Há muito mais no teatro do que artistas no palco e uma plateia assistindo. Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) — série de recomendações do governo sobre o que deve ser ensinado nas escolas — ele é capaz de promover vivências coletivas por meio de jogos, improvisações, atuações e encenações, “[…] possibilita a intensa troca de experiências entre os alunos e aprimora a percepção estética, a imaginação, a consciência corporal, a intuição, a memória, a reflexão e a emoção”.

Por tudo isso, muitos colégios oferecem o teatro de maneira obrigatória — assim como disciplinas de português, matemática e história. É o caso da Escola St. Nicholas, em São Paulo (SP), em que todos os anos (com exceção dos dois últimos do ensino médio) têm a disciplina de teatro na grade curricular. Além disso, há uma matéria optativa para quem deseja participar de uma peça que é produzida anualmente. “A gente mistura as diferentes idades, e os alunos saem de suas bolhas e aprendem com mais velhos e mais novos”, conta a professora de teatro Angel Robinson, que dá aula para as turmas do ensino fundamental I.

Angel faz diversos jogos teatrais, de acordo com a faixa etária de cada grupo. “Para os mais novos, a gente trabalha muito com contação de histórias; os alunos criam os personagens com o corpo enquanto o professor narra”, explica. “Conforme a idade vai aumentando, eles trazem o que é deles para a cena, criando e atuando nas histórias.”

Para Alice O., 11 anos, o teatro é uma maneira de fazer novos amigos e ajudá-la a se expressar melhor. Maria Julia M., 12 anos, também gosta de socializar com a aula. “O teatro é muito importante para mim, porque, desde pequenininha, eu sempre gostei de atuar e estar no palco”, conta.

O teatro como um processo
Em Salvador (BA), a rede municipal de educação determina que duas horas semanais devam ser ocupadas por, pelo menos, uma das disciplinas de artes visuais, dança, música e teatro Poliana Bicalho é produtora cultural e professora de teatro no ensino fundamental I de duas escolas municipais na capital baiana: Senador Antônio Carlos Magalhães e Paroquial da Vitória. Suas aulas buscam dialogar com as outras disciplinas e são voltadas mais para o processo do que para o resultado. “Quando é para fazer uma apresentação, eu falo que todo mundo tem que ensaiar e, no dia, apresenta-se quem quer”, explica.

#pracegover: ilustração mostra um grupo de crianças no centro de uma sala. Atrás, há um palco com várias pessoas se apresentando e, ao redor, pessoas assistindo. Crédito de imagem: DreamStudio by Stability.ai

Poliana costuma trabalhar com movimentos corporais, fazendo com que os estudantes saiam da carteira, e aproveita o espaço para tratar de questões como gênero e raça. A professora, porém, encontra algumas dificuldades, como infraestrutura, pouca oportunidade para levar os estudantes para assistir a uma peça e falta de materiais didáticos que contemplem o teatro.

Beatriz Antônia, 10 anos, aluna de Poliana, relembra momentos que vivenciou com a prática: “O teatro é importante para mim porque é bom para a gente se desenvolver. Eu gostei das atividades de Dandara na Terra dos Palmares [peça que retrata o racismo de modo lúdico] e do marinheiro, que fizemos ano passado, pois ajudaram a me expressar melhor”.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 211 do jornal Joca.

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