O que causou a nova onda de conflitos?
A crise ocorre em meio a protestos em Israel. Há anos, alguns israelenses defendem que os palestinos que moram no distrito de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental (território sob domínio de Israel), sejam despejados de casa para que o local seja ocupado por israelenses.

Em outubro de 2020, um tribunal de Israel apoiou o despejo dos palestinos do bairro, que aconteceria até maio deste ano. A Suprema Corte do país deveria se reunir em 10 de maio para discutir o caso, mas a audiência foi cancelada por causa de um confronto entre palestinos e policiais israelenses.

De acordo com a força policial de Israel, conhecida como IDF, milhares de palestinos teriam montado barricadas com pedras para confrontar a polícia durante a marcha de civis israelenses que marca o Dia de Jerusalém (data de celebração em referência à vitória de Israel na Guerra dos Seis Dias — saiba mais na linha do tempo abaixo).

Já o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, condenou as ações israelenses, afirmando que a IDF atacou fiéis islâmicos em frente à mesquita Al-Aqsa, na Esplanada das Mesquitas (área considerada sagrada para judeus e muçulmanos).

Após o confronto, o Hamas (grupo que controla territórios palestinos) lançou centenas de foguetes contra Israel — muitos deles contidos pelo domo de ferro. O governo israelense respondeu com ataques aéreos e bombardeios à Faixa de Gaza, afirmando que tem como alvo os membros do Hamas, seus militantes e a infraestrutura da organização (como túneis usados para armazenar armamentos).

#pracegover: palestinos protestam durante o Dia de Jerusalém. A imagem mostra pessoas batendo palmas em manifestação na rua. Foto: Amir Levy/Getty Images
#pracegover: famílias judias durante eventos relacionados ao Dia de Jerusalém. As pessoas estão na rua e muitas carregam bandeiras de Israel. Foto: Laurent Van Der Stockt/Getty Images

Israel e Palestina estavam em paz antes disso?
Não. Apesar de Israel e Hamas terem acertado tréguas ao longo da história, desentendimentos continuaram acontecendo. A questão piorou em abril, quando começou o Ramadã (mês considerado sagrado no islamismo) e foram registrados confrontos entre palestinos e a polícia israelense em cidades como Jerusalém e Haifa.

Em Jerusalém, um confronto entre muçulmanos e policiais israelenses ocorreu em frente ao Portão de Damasco, local de rezas do islamismo, em 24 de abril. Enquanto os muçulmanos defendem que tinham o direito de rezar no local, a polícia israelense argumenta que tentou dispersar a reunião para evitar que a covid-19 se espalhasse.

O que é o cessar-fogo de agora?
Em 20 de maio, Israel e o Hamas assinaram um cessar-fogo que passou a valer a partir do dia seguinte. Isso quer dizer que os dois lados se comprometeram a parar com o conflito armado intenso que já durava dez dias. Desde o início dos confrontos, mais de 240 pessoas morreram. O Egito, país que faz fronteira com Israel e a Faixa de Gaza, ajudou a negociar a trégua. A última vez que ambos tinham firmado um acordo desse tipo havia sido em março de 2019.

É possível chegar a uma solução definitiva?
De acordo com o cientista político Eitan Gottfried, formado pela Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, existem três pontos importantes para resolver o conflito:

1) Buscar informações verdadeiras. “Muitas coisas que lemos por aí não são certas ou não mostram a complexidade do conflito, então precisamos conhecer mais a história e as narrativas de todos os lados.”
2) Lideranças devem buscar a paz. “Acho que, em muitas vezes na história desse conflito, não houve um esforço real dos líderes para chegar a uma solução.”
3) As duas partes devem tentar se entender. “Quando a gente não escuta o outro lado, fica muito difícil compreender e estar disposto a ceder para chegar a uma solução pacífica e que possa durar.”

Veículos de comunicação sofrem ataque
Em 15 de maio, um ataque aéreo israelense destruiu um prédio da Faixa de Gaza em que ficavam redações de veículos de imprensa, como o jornal árabe Al Jazeera e a agência de notícias Associated Press. O Exército israelense avisou sobre o ataque com uma hora de antecedência e pediu que o local fosse isolado. A estrutura do prédio desabou e as redações foram destruídas.

Entenda a história entre Israel e Palestina
Os dois povos disputam o mesmo território e não conseguem chegar a um acordo a respeito de sua divisão — para ambos, esse território é sagrado. Os judeus o consideram a terra prometida por Deus para seu povo, enquanto a tradição árabe diz que foi lá que o profeta Maomé, um dos nomes mais importantes do islamismo, subiu aos céus. Ao lado, saiba mais sobre a história dos embates na linha do tempo.

1986 – Surge o conceito de sionismo
O sionismo é um movimento que defende que os judeus têm direito a um Estado próprio. O conceito surgiu quando Theodor Herzl, jornalista da Hungria, escreveu um manifesto que defendia a criação de um Estado judaico para proteger o povo do antissemitismo (termo criado no século 19, na Europa, para definir o preconceito contra judeus).

1939-1945 – Segunda Guerra Mundial
Judeus são perseguidos pelos nazistas, membros e simpatizantes de um partido político alemão.

1947 – Divisão do território
Após a Segunda Guerra, intensifica-se o desejo de criar um Estado judaico. Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) divide uma região do Oriente Médio em duas partes: Israel (território para os judeus) e Palestina (território para os palestinos, que já habitavam a área).

1948 – Estado de Israel
Os britânicos, que controlavam a área até então, saem de lá. O território reconhecido pela ONU como judaico se torna um Estado. Os palestinos e habitantes de outros países árabes (Egito, Síria, Iraque e Jordânia) não aceitam, pois não consideram a divisão das terras justa. Tropas árabes invadem Israel, que vence a guerra.

1967 – Guerra dos Seis Dias
Conflito entre 5 e 10 de junho, por isso o nome. De um lado, Israel, e do outro, Síria, Egito, Jordânia e Iraque, unidos para lutar contra o Estado judaico, não reconhecido por eles. Israel vence e passa a controlar parte dos territórios que antes eram de palestinos.

1973 – Guerra do Yom Kippur
Um grupo de nações liderado por Síria e Egito começa um ataque a Israel para reconquistar os territórios, mas é derrotado. O conflito ocorre durante o Yom Kippur, data do calendário judaico em que os devotos ficam 25 horas sem comer e beber para refletir sobre o ano anterior e o que está começando.

Glossário
Domo de ferro:
sistema de defesa usado por Israel. Capaz de derrubar foguetes e mísseis de curto alcance lançados pelos palestinos.

Hamas: grupo palestino que tem como objetivo criar um Estado palestino. Realiza ataques contra israelenses e não aceita a existência do Estado de Israel.

Faixa de Gaza: território de domínio palestino que faz fronteira com Israel e Egito. É ocupada, principalmente, por árabes muçulmanos e governada, desde 2007, pelo Hamas. Diversos conflitos armados entre israelenses e palestinos costumam ocorrer na região, o que faz deste um dos locais mais tensos do mundo.

Não esqueça
Israelenses = maioria de judeus (seguidores do judaísmo).
Palestinos = maioria de muçulmanos (seguidores do islamismo).

Estado, com “e” maiúsculo, é a palavra usada para se referir aos países que têm organização política, ou seja, dispõem de setores responsáveis por controlar e administrar o território.

Fontes: Al Jazeera, BBC, Estadão, Forças de Defesa de Israel, Global Conflict Tracker, O Globo, Reuters e Veja São Paulo.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 171 do jornal Joca

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