Para marcar o Dia Nacional do Surdo, em 26 de setembro, o Joca conversou com estudantes portadores de deficiência auditiva para saber como eles se relacionam com as notícias
Em 2022, o número de alunos surdos na rede municipal de ensino de São Paulo aumentou 33% em relação ao ano anterior. Eles podem se matricular em dois tipos de escola da prefeitura: colégios municipais de educação bilíngue (que ensinam português e Libras) e escolas regulares (onde estudam com alunos sem deficiências auditivas, mas com o apoio de intérpretes).
“Os surdos começam a consolidar o processo de alfabetização a partir do sétimo ano. Mesmo assim, os mais novos são curiosos em relação às imagens”, explica Luciano Silveira, coordenador da Emebs Anne Sullivan, em São Paulo (SP). Por lá, estudantes que virem uma imagem no Joca e quiserem saber mais podem perguntar para os educadores. Um dos alunos é Carlos Eduardo F., 9 anos: “Aprendi sobre a guerra na Ucrânia. Acho importante saber o que está acontecendo no mundo, então às vezes vejo notícias na TV, como a morte da rainha [Elizabeth II], e jogo os games [no portal] do Joca”.
Já entre os que sabem ler e escrever, os jornais são uma maneira de aprimorar o português – a primeira língua aprendida por eles na escola é Libras, a Língua Brasileira de Sinais. “Leio o Joca uma ou duas vezes por mês, sozinha ou com o apoio dos professores. É importante para aprender palavras […] e conhecer o mundo”, diz Taylane da S., do 8º ano.
Na Emebs Vera Lucia Aparecida Ribeiro, também na capital paulista, o jornal é lido pelos alunos com a colaboração de profissionais. “Lemos quinzenalmente com a professora e a instrutora de Libras”, explica Julia da S., 15 anos. Para Maria Eduarda S., 12 anos, ter contato com notícias é uma ferramenta para melhorar o mundo: “É importante conhecer as dificuldades sociais para nos esforçarmos em mudá-las”.
Em colégios regulares da prefeitura da cidade, os estudantes surdos também têm contato com o jornal – tanto em sala de aula como em casa. No Centro de Educação Unificada (CEU) Profa. Candida Dora Pino Pretini, isso é feito quinzenalmente, a cada nova edição do Joca. “A professora mostra o jornal e, depois, a gente leva para casa na mochila”, diz a aluna Isabelle Vitória dos S., 8 anos. Ao chegar em casa, a mãe dela a ajuda a entender melhor o conteúdo por intermédio das imagens.
Para o estudante Luan M., 8 anos, a leitura das reportagens é muito importante. “Gosto muito das notícias. A parte de que mais gostei do Joca foi a reportagem sobre fake news na edição 192”, comenta.
*Versão estendida da reportagem publicada na edição 195 do Joca.
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