Você já parou para pensar que as espécies de animais que conhecemos hoje são diferentes das que existiam centenas de anos atrás? Isso porque, enquanto alguns bichos entram em extinção, outros vão surgindo.

Para tirar dúvidas sobre como tudo isso acontece na natureza, as leitoras Clarice C., 9 anos, Isabela F., 13 anos, e Maria Luiza C., 13 anos, entrevistaram o biólogo Guilherme Domenichelli, colunista do site do Joca, autor de livros infantojuvenis e do canal Animal TV, no YouTube. Confira.

Como surgem novas espécies? É a partir de dois animais de espécies diferentes que aparece uma nova?
Muitas pessoas pensam isso, mas não. Até existe um cruzamento entre leões e tigres, por exemplo, e nasce o ligre, mas é um animal que não consegue ter filhotes. As novas espécies surgem, principalmente, por causa do isolamento geográfico. Vou dar um exemplo: no litoral do estado de São Paulo existe um local chamado Ilha das Cobras, onde vive a espécie de cobra jararaca- -ilhoa, que só tem lá. Como ela foi parar ali? Há muitos anos, essa ilha fazia parte do continente e algumas jararacas comuns, que vivem no continente, moravam nesse lugar. Quando surgiu a ilha, aquelas serpentes começaram a ter características diferentes, como um veneno distinto, já que elas só caçam aves, e não roedores. Depois, cores diferentes… E assim vai, até surgir uma nova espécie. Esse processo demora muitos anos.

#pracegover: Guilherme em um espaço especializado em cuidar de animais marinhos. Um leão-marinho está dando um “beijo” na bochecha dele. Crédito de imagem: Arquivo pessoal

Então essas espécies vão pegando características especiais para sobreviver ao ambiente. Mas essas características vão passando de geração em geração?
O que acontece é que sempre surgem animais diferentes de uma mesma espécie, com características distintas. Se essa característica que surgiu for importante para o bicho, ela acaba se fixando. Vamos lembrar das girafas. No meio de muitas girafas com pescoço curto, que comiam grama no chão como as zebras, surgiu uma com um pescoço um pouco mais comprido. Ela começou a comer folhas das árvores e, como ninguém comia as folhas de lá, só as do chão eram disputadas. Em épocas de seca, por exemplo, as que estavam disputando a grama do chão acabaram morrendo, mas as que tinham um pescoço comprido sobreviveram. Então, essa mutação se fixou.

Essas novas espécies prejudicam ou afetam positivamente o meio ambiente?
Quando são espécies novas, é algo benéfico. Elas não atrapalham a cadeia alimentar porque demora muitos anos para uma espécie surgir, e a cadeia alimentar vai se adaptando a isso. Mas os cruzamentos de espécies distintas são algo ruim. Vale lembrar que novas espécies são diferentes de raças, porque as raças são usadas para animais domésticos, como cachorros. Dentro da espécie dos cães, as pessoas fazem cruzamentos e criam raças, mas espécies não são criadas pelos humanos.

Vi que uma espécie de peixe que era considerado extinto voltou a aparecer depois de um desastre ambiental. Como isso é possível?
Na verdade, essa espécie não sumiu e voltou. Ela estava desaparecida, mas ainda existia, escondida em algum lugar, e os pesquisadores não tinham acesso a ela. Aconteceu também com a ave rolinha-caldo-de-feijão, que era considerada extinta no Brasil e foi vista novamente há alguns anos.

Os vírus, que sofrem mutações, também podem ter novas espécies?
Os seres humanos classificam os seres vivos — por reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie —, porque isso ajuda a organizar. É como em um supermercado, que tem as prateleiras de produtos de limpeza, chocolates etc. Já os vírus não são classificados, porque a ciência tem dúvida se eles são seres vivos, já que usam outros seres vivos para se reproduzir. Mesmo assim, sabemos que certamente estão surgindo novos vírus.

Como saber se um animal corre risco de extinção?
Nós sabemos quais animais correm risco de extinção por causa de um modelo internacional de classificação organizado pela União Internacional Para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, publicado pela primeira vez em 1964. As espécies estão classificadas em nove grupos diferentes. O número de indivíduos por espécie, o tamanho da população e o grau de destruição do ambiente em que vivem são alguns dos critérios usados para entender em qual categoria cada animal se encaixa.

As categorias são: “não avaliada”, “dados insuficientes”, “pouco preocupante”, “quase ameaçada”, “vulnerável”, “em perigo”, “criticamente em perigo”, “extinta na natureza” e “extinta”. Clique aqui para saber mais sobre o assunto na coluna “Dúvida animal”, do site do Joca.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 180 do jornal Joca.

Ixi! Você bateu no paywall!

Ainda não é assinante? Assine agora e tenha acesso ilimitado ao conteúdo do Joca.

Assinante? Faça Login

Voltar para a home

Ou faça sua assinatura e tenha acesso a todo o conteúdo do Joca

Assine

Enquete

Sobre qual assunto você gosta mais de ler no portal do Joca?

Comentários (0)

Compartilhar por email

error: Contéudo Protegido