Crianças do projeto da ONG The Equalizer, que reúne judeus e árabes para jogar futebol | #pracegover: quatro garotos aparecem na imagem, três usando camisetas de futebol na cor laranja e um usando camiseta de futebol na cor verde. Os dois meninos que estão na frente, no foco principal da imagem, estão dando um aperto de mãos. Um deles carrega uma bola de futebol. Todos estão em um campo de futebol gramado.

Por Antônio A., 14 anos

Gabriel Holzhacker, vice-diretor da ONG The Equalizer entrevistado pelo repórter mirim. | #pracegover: Gabriel está de perfil na imagem, usando um casaco marrom-claro e de mochila preta nas costas. Ele tem cabelo curto, na cor castanho, e está com a mão direita no bolso. A foto foi feita em uma calçada, com um muro de concreto como fundo.

O que é preciso para unir inimigos históricos? A organização não governamental (ONG) The Equalizer tem a resposta: uma quadra, dois gols, algumas crianças e uma bola.

Fundado em 2009 e com sede em diversas cidades de Israel, o projeto reúne jovens judeus e árabes (saiba mais sobre a rivalidade entre os dois grupos no fim da entrevista) para jogar futebol. Meninos e meninas de classes sociais baixas participam de treinos duas vezes por semana. Nos encontros, trocam apertos de mão e interagem com aqueles que vêm de realidades diferentes.

Além de praticar o esporte, eles recebem apoio com lição de casa e são envolvidos em atividades educativas. Veja abaixo a entrevista que o brasileiro Gabriel Holzhacker, vice-diretor da ONG, deu ao repórter mirim Antônio A., de 14 anos.

Como surgiu a ideia de fazer o projeto?
Em 2009, o Liran, atual diretor da ONG, viu alguns jovens de descendência judaica andando na rua. Eles estavam fazendo besteira, coisas que não deviam ser feitas. Então, Liran perguntou: “Por que vocês estão aqui, por que não estão fazendo alguma atividade?”. Os jovens disseram que não tinham dinheiro. Liran, então, perguntou: “O que vocês gostariam de fazer?”. E eles responderam que gostavam muito de futebol. Liran disse que iria providenciar treinos para eles duas vezes por semana e, em troca, eles teriam que se encontrar com sua equipe para fazer atividades sociais, aprender valores e receber ajuda com a lição de casa. Eles aceitaram, e a ideia começou. Eu estava nesse grupo de voluntários que passou a participar do projeto em 2009. Logo percebemos que as crianças árabes carentes também enfrentam esse problema. Assim, começamos a montar times em bairros e cidades árabes. A partir daí, surgiu a ideia de unir judeus e árabes.

Por que vocês escolheram o futebol como “ponte entre estranhos” e não outro esporte?
O futebol é o denominador comum mais fácil entre as crianças em Israel. É um esporte muito popular. É a maneira mais simples de juntar esses jovens. Se tivéssemos escolhido vôlei, por exemplo, que não é muito popular em Israel, teríamos que convencer as crianças a jogar, o que seria mais difícil.

No site do projeto, vocês dizem que muitas crianças costumavam encarar as de outras religiões como inimigas. Você acha que esse preconceito vem da influência dos pais?
Com certeza vem do que as famílias pensam e do que elas veem na mídia. Apesar de em Israel viverem muitos árabes e judeus — às vezes nas mesmas cidades e nos mesmos bairros — eles têm pouco contato. No começo de cada ano, realizamos um encontro com os pais e contamos a eles sobre o projeto, explicando o que os filhos vão fazer. Além disso, os convidamos a participar das reuniões entre crianças judias e árabes. Já vimos muitos pais que não queriam mandar as crianças para esses encontros, mas acabaram vindo junto porque tinham medo e queriam assegurar que tudo desse certo. Ao fim, diziam que tinham tido uma experiência maravilhosa.

Em muitas famílias, o preconceito existe há várias gerações. Como é possível mudar a mentalidade das pessoas?
A nossa maneira de mudar a mentalidade das crianças e, consequentemente, dos pais é organizando esses encontros entre crianças de realidades diferentes. O menino ou a menina vê que seu colega da mesma idade, mas de outra religião, etnia ou língua, também gosta de futebol, tem os mesmos ídolos… Aí a criança pode pensar: “Por que eu tenho ódio do outro? Na verdade, ele é igual a mim”.

Qual é a maior dificuldade que vocês encontram no projeto The Equalizer?
A primeira grande dificuldade é conseguir dinheiro. Como trabalhamos com crianças de classes econômicas baixas, o preço para participar é reduzido e contribui apenas para 5% do orçamento [total de recursos disponíveis para financiar um projeto] da ONG. Então, nossos recursos vêm de doações e do governo israelense, que nos ajuda. Outro desafio tem relação com o preconceito das pessoas. Já tivemos casos de escolas, tanto judaicas como árabes, que eram a favor do projeto, iam participar, mas, no momento em que viram que incluía reuniões entre judeus e árabes, decidiram não entrar. Temos também escolas que participam, mas em que os pais das crianças não querem mandar os filhos para esses encontros.

Existe algum tipo de preparo psicológico ou acadêmico para os voluntários do projeto?
A maior parte dos que participam são funcionários da ONG. Isso inclui todos os diretores, coordenadores e técnicos de futebol. Antes de entrar no projeto, os voluntários, que atuam como monitores, têm algumas conversas conosco para se preparar.

Rivalidade entre árabes e judeus
Os dois grupos são inimigos há milhares de anos. O principal motivo é a disputa por terras, já que, em Israel, há áreas consideradas sagradas para as duas religiões (judaísmo e islamismo). Saiba mais sobre a rivalidade no site do Joca.

Esta reportagem foi originalmente publicada na edição 125 do jornal Joca.

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Comentários (7)

  • ANA FLAVIA

    5 anos atrás

    mtoooooooooooo bom

  • South Hills Middle School

    5 anos atrás

    i love soccer

  • ANA FLAVIA

    5 anos atrás

    metwo

  • anaclararino

    5 anos atrás

    amo futibol

  • anaclararino

    5 anos atrás

    boa mas acho que deveria ser assim todo dia

  • anaclararino

    5 anos atrás

    isso e deimas para o meu gosto mas

  • Oak Canyon Jr High

    5 anos atrás

    boa

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