A partir de hoje (28) e durante 9 dias, Cuba estará em luto oficial pela morte do líder Fidel Castro (1926- 2016), que morreu aos 90 anos, no sábado, dia 26.

Durante esse período, os cubanos vão prestar as últimas homenagens a Castro.

As cinzas de Fidel ficarão no memorial José Martí (foto abaixo), em Havana, e depois vão percorrer 1.000 km, passando por 13 das 15 províncias da ilha, até Santiago de Cuba, onde aconteceu a Revolução Cubana, liderada por Fidel.

No domingo, dia 4 de dezembro, as cinzas serão enterradas numa enorme cerimônia, no maior cemitério da cidade.

QUEM FOI FIDEL

O ex-presidente cubano Fidel Castro foi um dos mais importantes líderes mundiais do século XX. Ele era advogado, mas tornou-se o líder revolucionário que governou Cuba com um regime socialista por quase 50 anos e morreu dez anos após deixar o poder, em 2006, por problemas de saúde.

Fidel liderou a Revolução Cubana (1958-1959) contra o governo do presidente Fulgêncio Batista, prometendo devolver a terra aos agricultores e defender o direito dos pobres. Ele tomou o poder em 1959, governando por mais de 47 anos com um regime muito autoritário.

Quando tomou o poder, ele implantou o sistema socialista na ilha com a ideia de acabar com a desigualdade entre os cidadãos.

Castro aproximou-se da União Soviética e fez com que os Estados Unidos, que é capitalista (ver abaixo), o considerasse como país inimigo.

Com isso, os EUA instituíram um bloqueio econômico em 1960 contra Cuba e diversos países pararam de comprar e vender produtos para a ilha. Cuba ficou quase isolada do mundo e somente teve apoio da Rússia.

Sob seu comando, Cuba cortou relações com vários países, incluindo os Estados Unidos. Cuba, então, não podia comprar produtos importados de outros países e isso fez com que o país ficasse atrasado e fechado para o mundo. Para se ter uma ideia, a maioria dos carros que circulam lá é da década de 1960.

Seus apoiadores o veneravam e consideravam-no um libertador que havia salvo Cuba de um regime comandado pelos americanos, que lotavam a ilha em suas férias.

Seus críticos, por outro lado, consideravam-no um ditador radical que, com suas políticas comunistas, levou o país ao caos econômico e deixou a população sem dinheiro e sem comida. Fidel sofreu várias tentativas de assassinato e foi acusado de violar os direitos humanos por perseguir os seus opositores.

Em 2006 Fidel passou o cargo para seu irmão, Raúl Castro. Porém, o líder ainda exercia grande poder nas decisões do governo.

O mandato de Raúl acabará em 2018. A grande dúvida é se os novos políticos vão continuar com a forma de governo imposta por Fidel, que começou em 1959.

Entre os bons resultados de Fidel Castro estão o serviço de saúde cubano, considerado um dos melhores da região e o baixo índice de mortalidade infantil, comparável ao dos países mais desenvolvidos.

Cuba ainda é o único país comunista do Ocidente. Todos os outros – assim como o Brasil – são capitalistas.

O país, no entanto, já está mudando. Os jovens são os que mais pedem mudanças. Para se ter uma ideia, até 2015, não havia nem internet para a população. Agora, o governo instalou pontos de wi-fi pela ilha. Muitos querem viajar, pois até pouco tempo era proibido sair da ilha. Outros querem comprar produtos e carros porque até então pouca coisa  era vendida lá e tudo era controlado pelo governo.

REPERCUSSÃO

A morte de Fidel divide Cuba entre os que amam o líder e o que pedem mudanças. Líderes mundiais e a população também comentaram a sua morte.

“Antes da revolução, quando os irmãos Castro derrubaram o governo de Fulgêncio Batista, a população não tinha nada. Minha filha teve estudo gratuito e hoje é professora.”
Juan, cubano, 70 anos

“Espero que a morte de Fidel Castro faça com que a população “desperte e “saia às ruas para pedir liberdade”.
Noelia Pedraza, uma das líderes do grupo Damas de Branco, principal grupo contra o governo de Castro

“Fidel foi um bom presidente, nos deu saúde e educação gratuita.”
José Neves, 15 anos, cubano, em entrevista a TV Globo

Juanita Castro, a irmã de Fidel que há mais de 50 anos brigou com a família e foi morar em Miami, disse que nem vai a Cuba para o funeral do líder cubano.

“Fidel Castro foi um líder de convicções. Marcou a segunda metade do século XX com a defesa firme das ideias em que acreditava”, Michel Temer.

“Espero que Cuba continue avançando no caminho de reformas e que tenha uma prosperidade maior.” Ban Ki-moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU)

“Nesta hora estendemos uma mão de amizade para o povo cubano. A história é quem vai julgar.”
Barack Obama, presidente dos Estados Unidos.

“Um ditador brutal que oprimiu seu próprio povo por quase seis décadas e que deixa um legado de pelotões de fuzilamento, roubo, inimaginável sofrimento, pobreza e negação de direitos humanos básicos”.
Donald Trump, presidente eleito dos EUA

Foto: Estudios Revolución