No Dia do Índio, conheça o game Huni Kuin: os Caminhos da Jiboia.
por Helena Rinaldi
Para incentivar os brasileiros a conhecer as histórias da etnia indígena kaxinawá — ou, como eles próprios se denominam, huni kuin — Guilherme Meneses, de Santos (litoral de São Paulo), criou o game Huni Kuin: os Caminhos da Jiboia. “Muitas pessoas não conhecem a cultura indígena brasileira, então pensamos que o jogo poderia romper esse isolamento”, explica.
Guilherme tem 31 anos e é desenvolvedor de games desde criança. Aos 4, ele já produzia jogos de tabuleiro e, aos 13, começou a desenvolver games eletrônicos. Assim, foi natural a ideia de criar um jogo sobre o assunto, que começou a interessá-lo quando ele cursava o mestrado em antropologia social (ciência que estuda diversas sociedades) na Universidade de São Paulo (USP).
“Sou antropólogo e, quando li sobre os huni kuin, comecei a formar uma imagem na minha cabeça de como seria o mundo deles”, conta, em entrevista ao Joca. “Mas como não conhecia, não podia criar o jogo com o que eu achava que era a realidade deles, então passei mais de quatro meses nas aldeias para conhecer aquele universo.” O projeto demorou quatro anos para ficar pronto.
Além de mostrar essa cultura aos brasileiros que não são indígenas, o jogo é usado para disseminá-la entre as próprias crianças huni huin. Falado em hãtxa kuin, a língua desse povo, o game é estudado nas escolas indígenas. O jogo também possui legendas em português, inglês, espanhol e hãtxa kuin.
Game
Lançado no Brasil em 2016, o game fala sobre dois irmãos gêmeos indígenas do povo que habita a região do Acre, no sul do Amazonas e no Peru. A história conta que eles nasceram da cobra jiboia Yube e herdaram seus poderes. Para se tornar pajé (título dado às pessoas encarregadas dos rituais e cerimônias religiosas em povos indígenas), a dupla tem que passar por vários desafios.
Nessa jornada, os dois vão adquirindo novas habilidades e conhecimentos que vêm de seus ancestrais (pessoas de seu povo que viveram antes deles), dos animais, das plantas e de forças sobrenaturais. Só assim poderão ser considerados curandeiro (mukaya) e mestre dos desenhos (kene). O jogo pode ser baixado gratuitamente no site dos desenvolvedores.
Cuidado para retratar a cultura
Guilherme se preocupou em respeitar as diferenças ao abordar a cultura dos huni kuin. “Na antropologia, aprendemos a ter certa sensibilidade com as culturas diferentes das nossas”, diz. “Isso porque é muito perigoso cair no risco do etnocentrismo, que é julgar uma cultura por intermédio de nossos próprios valores”, explica.
Segundo Guilherme, frequentar a aldeia foi importante tanto para ele como para os huni kuin, que puderam entender melhor o projeto para não sentir que a equipe estava invadindo seu espaço. O contato virou amizade. Depois da permanência de Guilherme na aldeia, os huni kuin passaram a se hospedar na casa dele quando iam visitar São Paulo.
Participação
Para deixar o jogo o mais próximo possível da cultura huni kuin, foram usados desenhos do próprio povo para compor os cenários e as narrações das histórias. As dublagens das personagens também foram feitas por eles. Além disso, os indígenas escolheram as histórias que seriam retratadas.
Fontes: Dicionário Tupi-Guarani, G1, Portal Aprendiz UOL, Povos Indígenas no Brasil, site do Huni Kuin.
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orgulho de ser brasileiro !!!!!!!!
eu acho que o cite dop joca poderia deichar agente jogar o jogp
Olá! O jogo pode ser baixado em: http://www.gamehunikuin.com.br/downloads/. Aproveite e continue comentando no site do Joca!
.estou encantada com a possibilidade de usar com mais de 700 alunos nas aulas de Informática da EMEF LAERTE. Prof Telma Liberti
Eu acho que este jogo vai ajudar muito a conhecer melhor a cultura indígena. (Aron A.K - 9 anos - CEDUCA - Curitiba, Paraná)
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