Estudantes do CCInter Martin Luther King dançam maculelê. Crédito de imagem: Assciação ProBrasil/reprodução

“Eu era um menino muito atentado, eu fazia muita bagunça. Depois que comecei a fazer dança, eu dei uma acalmada. Mudou a minha vida!” Essa é a importância que Márcio, de 14 anos, atribui às aulas de dança de que participa. O estudante frequenta o Centro de Convivência Intergeracional (CCInter) Martin Luther King, em São Paulo (SP), um espaço para crianças, adolescentes e adultos que oferece oficinas, alimentação e outros projetos.

Tudo isso é gerido pela Associação ProBrasil, organização sem fins lucrativos que realiza ações socioeducativas em comunidades periféricas. É lá que Márcio começou a praticar o maculelê, dança de origem afro-brasileira feita com bastões de madeira e vestimentas específicas.

Segundo Diógenes Argueles, técnico especializado do CCInter, o maculelê é um dos elementos da capoeira e representa a resistência da cultura negra. “Trabalhar toda essa cultura com uma nova geração é quebrar com o racismo e até mesmo educar os mais velhos, por meio dos jovens”, diz. O técnico explica, ainda, que a prática contribui para o desenvolvimento das coordenações motora, corporal e cognitiva dos alunos, além de trazer maior senso de disciplina.


“Para mim, não foi muito difícil aprender a dançar o maculelê. A primeira coisa que aprendi, quando comecei a frequentar aqui, foi a capoeira, há um ano.”

Felipe, 13 anos.

“Eu sou mais de dançar com os amigos do que sozinho, é melhor para praticar.”

Kaynan, 13 anos.

“Eu adoro muito o maculelê, faço há mais ou menos um ano. Eu conheci o maculelê porque entrei aqui e fiz capoeira.”

Átila, 11 anos.

“Foi fácil aprender o maculelê, mas algumas coisas foram mais difíceis, tem uns passos que são mais complicados.”

Gabrielle, 9 anos.

Cultura do movimento

A dança também está presente na Escola PEI Dr. Hélio Motta, em São Paulo (SP), por meio das aulas semanais de cultura do movimento, oferecidas duas vezes na semana, do 1º ao 5º ano. De acordo com as professoras Ana Gomes, Débora Rodrigues e Renata Senine, a disciplina combina aulas teóricas e práticas, complementando o trabalho feito em educação física, porém com aspectos mais artísticos e culturais.

As turmas do 4º e 5º ano, por exemplo, trabalham desde o primeiro semestre os diferentes gêneros musicais. Os alunos fizeram um levantamento dos ritmos que conhecem e votaram em cinco para ser trabalhados em sala (funk, forró, piseiro, samba e pop). Depois disso, estudaram a história de cada gênero escolhido, selecionaram uma música e montaram, coletivamente, uma coreografia para ser apresentada.

“Já no segundo semestre, eu escolherei alguns ritmos mais desconhecidos para trazer a eles”, conta Renata. Em outubro, cada sala ficará responsável por apresentar a dança de uma música completa de um dos ritmos estudados. “Eu gostei de dançar sertanejo, sou uma pessoa muito interativa e gosto de me mexer”, conta Bianca R., aluna do 5º ano C.

“[Eu gostei de aprender] o samba, porque eu acho muito animado.”

Michael S.

“Gosto de k-pop, é um ritmo muito bom de se dançar. [Eu gostei do projeto], porque é uma coisa muito criativa e também porque gosto muito de dançar.”

Taila Maria F.

“O ritmo que eu mais gostei de aprender foi o funk, porque é um estilo de música que eu gosto muito e também porque é um dos ritmos que as pessoas mais escutam nestes tempos.”

Nicole S.

“Eu gostei de aprender forró, porque é muito legal e tem um estilo mais elegante.”

Brian R.

Dança folclórica

Danças folclóricas são expressões populares e tradicionais da cultura de um povo que unem vestimentas, instrumentos e ritmos específicos. No Brasil, há uma diversidade delas, como é o caso do frevo, quadrilha, xaxado e fandango. Na Escola PEI Josué Benedicto Mendes, em Osasco (SP), as turmas do 6º ano trabalharam alguns desses ritmos no segundo bimestre com a professora de Artes Olivia Maria Meireles. “A dança é uma manifestação da nossa alegria, nós transmitimos aquilo que estamos sentindo, e a dança folclórica nos traz isso”, declara a professora. A sala foi dividida em grupos, e cada um teve de escolher uma dança para estudar, montar uma coreografia e apresentar para os demais colegas. “Por que trabalhar com vídeos da internet se eu posso fazer com que eles mesmos expliquem uns para os outros, fazendo ainda com que deixem o corpo bailar?”, diz. Rafael, de 12 anos, fez parte do grupo que estudou carimbó, dança típica do Pará. Ele não conhecia o ritmo, mas gostou bastante de aprender. “Eu achei muito bom, porque a gente movimenta o corpo e se expressa transmitindo sentimentos. Isso é muito novo para mim. Quando dançamos sozinhos, acho que fica até um pouco mais triste, mas com os amigos parece que fica mais alegre.”

“Foi muito legal, dançar traz alegria.”

Christyan.

“Eu achei interessante o jeito como a gente se mexe e se solta no carimbó. O balanceio da saia também é muito legal. A professora tentou pensar em uma dança que não desse muita tontura, porque a gente gira bastante. E não deu, não.”

Emilly, 11 anos.


“Eu nunca tinha dançado antes, mas achei a cultura do carimbó e os movimentos dele muito interessantes. Foi um pouquinho difícil, mas depois eu fui pegando o jeito.”

Stella, 12 anos.

“Eu já tinha dançado antes, porque eu sou de Pernambuco e lá a gente faz muito carimbó, então eu já tinha praticado essa dança por um ano. Minha mãe achou muito legal [nós termos estudado o carimbó], porque assim eu consigo restaurar a minha cultura.”

Ashila, 11 anos.

“Eu achei muito legal. Nós conseguimos mostrar vários sentimentos por meio da dança. O carimbó é uma dança mais alegre, que podemos fazer quando estamos superfelizes ou com os amigos. Eu já tenho contato com a dança, eu fazia balé e gostava muito, queria aprender a ficar na ponta [do pé] e hoje eu sei.”

Ana Júlia, 11 anos.

“É uma dança boa para transmitir sentimentos por meio de coreografias. É bem legal. As saias que usamos para dançar, algumas nós compramos, outras costuramos e customizamos. A gente pegou vários tecidos que eram de roupas diferentes e juntou. A minha saia, foi minha avó quem me deu.”

Manuella, 11 anos.

*ATUALIZADO EM 9 DE AGOSTO, ÀS 10H30

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Comentários (1)

  • Samara Amaral de Oliveira

    1 mês atrás

    Eu também amo dança 💖

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