Mais de 5 milhões de crianças terminaram o ano de 2020 sem ter acesso aos estudos no Brasil. Delas, quatro a cada dez tinham de 6 a 10 anos. A conclusão é de um levantamento do Fundo das Nações Unidas Para a Infância (Unicef), em parceria com o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec Educação), divulgado em 29 de abril. A faixa etária entre 6 e 10 é a mais afetada pela exclusão escolar. Antes da pandemia, o número de crianças dessa idade sem acesso à educação era muito baixo. “Crianças de 6 a 10 anos sem acesso à educação eram exceção no Brasil, antes da pandemia”, afirma Florence Bauer, representante do Unicef no país, em nota oficial sobre o estudo.

A mudança pode impactar toda uma geração de crianças e adolescentes, concluiu o levantamento. “São crianças dos anos iniciais do ensino fundamental, fase de alfabetização e outras aprendizagens essenciais às demais etapas escolares. Ciclos de alfabetização incompletos podem acarretar reprovações e abandono escolar”, observa Bauer.

Os mais de 5 milhões de jovens entre 6 e 17 anos sem escola representam 13,9% dos estudantes dessa faixa etária em nosso país. O número é parecido com o registrado no início dos anos 2000. Ou seja, o Brasil corre o risco de regredir duas décadas nos avanços no acesso de crianças e adolescentes à educação.

Do total de 5,1 milhões de jovens sem aula, quase 1,5 milhão não frequentavam a escola a distância nem presencialmente. Além deles, 3,7 milhões estavam matriculados, mas não tiveram acesso a atividades escolares e não conseguiram seguir com as aulas remotas.

Crianças de 6 a 17 anos sem estudos, segundo a pesquisa

6 a 10 anos: 41%
11 a 14 anos: 27,8%
15 a 17 anos: 31,2%

Desigualdades
As regiões Norte (28,4%) e Nordeste (18,3%) foram onde mais crianças ficaram sem escola. No Sudeste (10,3%), Centro-Oeste (8,5%) e Sul (5,1%) os percentuais são menores. A maioria das crianças sem estudos (71,3%) é formada por indígenas, pretos e pardos.

“Os números são alarmantes e trazem um alerta urgente”, diz Bauer. “É essencial agir agora para reverter a exclusão.” Para resolver o problema, o relatório traz as seguintes recomendações:

  • Buscar crianças e adolescentes que estão fora da escola para que voltem a ter aulas;
  • Garantir acesso à internet para todos os alunos e professores;
  • Fazer campanhas de comunicação em emissoras de TV, rádio e internet incentivando a matrícula na escola.

Fontes: CartaCapital, G1 e Unicef.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 170 do jornal Joca.

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Comentários (1)

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    1 ano atrás

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