tamanho da sua raiva?’; ’em que parte do seu corpo ela está morando?’; e ‘o que aconteceu para você se sentir assim?’.”

Leonardo A., 13 anos, e sua família usam um jogo de cartas que estimula a comunicação não violenta. Eles costumam jogar quando surge um conflito, como uma briga entre irmãos. Em uma das formas de “brincar”, os envolvidos no problema narram o que aconteceu, expondo sua versão dos fatos sem julgar o outro. Em seguida, selecionam cartas que representam uma necessidade ou sentimento relacionado à situação.

No caso de uma briga, um participante pode escolher como necessidade “ser mais ouvido” e como sentimento, raiva ou tristeza. “Eu me sinto muito mais esclarecido depois de jogar, porque consigo me imaginar no lugar do outro”, diz Leonardo. “Acho que desenvolvi mais capacidade para escutar.”

Jogo comunicação não-violenta
Leonardo A., de 13 anos, durante jogo que estimula as usar técnicas de comunicação não violenta. Foto: Arquivo pessoal

Já na escola de Luísa V., 9 anos, os alunos participaram de um projeto com atividades para estimular habilidades diversas, como a escuta com empatia — capacidade de levar em consideração o que o outro está dizendo.

“Se uma menina estiver com dor de cabeça, você não precisa dizer: ‘Eu sempre tenho dor de cabeça também’. Aquele que tem empatia diria: ‘Está doendo? Quer alguma coisa?’. Ele ajudaria, não falaria só sobre ele mesmo”, diz Luísa.

Como usar a comunicação não violenta no dia a dia?

Se você tiver um problema com uma pessoa, siga o passo a passo abaixo para falar com ela:

– Observação: descreva o que aconteceu. Concentre-se nos fatos, não julgue as atitudes da outra pessoa.
– Sentimento: diga para a pessoa como você se sentiu naquele momento.
– Necessidade: mostre para ela uma necessidade sua que não foi atendida naquele momento.
– Pedido: diante do que aconteceu, diga o que você gostaria de pedir para aquela pessoa.

Frase que usa comunicação não violenta

“Eu fico triste quando vejo você usando o celular enquanto fala comigo. Gostaria de receber mais atenção da sua parte. Você poderia usar o aparelho em outra hora?”

– Observação: “Vejo você usando o celular enquanto fala comigo”.

– Sentimento: “Eu fico triste”.

– Necessidade: “Gostaria de receber mais atenção da sua parte”.

– Pedido: “Você poderia usar o aparelho em outra hora?”.

Frase que não usa comunicação não violenta

“Você é uma chata! Nunca presta atenção em mim, só fica mexendo no celular.”

*Versão ampliada da matéria publicada no Joca 140. 

Saiba mais: conheça quatro passos para resolver problemas sem brigar.

Fonte: Comunicação Não-Violenta – Técnicas Para Aprimorar Relacionamentos Pessoais e Profissionais, de Marshall B. Rosenberg – Editora Ágora – 2006.

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