Prática em anos primários ajuda na compreensão de mundo
O MOMENTO de uma refeição coletiva pode ser muito bom para conversar, compartilhar, ouvir quem está à mesa. E se a comida consumida foi feita por quem a come, melhor ainda — conhecer mais sobre os alimentos e como são preparados, observando como são transformados até chegar ao prato, é um estímulo para adquirir hábitos alimentares mais saudáveis.
No Colégio Albert Sabin, localizado na zona oeste de São Paulo, o projeto Cozinha Experimental traz a experiência da culinária para crianças da educação infantil e alunos do 1º ao 5º ano. Para muitos deles, é o primeiro contato com novas texturas, aromas e receitas, incluindo principalmente pratos saudáveis, que afastam a ideia de que comidas naturais não podem ser saborosas.
“A cozinha experimental é o primeiro laboratório da infância, um espaço de descobertas e aprendizagens científicas. É muito importante nutrir essa curiosidade, ampliar o paladar, desmistificar alguns alimentos e entender que é possível uma alimentação saudável e gostosa”, explica Silvia Adrião, coordenadora da educação infantil do Albert Sabin. O projeto Cozinha Experimental faz receitas de sorvete de brócolis, cupcake (bolinho) de banana, smoothie (suco cremoso) de pitaya e muito mais.
“O que eu mais gostei de fazer foi o macarrão colorido. Quando eu coloquei limão, o macarrão ficou verde”, conta Sara F., de 5 anos. Um ponto importante da iniciativa é a relação da culinária com diversas áreas do conhecimento. Por exemplo, após estudar sobre biologia marinha, na aula de ciências, os estudantes prepararam receitas com algas.
Essa correlação dos saberes também aconteceu no Estudante Gourmet, realizado no CEU Emef Prof. Paulo Gonçalo dos Santos, em Balneário São Francisco, SP. O Estudante Gourmet fez parte do Projeto de Apoio Pedagógico (PAP), de reforço para os estudantes. Alunos do 3º ao 6º ano interpretaram receitas, compraram ingredientes no mercado e na feira e prepararam um almoço para pais e convidados.
“No Estudante Gourmet, o professor de matemática trabalhou, por exemplo, proporções e medidas. Já o de geografia propôs um estudo de receitas regionais”, explica Lucimara Gabriel, professora do PAP e uma das idealizadoras da ação. O projeto teve impacto positivo nos alunos que tinham dificuldades. “A parte mais legal de participar do Estudante Gourmet foi poder escolher os ingredientes, comprar e preparar com os professores e até com os familiares — inclusive a minha mãe estava lá [no dia do almoço]. O que eu mais gostei de preparar foi o escondidinho de frango”, conta Ketelin S., de 11 anos, do 6º ano.
Memória afetiva alimentar
Para Silvia, do Colégio Albert Sabin, o contato com a culinária durante a infância reforça a criação de memórias afetivas relacionadas à alimentação. Receitas de família e lembranças pessoais são compartilhadas com os amigos durante as aulas. “Cada criança trouxe uma receita que fosse da família, que tivesse uma história especial, dos avós, madrinhas, pais. Depois, a gente convidou essa pessoa para compartilhar a história daquela receita com a turma.”
No CEU Emef Prof. Paulo Gonçalo dos Santos, esse tema também surgiu nas aulas de culinária. “Nas conversas, os estudantes costumam lembrar: ‘Nossa, professora, minha avó faz o melhor cuscuz do mundo’. E aí conseguimos trabalhar essas recordações”, ressalta Lucimara.
FONTE: SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO.
Esta matéria foi originalmente publicada na edição 225 do jornal Joca.
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