#PraCegoVer: ilustração colorida em azul, vermelho e amarelo de uma boca gritando em um megafone. O fundo da ilustração é azul. Imagem: Getty Images.

Por Martina Medina

Em 2018, as mulheres ganharam 79,5% do total do salário pago aos homens no Brasil — ou 20,5% a menos do que eles receberam — segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que analisou dados desse ano e foi divulgada no Dia Internacional da Mulher, em 8 de março.

Enquanto as brasileiras de 25 anos a 49 anos recebem, em média, 2.050 reais, o salário médio dos brasileiros nessa faixa é 529 reais mais alto (2.579 reais).

Um dos motivos para a diferença salarial também é apontado no estudo: as mulheres trabalham quase cinco horas a menos do que os homens por semana, segundo o IBGE. O instituto não levou em conta o tempo gasto pelas mulheres em serviços domésticos e cuidados com a família. A seguir, entenda melhor a desigualdade e saiba o que pode ser feito a respeito.

Por que as mulheres ganham menos do que os homens no Brasil?
No país, a igualdade salarial para homens e mulheres que ocupam o mesmo cargo é prevista em lei. Porém, é comum que as mulheres sejam responsáveis por cuidar dos filhos, dos idosos e da limpeza da casa. Com essas responsabilidades, elas têm menos horas disponíveis para se dedicar ao emprego, o que reduz seu salário, de acordo com Adriana Beringuy, pesquisadora do IBGE, e Carmen Migueles, professora da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (Ebape – FGV).

O que pode ser feito para que homens e mulheres recebam o mesmo salário?
Segundo as especialistas, é necessário que as tarefas domésticas e de cuidados com crianças e idosos sejam divididas de forma igualitária. Desde cedo, meninas e meninos deveriam aprender que ambos serão responsáveis por limpar a casa, cozinhar e cuidar dos filhos. Assim, no futuro, todos teriam o mesmo tempo para se dedicar ao emprego. Outra medida importante é a oferta de creches nos locais de trabalho para que mães e pais possam estar mais próximos dos filhos para qualquer necessidade.

Mais uma contribuição sugerida pelas especialistas seria aumentar a ajuda de outros membros da família — como avós, avôs, tias e tios — na criação das crianças para que as mães tenham mais tempo para trabalhar.

Soluções pelo mundo

Licença parental
Na Suécia, mães e pais podem dividir os 480 dias de benefício como quiserem, desde que cada um tire ao menos 60 dias. No Brasil, a mulher fica mais tempo afastada do que o homem: são cinco dias de licença-paternidade contra quatro meses de licença-maternidade.

Cotas
Para aumentar a participação de mulheres nos conselhos diretores das empresas, a Noruega reserva 40% das vagas no topo das companhias para elas. O objetivo é aumentar a participação feminina em postos de liderança, em que os salários são maiores. No Brasil, menos de 10% delas ocupam esse tipo de cargo.

Futebol
A Adidas anunciou em março que pagará às jogadoras do melhor time feminino da Copa do Mundo o mesmo valor do bônus pago aos vencedores homens. A notícia veio depois que as atletas da seleção norte- -americana de futebol denunciaram ganhar 30% do que recebem os membros da equipe masculina.

Reportagem publicada originalmente na edição 128 do jornal Joca.

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