Crédito de imagem: ondacaracola photography/Getty Images/reprodução

A chegada do outono, ainda em março, marca o momento em que governos municipais e estaduais de todo o Brasil dão início a mais um ciclo de ações de proteção contra o frio, que têm como objetivo acolher, doar roupas e cobertores a populações vulneráveis. Quanto mais o inverno se aproxima (a estação começa em 21 de junho), mais essas iniciativas são intensificadas.

Em maio, por exemplo, a Prefeitura de São Paulo (SP) identificou três pessoas em situação de rua que faleceram em consequência do frio, o que fez com que o governo municipal reforçasse as operações de acolhimento dessa população. O mesmo foi feito pela Prefeitura de Curitiba (PR), que lançou, em 16 de maio, a Operação Inverno e a Campanha do Agasalho 2023.

Os governos, no entanto, não são os únicos a promover tais ações. Organizações Não Governamentais (ONGs), instituições privadas e até mesmo escolas articulam uma série de iniciativas que buscam amenizar o impacto do frio na população. No bairro da Mooca, na capital paulista, a Associação Mooca Solidária atua, desde 2013, no recebimento e doação de diversos itens para aqueles que mais precisam. “Hoje nós temos várias frentes, como o bazar, a cozinha solidária, um ateliê de costura e o centro de atendimento psicológico”, diz Moisés Naif, um dos idealizadores do projeto.

Erica Luque é moradora do bairro e mãe de gêmeos, Pietro e Júlia, de 12 anos. Ela conta que se tornou voluntária da ONG recentemente e conseguiu, por meio da entidade, colocar caixas de doação de agasalho na escola dos filhos. Para Pietro, organizar ações como essa dentro do colégio é importante para conscientizar estudantes e funcionários sobre a importância de doar roupas que estejam sem uso. “As pessoas começam a pensar a respeito e, se entendem que tem gente precisando mais do que elas, (…) começam a ajudar nessa causa”, explica Júlia.

Nos colégios do Grupo Positivo, os estudantes podem participar de uma disciplina optativa chamada “Humanizando-se: sorrir é o melhor remédio”. De acordo com Lucimeire Fedalto, coordenadora do ensino médio no Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento do grupo, a intenção é mobilizar os alunos ao voluntariado. As turmas, por exemplo, arrecadam roupas e cobertores em todo o colégio para destinar a instituições que o grupo apoia.

“Quando vamos às instituições conversar, alegrar e divertir as crianças, estamos mostrando um pouquinho da solidariedade que as pessoas podem dar a elas, já que muitas vezes elas não recebem o acolhimento necessário no lar. Achei que só as crianças precisavam ser acolhidas, mas receber um sorriso sincero de alguns deles me acolheu também.”

Julia G., 14 anos, Curitiba (PR)

Rafaela E., 15 anos, mora em Curitiba (PR) e faz parte da optativa. Ela diz que participar de ações como essa faz com que ela se sinta completa. “Eu acredito que em um mundo como o nosso, onde cada vez mais a agressividade e o egoísmo vêm se tornando protagonistas das ações humanas, é de extrema importância que pessoas como nós tentem deixar a vida dos outros mais leve e alegre”, completa.

“Participar de campanhas e projetos solidários é uma experiência única. Poder contribuir para alguém ter uma qualidade de vida melhor, tirar sorrisos de crianças e ensinar algo são atitudes que transformam não só o dia a dia dessas pessoas, como também o dos voluntários. Perceber a diferença que podemos fazer na vida de alguém com pequenos gestos traz satisfação a qualquer um. Compreender a importância dessas atitudes colabora para a ampliação do alcance de projetos como o que estamos realizando.”

Mariana M., 16 anos, Curitiba (PR)

“Esse trabalho voluntário sem dúvida mudou minha vida. Por mais que as ações sociais pareçam ser algo pesado e desgastante, pois envolvem criar atividades, organizar arrecadações e solucionar contratempos, foi por meio delas que me tornei uma pessoa mais comunicativa, responsável, empática, paciente, proativa e, principalmente, mais humanizada; pois ao conhecer outras realidades, percebi quão privilegiada eu sou e a importância de usar desse privilégio para ajudar quem não tem a mesma condição. Além disso, a diversão de estar com meus amigos enquanto ajudo outras pessoas é algo indescritível, trazendo experiências maravilhosas e tornando os meus últimos anos na escola muito mais leves e incríveis. Por isso acredito que todos os alunos precisam dessa experiência para adquirir um ensino completo, já que, só com o trabalho voluntário, um jovem pode compreender e se preparar muito melhor para o mundo ao seu redor.”

Nicole F., Londrina (PR), 16 anos

Enquete

Sobre qual assunto você gosta mais de ler no portal do Joca?

Comentários (0)

Compartilhar por email

error: Contéudo Protegido