Joseph Biden, de 78 anos, tomou posse como presidente dos Estados Unidos, no dia 20 de janeiro, com um juramento em frente ao Congresso do país. Ele é o 46º presidente norte-americano e o mais velho a assumir a Casa Branca (sede do governo). Ao lado dele, Kamala Harris tomou posse como a primeira mulher — e primeira negra — vice-presidente do país.

Em um discurso de 20 minutos, Biden pediu união entre os norte-americanos, defendeu a democracia e disse que é preciso derrotar mentiras e defender a verdade. “Aprendemos mais uma vez que a democracia é preciosa, a democracia é frágil. E, nessa hora, meus amigos, a democracia prevaleceu”, afirmou. Ele acrescentou que “a discordância não precisa ser motivo para uma guerra total” no país.

A fala de Biden se refere à contestação da vitória dele nas urnas pelo antecessor na presidência, Donald Trump, seguida pela invasão do Capitólio (prédio onde fica o Congresso), no dia 6 de janeiro, por apoiadores de Trump contrários à posse do novo presidente.

Reação de Trump
Trump não participou da posse, o que não acontecia há mais de 150 anos nas sucessões presidenciais do país. Já o vice dele, Mike Pence, compareceu. O ex-presidente deixou a Casa Branca acusado de incentivar a invasão do Congresso, que aconteceu depois de um discurso de Trump em Washington (capital dos EUA) contestando a vitória de Biden. A invasão, movida por apoiadores do ex-presidente, deixou cinco mortos, dezenas de feridos e mais de cem presos.

Em 13 de janeiro de 2021, pouco antes de deixar a presidência, Trump se tornou alvo de um processo de impeachment (quando o político pode ser impedido de governar por ter cometido um ou mais crimes). Ele é acusado de “incitação à insurreição” pela invasão do Capitólio. O processo foi aprovado na Câmara dos Representantes (similar à Câmara dos Deputados no Brasil) e, agora, será analisado pelo Senado.

Como Trump já não está no cargo, caso o impeachment seja aprovado, ele será julgado por seus atos, podendo perder os benefícios concedidos a ex-presidentes dos EUA, como seguro de saúde e equipe de segurança, e ser impedido de voltar a ser presidente. Em 2019, Trump já havia enfrentado um pedido de impeachment, tornando-se o primeiro presidente a sofrer dois processos desse gênero.

Ele também se tornou a primeira figura política dos EUA banida do Twitter para sempre. A decisão foi divulgada pela rede social no dia 8 de janeiro. Segundo a empresa, manter a conta de Trump representaria “um risco de mais incitação à violência”, em referência à invasão do Capitólio. Outras redes sociais, como Facebook, Instagram e Snapchat, bloquearam o perfil do político por ele ter acusado as eleições de fraude sem apresentar provas.

Cerimônia de posse
A pandemia de covid-19, que já matou mais de 400 mil pessoas nos EUA, e o aumento da segurança após a invasão do Capitólio, com a presença de 25 mil soldados da Guarda Nacional em Washington, fizeram com que a posse de Biden fosse bem diferente das que ocorreram anteriormente.

A plateia, formada por cerca de mil convidados (todos usando máscaras), assistiu à interpretação do hino nacional do país pela cantora Lady Gaga. Eventos tradicionais de posse, como o baile de inauguração, foram substituídos por encontros virtuais.

Aproximadamente 200 mil bandeiras dos EUA foram colocadas no parque National Mall para representar os cidadãos que não puderam comparecer. A população recebeu ordens das autoridades para acompanhar a cerimônia pela TV.

Primeiras medidas
Logo depois da posse, Biden anunciou medidas para a pandemia, crise econômica, meio ambiente e questões de imigração. Confira algumas delas:

• Colocar os EUA de volta na Organização Mundial da Saúde (OMS) e no Acordo do Clima de Paris, que busca combater o aquecimento global (Trump havia rompido com os dois).
• Mudar a lei de migrações, facilitando o encontro de filhos imigrantes separados dos pais e concedendo documentos para regularizar a situação de estrangeiros no país.
• Parar a construção do muro que separaria os EUA do México.
• Tornar obrigatório o uso de máscara em locais públicos.
• Vacinar 100 milhões de pessoas contra a covid-19 em 100 dias.
• Aprovar o plano de recuperação da economia no valor de 1,9 trilhão de dólares (cerca de 10 trilhões de reais), sendo 400 bilhões de dólares para combater o vírus e ajudar os cidadãos afetados pela pandemia.

Glossário

Democracia: no sistema democrático todos têm o direito de ser ouvidos e dar opinião (como por meio do voto nas eleições). Mesmo nos casos de discórdia, todos devem trabalhar juntos para a criação de uma sociedade justa e igualitária.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 163 do jornal Joca.

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