MIS leonardo da vinci
Renata Shimabukuro e Diego Santos trabalham no MIS Experience, que está recebendo a exposição Leonardo da Vinci - 500 Anos de um Gênio. Foto: divulgação

Por Cristina S., 12 anos, Lorena A., 10 anos, e Murilo M., 10 anos

Leonardo da Vinci foi um pintor, engenheiro, músico, arquiteto, matemático e escritor que nasceu em Florença, na Itália, em 1452. Ele é muito conhecido por ter pintado Mona Lisa, um dos quadros mais famosos da história, e por ter desenvolvido diversos projetos inovadores para a época, como um rascunho de helicóptero.

Para que o público brasileiro possa conhecer um pouco mais sobre a vida e os trabalhos de Da Vinci, o MIS Experience, espaço cultural localizado na cidade de São Paulo, recebe, até março, a exposição Leonardo da Vinci – 500 Anos de um Gênio, que reúne pinturas, rascunhos de projetos e documentos escritos pelo artista italiano.

Nós, Cristina e Lorena, entrevistamos Renata Yumi, 39 anos, gerente de gestão institucional e corporativa do MIS Experience, e Diego Henrique de Souza Santos, 28 anos, que trabalha no setor educativo, atendendo o público da exposição.

Eles nos contaram o que fazem no cotidiano e sobre a trajetória deles. Também nos revelaram diversos fatos e curiosidades a respeito da exposição: como as cópias dos objetos foram reproduzidas e como a empresa australiana Grande Exhibitions e o Museo Leonardo da Vinci, de Roma, na Itália, criaram a mostra ao longo de dez anos.

Qual é o seu nome completo, sua idade e onde você nasceu?

Renata: Renata Yumi Shimabukuro, 39 anos e nasci em Santo André, em São Paulo, na região do ABC.

Diego: Diego Henrique de Souza Santos, tenho 28 anos e nasci em Atibaia, São Paulo.

Quando você começou a trabalhar no MIS?

Renata: Eu comecei a trabalhar aqui em dezembro de 2019

Diego: Eu comecei a trabalhar no começo da exposição, no início de novembro.

Como gerente de gestão institucional e corporativa do MIS Experience, explique o que você faz no museu no dia a dia.

Renata: No dia a dia eu faço bastante coisa. Eu sou a responsável por cuidar de toda a parte de organização, de tudo o que vocês não veem dentro da exposição, na parte dos bastidores. Tem muita coisa acontecendo por trás das cortinas, e eu sou a pessoa responsável por gerenciar todas as equipes que são envolvidas aqui no museu. Então, toda a parte relacionada com bilheteria, monitoria, contratos, finanças e por aí vai… Eu faço o gerenciamento dessa parte que fica atrás da exposição.

E você, Diego, explique o que faz aqui.

Diego: Eu sou do educativo. O educativo do MIS Experience trabalha com o atendimento ao público, com produção de atividades, promoção de oficinas, desenvolvimento de mecanismos de mediação. A gente lida com o público de maneira geral, desde a recepção.

Este é seu primeiro trabalho em um museu? Onde mais trabalhou antes daqui?

Renata: Sim, é o meu primeiro trabalho em museu, mas já trabalhei com produção de televisão, eventos. Trabalhei muitos anos na TV Cultura, com produção. Fiz um mestrado internacional, fui trabalhar com a parte de interatividade, redes sociais e depois com a parte de negociações internacionais, comunicação. Pela minha idade vocês podem perceber que eu já trabalhei bastante [risos]. Tenho 20 anos de carreira.

Diego: É o meu quarto trabalho em museu. Antes, eu trabalhei na Bienal de Arte Contemporânea na 21ª edição, no Paço das Artes e no Museu da Cidade de São Paulo.

O que fazia na TV Cultura e por quanto tempo trabalhou lá?

Renata: Na TV Cultura foram duas fases: primeiro fiquei sete anos, fazendo produção, comecei como estagiária e depois virei coordenadora. Então, eu fui fazer o mestrado e, quando voltei, fiquei mais um período de dez anos.

Em sua experiência profissional, qual foi o evento mais marcante para você?

Renata: Para mim foi um projeto específico, chamado Incluir Brincando, da Vila Sésamo, que lida justamente com o público infantil. Fizemos esse projeto de inclusão para as crianças com as escolas. Preparamos um material interativo para as crianças aprenderem como respeitar o outro amiguinho que tem algum tipo de necessidade especial.

