Texto pede por projetos que estudem supostos sentimentos para além da raça humana
No dia 19 de abril, foi assinada, na Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, a “Declaração de Nova York sobre a consciência animal”, que pede a discussão e criação de projetos de estudo a respeito da existência de consciência nos animais.
É definida como consciência a capacidade de experienciar sentimentos que se estendem para além do instinto de sobrevivência, incluindo atividades mais subjetivas, como brincar e vivenciar emoções.
Segundo a declaração, que inclui répteis, peixes e insetos, além de mamíferos (primatas, por exemplo, sempre foram vistos como os animais mais prováveis de ter uma consciência similar à humana), novos estudos mostram que os bichos são capazes de esboçar reações ou prever acontecimentos de acordo com experiências passadas. Em estudos realizados entre 2019 e 2023, publicados na revista científica da Academia Nacional de Ciências dos EUA, experimentos evidenciaram que peixes conseguiam perceber que estavam com uma marca e tentavam limpá-la após ver o próprio reflexo no espelho — o que pode ser considerado um sinal de consciência.
Outras análises científicas citadas pelo documento incluem abelhas aparentemente brincando com pequenas bolas de madeira, realizando a atividade sem nenhuma justificativa de sobrevivência ou reprodução; polvos que evitam situações que trazem dor; e corvos que identificam figuras específicas. Tudo isso faz parte do que a declaração aponta como uma manifestação da consciência fenomenal, o nível mais baixo de percepção do cérebro.
Trinta e nove representantes científicos, de diversos países, assinaram o documento. Eles admitem que ainda não existem provas sufi cientemente concretas para atestar que os bichos têm consciência, mas acreditam que haja indícios claros o bastante para que a possibilidade seja levada a sério e mais estudada, buscando uma definição científica exata da consciência animal.
FONTES: ESTADÃO, GALILEU, THE NEW YORK DECLARATION ON ANIMAL CONSCIOUSNESS, UM SÓ PLANETA E PNAS.
Esta matéria foi originalmente publicada na edição 223 do jornal Joca.
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