Queimadas na Amazônia começaram a cobrir o céu do Brasil, Argentina e Uruguai no fim de semana do dia 8 de setembro. Nos primeiros oito meses de 2024, a floresta teve o maior número de focos de incêndio para esse período dos últimos 19 anos.

A fumaça vem principalmente do sul da floresta (que abrange os estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso) e é causada, na maioria das vezes, pela ação humana com a intenção de “liberar” espaço para atividades de agricultura e pecuária. 

Outros biomas, como o Pantanal, também enfrentam queimadas recordes, que geram ainda mais fumaça. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), cerca de 10 milhões de brasileiros sofrem com efeitos do fogo. 

#pracegover: Vista de bairro de São Paulo. É possível ver prédios e céu com tons de marrom devido a poluição. Crédito de imagem: Paulo Pinto/Agencia Brasil

O Brasil passa por um severo período de seca. No Amazonas, todos os municípios do estado entraram em alerta em consequência do clima. 

Para entender esse cenário e o que a população pode fazer para evitar incêndios, o Joca conversou com a meteorologista e assessora técnica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Danielle Barros Ferreira. Confira a entrevista.

Como a fumaça viaja distâncias tão longas? 

O deslocamento da fumaça das queimadas do Pantanal, Amazônia e Cerrado é feito pela circulação dos ventos, que transporta calor e umidade de regiões tropicais para os polos. No Brasil, esses ventos saem da região amazônica em direção ao sul do país, fazendo com que a fumaça se espalhe. Lembrando que as condições de ausência de chuva, alta temperatura, baixa umidade relativa do ar e ventos fortes favorecem o alastramento das queimadas.

#pracegover: Vista aérea de um rio. É possível ver a água, parte da vegetação verde e, ao fundo, um grande fogaréu soltando fumaça no ar. Crédito de imagem: Reprodução

A seca na Amazônia pode influenciar a falta de chuva em outras regiões? 

Sim. A Amazônia age como uma grande fonte de umidade, pois atrai para o continente a água que evapora do Oceano Atlântico, com a ajuda dos ventos alísios, que sopram na região próxima ao Equador. Quando essa umidade entra no continente, forma nuvens carregadas que trazem chuvas para a Região Norte, especialmente no estado do Amazonas. Nessa fase, ocorre uma espécie de “devolução” da umidade para essas nuvens, ocasionada pelo calor e pela umidade que a própria floresta libera. Esse processo, aliado aos ventos, leva a umidade para o centro-sul do Brasil. Por isso, se o Amazonas enfrentar um período de poucas chuvas, pode ocorrer uma diminuição das chuvas em outras partes do país, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. 

O Inmet alertou para uma diminuição de chuva no mês de setembro. Como isso afeta a população? 

Com a previsão de chuvas abaixo da média e temperaturas elevadas para o centro-norte do país, a tendência ainda é de redução da umidade relativa do ar até o fim de setembro, com valores diários que podem ficar abaixo de 30% e picos mínimos abaixo de 20%. Essas condições meteorológicas em grandes centros urbanos, por exemplo, podem dificultar a dispersão de poluentes, resultando em aumento de doenças respiratórias, irritação nos olhos e alergias na pele, além de piorar a qualidade do ar nesses locais.

O que a população pode fazer para evitar focos de incêndio? 

O mais importante é não iniciar queimadas, em especial perto de áreas de vegetação. Não queimar lixo em terrenos ou pastagens, assim como não acender fogueiras. Se avistar algum foco de incêndio, a principal maneira de evitar que o fogo se espalhe é avisar o corpo de bombeiros. 

GLOSSÁRIO

PECUÁRIA: criação de animais como porcos e vacas, principalmente para a produção de carne, leite, couro e lã.

INICIATIVA POSITIVA 

O Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), dá orientações à população e facilita o trabalho dos bombeiros.

FONTES: AMAZÔNIA PLURAL, GZH, G1 E INFOMONEY.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 230 do jornal Joca

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