Países europeus que pareciam ter controlado o novo coronavírus estão voltando a registrar alta de casos. A situação preocupa a Organização Mundial da Saúde (OMS), que fala em uma segunda onda da pandemia. “Os novos casos semanais na Europa já superam os registrados durante o primeiro pico da doença”, afirmou Hans Kluge, diretor regional da OMS para o continente europeu, em 19 de setembro. Para conter o aumento, há novas medidas de restrição. Confira a situação em alguns países.

Reino Unido
Em 25 de setembro, foram 6.874 contaminações e, no dia seguinte, 6.634, um recorde de novos casos. Até então, o pior mês havia sido abril, com mais de 5 mil casos diários por cinco dias seguidos. Em 22 de setembro, o primeiro-ministro, Boris Johnson, anunciou novas restrições, incluindo o fechamento de bares e restaurantes às 22h.

Correspondente internacional
“Agora que algumas coisas começaram a voltar ao normal, começaram a surgir ainda mais casos. Precisamos voltar ao normal, mas isso se torna difícil quando muitas pessoas não se importam com o fato de que ainda estamos no meio de uma pandemia. Muitos cidadãos do Reino Unido esqueceram da necessidade de usar máscara e da importância do distanciamento social. Espero que o toque de recolher do governo às 22h para os pubs ajude a reduzir os casos. O governo também permitiu que os alunos voltassem às escolas. Isso foi importante porque perdemos seis meses de aula. Essa interrupção definitivamente afetou meu aprendizado, então estou feliz por estar de volta. Porém, o distanciamento social na escola é muito difícil e os casos aumentaram significativamente. Mesmo com tudo o que perdemos longe do ensino presencial, acho que deveríamos estar fazendo aulas on-line para reduzir os casos.” Mia N., 15 anos, Londres, Inglaterra

França
Um pico de 16 mil novos casos em 24 horas ocorreu em setembro, o mais alto número desde o início da pandemia. Há fechamento de bares e restaurantes em algumas cidades e é obrigatório usar máscara ao ar livre e em ambientes fechados. O ano letivo foi suspenso em cerca de 80 escolas (de um total de 60 mil). Isso acontece quando três ou mais estudantes da mesma turma testam positivo para a doença.

Correspondente internacional
“Os casos voltaram a subir porque as pessoas não respeitaram o distanciamento. Tivemos dois meses de férias de verão. No começo, as pessoas prestavam muita atenção, mas, em agosto, os jovens passaram a se reunir para fazer festas. Teve a volta às aulas, foi muito legal ver os amigos depois de cinco meses sem aula. Mas, assim, o vírus se espalhou e muitas pessoas ficaram doentes ou podem estar contaminadas. Tenho medo, pois muitos podem sofrer e acho que talvez aconteça um novo confinamento.” Gabrielle H., 14 anos, Lyon, França

Espanha
Teve 14 mil novos casos em um único dia em setembro — mais do que o pico de 9 mil em março. O governo de Madri, a capital, impôs restrições para a entrada e saída de pessoas em bairros mais pobres e mais populosos. Centenas de pessoas foram às ruas protestar contra as medidas, consideradas discriminatórias contra parte da população, que inclui imigrantes.

Correspondente internacional
“Acho muito chocante que em tão pouco tempo os casos tenham aumentado tanto. Isso pode ter acontecido porque as pessoas não agem de forma responsável e talvez porque as medidas contra a transmissão do vírus não sejam duras o suficiente. Fico muito preocupada pela minha avó, que está no grupo de risco. Eu ainda tomo todos os cuidados porque nunca se sabe como a doença pode avançar. Mas continuo me encontrando com meus amigos todos os fins de semana porque não sei quando eles vão nos confinar e vou parar de vê-los de novo.” Ángela M., 16 anos, Córdoba, Espanha

Alemanha
Uma alta diária de mais de 2 mil casos foi registrada no fim de setembro, mas ainda está distante do pico de março (6 mil casos em um dia). A chanceler Angela Merkel declarou que, se o ritmo atual continuar, os casos podem subir para 19 mil por dia até o Natal. Para conter o vírus, ela limitou o número de pessoas em eventos públicos a 50 participantes.

Portugal
A semana de 14 a 20 de setembro foi a terceira pior em número de infecções desde o começo da pandemia: 4.594 casos no total. O governo diminuiu o número máximo de pessoas permitidas em grupos, de 20 para dez. Em restaurantes a até 300 metros de escolas há limite de quatro pessoas por mesa.

Fontes: BBC, DW, Estadão, Folha de S.Paulo, InfoMoney, IstoÉ, G1, Público e UOL.

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