E esse projeto foi indicadoao International Digital Emmy como um dos melhores projetos interativos para crianças e jovens. Então, isso me marcou bastante, porque eu fui representar a TV Cultura lá em Cannes, na França. Infelizmente, não ganhamos, mas já foi uma vitória para todos nós receber essa nomeação. Foi emocionante!

Diego: Acho que todas as experiências profissionais acabam marcando de alguma maneira, principalmente quando você trabalha com educação, que é uma área muito vasta e com muitas possibilidades. Acho que eu citaria como determinante e bem transformadora a experiência da Bienal de Arte Contemporânea. Eu aprendi muitas coisas que levei não só para o lado profissional, como para a vida.

O que te inspirou a seguir essa área profissional? Conte como foi sua trajetória desde quando era estudante.

Renata: Para mim aquilo que de fato me motiva e me fez seguir toda essa trajetória é saber que eu estou [realizando] uma missão. Que o meu dia a dia, a minha profissão, está tocando a vida de outra pessoa, está trazendo algo novo e ajudando a transformar a vida de alguém. E querendo ou não, trabalhando muitos anos na TV Cultura a gente tinha essa missão muito clara: “Nós vamos fazer programas ou projetos de qualidade que contribuam para a formação do cidadão brasileiro”. E o que me fez aceitar a proposta de vir para o MIS foi justamente essa questão de ser um novo tipo de trabalho e, principalmente, por conta do impacto que o museu propõe de trazer exposições que possam educar. Eu acho isso muito importante!

Diego: Desde muito cedo, eu descobri que gostava de gente e talvez, como vocação, lidaria com pessoas. Nunca me projetei em um trabalho que não precisasse lidar com pessoas, então, depois de um recorte, acabou sendo uma escolha natural. Eu acredito muito no potencial da educação, acho que ela é o caminho para a transformação da sociedade, então trabalhar com isso [no setor educacional] é um desdobramento do que eu acredito.

De onde veio a ideia do MIS Experience? Quando foi criado?

Renata: O MIS Experience foi inaugurado no dia 2 de novembro de 2019 e a inspiração mesmo foi trazer algum diferencial para as exposições que já estavam disponíveis, principalmente em São Paulo e no Brasil como um todo. E ele veio para complementar os bons projetos que o Museu da Imagem e do Som (MIS), do Jardim Europa (SP), já estavam fazendo lá, mas com uma proposta diferente, como a sala de projeções, que nós chamamos de Sala Imersiva, para você mergulhar no mundo das artes com outro tipo de estímulo. Esta é a proposta do MIS Experience: trazer exposições que estimulem outras partes sensoriais das pessoas, não só o olhar e a audição, e sim algo multissensorial.

De onde é a empresa que montou a exposição? Foi encomendada por quem?

Renata: A gente fez uma parceria com a Grande Exhibitions, uma empresa australiana. Eles fecharam uma parceria muito grande e muito forte com o Museo Leonardo da Vinci, da Itália, e fizeram uma longa pesquisa, por dez anos, sobre a vida e obra do artista. Foram convidados, pelo museu, artesãos italianos para reconstruir todos os projetos que o Da Vinci havia pensado.

A Grande Exhibitions é especialista em tecnologia e em novas formas de mostrar os projetos, e isso foi unido às pesquisas do Museo Leonardo da Vinci. Então, os dois trouxeram essa proposta de uma exposição interativa e multissensorial, e o MIS foi atrás daquilo que estava disponível de diferente, não só no Brasil, como no mundo para conseguir estrear esse espaço de uma forma bem inovadora e impactante.

É a primeira exposição do MIS Experience? Se sim, como você se sente com esse projeto?

Renata: Sim, essa é a nossa exposição de abertura. É um grande orgulho, pois vemos que as pessoas entram com certa expectativa e, por conta de toda a divulgação da mídia, elas poderiam sair decepcionadas. Mas não, recebemos um retorno especial do público. As pessoas saem emocionadas e descobrem coisas novas sobre Leonardo da Vinci. Nós ficamos muito orgulhosos.

Diego: Está bem interessante o processo. É um contato bastante intensivo, pois temos uma possibilidade grande de produzir criativamente. O educativo tem produzido bastante coisa, somos uma equipe muito versátil e bem capaz.

Em sua opinião, qual a melhor obra do Da Vinci?

Renata: Que difícil! [risos]. Não vou dizer qual é a melhor obra do Da Vinci na sua trajetória global, pois ele tem várias coisas. É um universo gigantesco! Mas quando eu visitei a exposição pela primeira vez, fiquei impressionada com o caráter de inventor que ele tinha. Como, naquela época sem internet e coisas assim, ele conseguia ser tão inventivo e futurista de pensar em coisas que não existiam na época dele. O olhar futurista dele é surpreendente.

