Araras sobrevoando a Floresta Amazônica. Foto: Education Images/Universal Images Group via Getty Images

Uma pesquisa liderada por estudiosos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e publicada no dia 14 de fevereiro em uma das principais revistas científicas do mundo, a Nature, revelou que a Amazônia pode entrar em colapso até o ano de 2050. No artigo, os cientistas alertam que, pelo ritmo do desmatamento e das mudanças climáticas, a maior floresta tropical do mundo pode chegar a um ponto de não retorno, que acontece quando a vegetação natural da floresta é degradada a um nível do qual não consegue mais se recuperar.

O estudo foi desenvolvido nos últimos três anos com o apoio do Instituto Serrapilheira, instituição de incentivo à divulgação da ciência no Brasil. Entre as conclusões, os pesquisadores constataram que, até 2050, de 10% a 47% do que há de vegetação original da Amazônia poderá passar por ameaças graves das mudanças climáticas.

Floresta Amazônica no Equador. Crédito de imagem: Getty Images

O ponto de não retorno apontado pelos especialistas não atinge no primeiro momento a floresta como um todo. Ele afeta inicialmente as regiões mais atingidas, que sofrem há mais tempo com o desmatamento, por exemplo, até que um dia, gradualmente, toda a floresta possa ser atingida. De acordo com os pesquisadores, 15% da Floresta Amazônica já foi desmatada e, se mais 10% da área for perdida, a região entra em um nível crítico, iniciando o chamado ponto de não retorno, gerando mudanças em grande escala na Amazônia.

A importância da Amazônia

Segundo o Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam), a área da Floresta Amazônica corresponde a um terço das florestas tropicais em todo o mundo. Ela cobre o equivalente a 7% da superfície terrestre, e pesquisadores estimam que 30 milhões de espécies de animais vivam na região.

A Floresta Amazônica tem papel fundamental em levar umidade à América do Sul e impacta diretamente no regime de chuvas. Sua vegetação produz massas de ar com vapor de água, chamados de “rios voadores”. Segundo o Ipam, apenas uma árvore da região com 10 metros de diâmetro pode lançar na atmosfera 300 litros de água por dia em formato de vapor.

A Floresta Amazônica é a maior do mundo, sendo que 69% dela está presente no Brasil e o restante ocupa outros oito países da América do Sul.

Amazônia tem queda no desmatamento, mas números ainda preocupam

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Área incendiada ao lado de região preservada na Amazônia, em Rondônia, 2019. #pracegover: vista aérea de desmatamento na Floresta Amazônica. Crédito de imagem: Getty Images/Bloomberg Creative Photos

Após três anos de aumentos consecutivos, as áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia em 2023 caíram para quase metade do que foi registrado em 2022. Os dados medidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que 10.278 quilômetros quadrados (km²) da floresta estavam sob alerta de desmatamento em 2022; já em 2023, a área passou a ser de 5.152 km². Apesar da redução, o Brasil ainda está distante da meta estipulada pelo governo federal de alcançar desmatamento zero até 2030.

Os autores do estudo publicado na revista Nature destacam que as mudanças no modo de uso da terra, o aquecimento global e o desmatamento a partir de práticas irregulares da agropecuária e mineração são os principais responsáveis por levar a Amazônia a um possível colapso.

Em entrevista ao Joca, Marina Hirota, professora de meteorologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e uma das autoras do estudo, afirma que a queda do desmatamento na região traz esperança, mas a solução ainda está longe: “No trabalho, colocamos três grandes recomendações que precisam ser articuladas em diferentes níveis de governo. A primeira é mirar no desmatamento cada vez menor, a segunda é ter todos os governos alinhados com as metas do Acordo de Paris e, por fim, pensar nas ações de restauração que precisam ser feitas para aumentar a quantidade de floresta. É muito importante dizer que a gente ainda tem tempo de fazer alguma coisa, mas não muito”, avisa a pesquisadora.

Foto: Sidney Oliveira/Ag. Pará

Glossário:

Acordo de Paris: tratado firmado, em 2015, entre 195 países com metas para reduzir o aquecimento global

Fontes: Nature, Estadão, Agência Brasil e Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

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Comentários (5)

  • avenues17

    4 semanas atrás

    Morro de tristeza a ouvir esta tragedia…

  • PIPA 03

    1 mês atrás

    Nossa! Que isso?? Eu nao sabia que estava acontecendo essa tristeza Amazonas! Um colapso que e provavel de acontecer na Amazonas em 2050 e muito serio. Todo mundo deveria fazer alguma coisinha para prever isso de acontecer! Esse texto foi muito interessante de ler e eu com muita certeza aprendi muitas coisas novas e palavras novas, e fatos da Amazonas que eu nem sabia que existia!

  • Clara Hentz Reynaldo Anholon

    1 mês atrás

    Isso não é legal. Tem que melhorar 😢

  • Bryan Carvajal

    1 mês atrás

    Eu acho que isso é muito ruim e os animais serão extintos porque nós viveríamos? o que você acha . E as pessoas vão ficar muito tristes porque muitos animais que são populares vão ficar tristes.

  • Joao Galvao

    2 meses atrás

    Que tristeza! sempre adorei a amazonia e tudo que envolve ela, saber que ela pode desabar é horrível! Verei o que posso fazer para ajudar no esforço de cura da selva.

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