Por Larissa Mariano

“Eu sou um menino/ Que precisa de dinheiro/ Mas pra ganhar de sol a sol/ Eu tenho que ser bananeiro / Pois eu gosto muito/ De andar sempre na moda”, diz um trecho da música “O Vendedor de Bananas”, do cantor Jorge Ben Jor. Com essa canção, Luiz Ribeiro dos Santos, professor da disciplina eletiva (matéria optativa para os estudantes) de educação financeira na Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Apolônio Sales, no Recife, Pernambuco, conversa com os alunos sobre possibilidades e sonhos que podem ser alcançados por meio do planejamento financeiro. 

Nas duas aulas semanais, os estudantes aprendem não só questões da matemática financeira (cálculo de juros, por exemplo), como, principalmente, desenvolvem um olhar social e pessoal sobre o significado do dinheiro e seu uso. “Temos falado de sonhos, orçamento familiar, orçamento pessoal e muito mais.”

Para o professor, durante esse período de aprendizagem, os jovens passaram a se interessar mais pelo estudo da economia e pela relação com o dinheiro. “Chamamos a atenção, inclusive, para as potencialidades pessoais, para trazer para eles a certeza de que podem, sim, construir uma vida próspera.” 

Já para os alunos, as aulas mostram um mundo de oportunidades a partir da organização econômica. “Muitas vezes não temos essa educação em casa, então aprender na escola é uma dádiva. Hoje sei como me organizar e economizar com certas coisas, para prevenir imprevistos”, afirma Maria C., de 18 anos.

Finanças desde cedo 

No Colégio Santa Maria, em São Paulo, os alunos do 6° ao 9° ano já começaram a aprender as melhores formas de planejar um negócio, entender o funcionamento de aplicações financeiras e o impacto social que existe por trás de cada decisão econômica, seja ela tomada em âmbito pessoal ou governamental. Carla Afonso, professora de matemática, explica que a educação financeira foi introduzida de maneira permanente na grade curricular, como parte da disciplina de matemática. 

No 8° ano, Carla aliou o estudo financeiro a um projeto interdisciplinar (que envolve outras matérias, como geografia, ciência da natureza e língua portuguesa) já existente, o Ações Empreendedoras. Na atividade, os estudantes têm que “abrir um negócio” do ramo alimentício (como pizzaria ou produção de marmitas). A partir disso, pesquisam sobre o que é uma MEI, fazem planilha de custos, calculam o lucro e pensam na logística — tudo para apresentar no trabalho final. O projeto, segundo ela, foi um modo eficaz de aproximar os estudantes do mundo financeiro. “Muitos não sabiam a diferença entre crédito e débito”, diz.

Aprendemos muitos conceitos financeiros, como consumo sustentável, influências da mídia e, principalmente, como lidar com o nosso dinheiro”, afirmam Beatriz F., Pietra P., Bruna B. e Julia N., integrantes de 13 anos do grupo Eco Snacks. “Achamos que o ensino financeiro deve acontecer no começo da juventude, já que teremos que lidar com o gerenciamento do nosso dinheiro pensando no futuro”, concluem Catarina S., Clara R., Gabriela B., Victoria R. e Yumi S., de 13 anos, e Laura H., de 14 anos, integrantes do grupo Hagos.

Além da matemática financeira e do projeto interdisciplinar, são abordados outros temas e situações econômicas que envolvem dinheiro. “Levamos essa discussão para além do mercado financeiro”, finaliza Carla.

GLOSSÁRIO

MEI: sigla para microempreendedor individual. O MEI tem um registro jurídico específico e facilitado, voltado a profissionais autônomos que abrem uma empresa.

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