Diego: Uma obra que sempre me chama muito a atenção é A Cidade Ideal, porque a gente pode arriscar dizer que ele estava fazendo um planejamento de trabalho público, de planejamento urbano. Gosto também do quadro São João Batista, acho que é uma representação afetiva do Leonardo, e o que a gente faz com afetividade, faz bem.

Por quais países a exposição passou antes de chegar ao Brasil?

Renata: Foram vários. Ela tem uma versão reduzida no Museo Leonardo da Vinci, na Itália.

A exposição foi feita em parceria com Museo Leonardo da Vinci, de Roma. Como foi feito o contato com a instituição?

Renata: O contato foi a Grande Exhibitions, porque ela que é a detentora dos direitos de negociação sobre a exposição.

Para qual público foi feita essa exposição?

Renata: Para um público bem familiar e diversificado. Porque a obra do Leonardo da Vinci, principalmente a Mona Lisa é conhecida por diversas faixas etárias e públicos muito distintos. Então, quando a instituição resolveu trazer essa exposição para cá, foi pensando em um público muito diversificado.

Qual é a exposição que você sonha em organizar um dia?

Renata: Temos tantas possibilidades e o mundo da imersão e da interatividade é tão rico… Existe algumas propostas na Ásia que são muito interessantes, de projeções interativas, diferente das que temos no MIS. E não tem fronteiras, existe um universo muito grande de propostas não exploradas, gostaria muito de elaborar algo inédito que fosse desenvolvido no Brasil mesmo, com a nossa diversidade cultural.

Diego: Gosto da ideia de democratização de espaços. Acho que é um trabalho para a educação e para a cultura organizar, e podemos dizer com tranquilidade que esse é um campo que ainda tem muito espaço para ser desenvolvido. Mas eu gosto também de ideias que não são sempre vistas, gosto de imaginar trazer outras narrativas à luz, essas que não estão sempre visíveis. Gostaria de trazer outros nomes e rostos. Acho que seria importante.

Se hoje tivesse que escolher novamente uma profissão para seu futuro, qual seria?

Renata: Eu me sinto muito feliz com as coisas que estou realizando, não vejo uma trajetória muito distinta dessa que percorri até agora. Durante toda a minha carreira, sempre tive desafios, mas que foram muito bons e gratificantes. Acho que quero continuar assim. Não quero mudar muito drasticamente [risos].

Diego: Eu também estou satisfeito com o que eu escolhi, mas eu trabalharia com gente de outra maneira. Não me vejo fazendo outra coisa da vida.

É muito difícil o trabalho de vocês?

Renata: Acho que nada é muito difícil quando você faz com amor. As dificuldades sempre existem, em qualquer trabalho. Não existe um trabalho bem-feito que seja fácil; sempre que você se propõe a fazer algo com cuidado e carinho, terá alguns desafios, mas, se você tiver dedicação, terá a paciência e perseverança para continuar da melhor forma possível.

Como foi feita a disposição das obras no MIS?

Renata: A proposta foi construída com os diferentes parceiros, então a Grande Exhibitions e o Museo Leonardo da Vinci já tinham as possibilidades de objetos, de projeções que poderiam ser usadas no espaço. E, com o MIS, foi debatido qual seria a melhor estrutura e quais seriam as melhores obras que a gente poderia trazer para o Brasil.

Mas há outras exposições em que a disposição é feita por temas ou é construída do zero, conversando com um artista específico ou trazendo outros artistas, como é o caso da Bienal. Então há um trabalho de curadoria em que o curador vai em busca de artistas que tenham ou criem obras exclusivas para a exposição. São diversas formas de planejar.

Diego: A parte expográfica está muito relacionada com a cabeça pensante da exposição. Pode ser um curador, uma equipe de curadores. É bastante relativo.

A exposição do Leonardo da Vinci teve um curador aqui em São Paulo?

Renata: Não, ela veio com a curadoria externa.

Quanto tempo demora para fazer uma exposição?

Renata: Depende muito. Para trazer toda a estrutura da nossa exposição foram cerca de três meses. Mas existem outras que levam até anos.

Quanto tempo dura uma exposição em média?

Diego: Também depende. Aqui em São Paulo, o tempo médio de uma exposição é de dois a três meses. Mas há também as exposições permanentes, as de acervo, e aí é outra dinâmica.

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Comentários (1)

  • Leitores do Joca participam da oficina de férias - Jornal Joca

    4 anos atrás

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