O Pequeno Príncipe, livro do autor francês Antoine Saint-Exupéry, foi publicado pela primeira vez em 6 de abril de 1943. Neste ano, a obra completa 80 anos e ainda é uma das mais lidas e vendidas do mundo. Segundo o site oficial, são 5 milhões de unidades comercializadas anualmente.

O livro conta a história de um príncipe que veio do asteroide B-612. Na Terra, ele encontra um aviador perdido no Deserto do Saara e, então, passa a falar sobre aventuras em outros planetas e os encontros que teve no caminho. Voltada ao público infantil, a história é repleta de reflexões sobre a existência humana.

“Uma coisa que atravessa todos os tempos e fala com culturas diversas é a condição humana. Isso segue universal e imutável. O Pequeno Príncipe vai tratar justamente desse tema: o nascer e morrer. O livro propõe uma reflexão sobre o caminho entre o nascimento e a morte. E o preenchimento desse caminho, a busca pelo sentido da vida, é a essência d’O Pequeno Príncipe”, explica Mônica Cristina Corrêa, tradutora da obra no Brasil pela Companhia das Letras, pesquisadora da vida e obra de Antoine de Saint-Exupéry e doutora em língua e literatura francesa, pela Universidade de São Paulo (USP). Ela ressalta que o livro já foi traduzido para 541 línguas e dialetos.

O Pequeno Príncipe no filme lançado em stop motion. Crédito da imagem: divulgação

Além disso, a obra de Saint-Exupéry foi escrita dentro do contexto político da Segunda Guerra Mundial. “Para mim, os símbolos do conflito na obra são muito claros. O deserto [do Saara] presente no livro é um deserto da falta de valores, da degradação humana que está acontecendo naquele momento. O sentimento de solidão também é muito presente. A jiboia digerindo um elefante, que é um mamífero enorme, me faz pensar na França inteira sendo engolida pela Alemanha”, declara Mônica. 

Para a pesquisadora, o livro é capaz de comunicar sua mensagem com crianças e adultos de diferentes maneiras. “Ele escreveu esse livro para as crianças. A sociedade ocidental tenta camuflar alguns temas como a morte e a criança tem a capacidade de intuir e entender assuntos como este. Ele desenhou o livro, fez alertas, também falou sobre o medo. E faz uma coisa muito engraçada: evoca para nós, adultos, a criança dentro de nós”, explica.

O escritor Antoine de Saint-Exupéry em seu avião. Crédito da imagem: Hulton Archive/Getty Images

Em celebração aos 80 anos da obra, a Associação Memória da Aéropostale no Brasil, Amab, vem publicando no canal que mantém no YouTube vídeos que contextualizam características d’O Pequeno Príncipe e a obra de Saint-Exupéry, em uma série chamada Pegadas do Pequeno Príncipe, que também é o título de uma exposição da Amab que deve acontecer no fim de 2023.

A Funko Pop, marca de bonecos colecionáveis, também anunciou um novo boneco d’O Pequeno Príncipe, em uma edição comemorativa dos 80 anos da obra, com lançamento previsto para junho e já disponível em pré-venda. No mundo e, principalmente na França, outras exposições sobre o livro também celebram a data.

O Pequeno Príncipe possui diversas adaptações para animações, peças de teatro, jogos, quadrinhos etc. Uma das mais recentes é uma animação em stop motion de 2015, dirigida por Mark Osborne.

O que eu penso sobre…

“Cada pessoa e ser que conhecemos são como planetas. E cada um deles agrega algo novo na gente. Por isso acho que é um livro que se aplica muito a nossa realidade”, comenta Fabrizio F., 15 anos, estudante do Colégio Ciman em Brasília (DF).

“Achei ele bem interessante, diferente, pois um menino que mora num asteroide com rosas e baobás e vai para a Terra, vindo de asteroide em asteroide, é uma coisa muito diferente, me encheu de curiosidade”, Miguel F. P., 10 anos, de Goiânia (GO) e membro do Clube do Joca.

“Acho que é um livro que ensina sobre os laços que criamos e nossa responsabilidade em mantê-los durante a vida, cuidando das pessoas que amamos”, declara Georgia D., 15 anos, também do Colégio Ciman de Brasília (DF).

“Descobri que, ao longo do tempo, quando você fica mais velho, começa a reparar que O Pequeno Príncipe tem uma experiência de sentimento com cada personagem, como a raposa, a rosa e o vendedor”, conta Maitê R., 9 anos, também do Clube do Joca e de Vitória (ES).

Glossário:

Segunda Guerra Mundial: conflito militar que durou de 1939 a 1945. Começou quando a Alemanha invadiu a Polônia, em 1939. O principal governante da Alemanha, Adolf Hitler, defendia que o povo do país espalhado pelo continente europeu ficasse unido em um só território. Por isso, outros povos que não eram alemães começaram a ser perseguidos. Isso aconteceu principalmente com judeus (pessoas que praticam o judaísmo), ciganos (que normalmente não têm habitação fixa), pessoas negras e indivíduos com deficiência. A morte de milhares dessas pessoas ficou conhecida na história como Holocausto.

Stop motion: técnica que utiliza objetos reais, fotografados diversas vezes em diferentes posições, criando ações em movimento a partir dos quadros de fotografias.

Associação Memória da Aéropostale no Brasil: entidade sem fins lucrativos que realiza pesquisas e registros sobre a antiga companhia francesa de de correio aéreo, Latécoère-Aéropostale (1918-1933). A Amab apoia diversos projetos e ações relativos à memória franco-brasileira.

Fontes: Folha de S.Paulo, G1, Aventuras na História, Folha de S.Paulo, Le Petit Prince, Amab, Brasil Escola , Le Petit Prince, Aventuras na História, e Ministerio de Cultura de El Salvador.

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Comentários (1)

  • regina.coeli_rp07 regina.coeli_rp07

    10 meses atrás

    amei

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