Em 28 de abril é comemorado o Dia da Educação no Brasil. Por isso, nós conversamos com professoras que enviaram depoimentos com reflexões sobre a data. Elas falaram sobre os maiores desafios da profissão, principalmente em tempos de pandemia, explicaram do que mais gostam em ensinar e como imaginam um país com a educação ideal.

“Como minhas aulas são dialogadas e contextualizadas com o cotidiano dos estudantes, considero que a melhor parte é a troca de conhecimento e o desenvolvimento de projetos.

O maior desafio é a falta de valorização da profissão de educador, pois ainda existe pouca compreensão quanto à importância do papel do professor no nosso país.

Ser profissional da educação é, acima de tudo, uma missão. Todos os dias vivemos novos desafios. Não tem sido fácil lidar com aulas remotas e ensino híbrido neste momento de pandemia. Muitos professores não possuem formação em EAD, portanto, assumir essa nova forma de ensino tem se tornado uma superação diária, além de muitos não terem equipamentos individuais adequados para o trabalho a distância. 

Os sonhos de qualquer professor se consolidam a partir das realizações dos seus alunos. Particularmente, mesmo diante das dificuldades que a profissão nos traz, sinto-me realizada no cumprimento de minha missão.

Mércia Ferreira Braz Passos, professora de sociologia e filosofia na Escola Técnica Estadual Jurandir Bezerra Lins, Igarassu, Pernambuco

“Na minha opinião, o maior desafio em ser professora é administrar o tempo de trabalho com a vida pessoal. Ser professor, para mim, é uma missão diária, que inclui leitura, pesquisa e planejamento.

Gostaria que os alunos soubessem que nos bastidores de uma simples aula há muito estudo, intencionalidade pedagógica, horas dedicadas à pesquisa e muito amor envolvido. Para mim, a docência é um compromisso diário com a vida, com o desenvolvimento de novos saberes e, principalmente, com a formação de um indivíduo ético, que esteja preocupado com o mundo que o cerca e seja capaz de transformá-lo.

A educação brasileira dos sonhos é um serviço de qualidade pensado a partir de ações transformadoras e de políticas públicas que possam chegar a todos com igualdade. A educação dos sonhos é aquela que considera todos os filhos deste Brasil.”

Debora Uemura Bunduky, professora de língua portuguesa, matemática, história e geografia no Colégio Franciscano Pio XII

“Dar aula é poder ensinar e aprender. Posso estimular e motivar para desenvolver algo criativo..

Os desafios são diários, e temos que aprender com cada situação nova. Hoje temos um mundo muito mais competitivo e vemos esse reflexo no dia a dia das aulas. Para superar os desafios, acredito que possibilitar um salário mais digno ajuda o professor a ter mais qualidade de vida e, consequentemente, ampliar a formação continuada.

Já nos desafios diários, sempre digo que a paciência é o melhor remédio. Ampliar momentos de socialização, brincadeiras, contato com a natureza, atividades artísticas e esportes pode contribuir para que as crianças possam aprender a conviver no seu dia a dia, buscando respeitar os colegas e o planeta em que vivemos.

Já escutei de muitas crianças: “Professora, com o que você trabalha?”. E toda vez que ouço essa pergunta, reflito sobre minha prática. Para mim, ser professor é mais do que uma profissão, faz parte de mim, a escola faz parte de mim. O que gostaria que eles soubessem é que para eu entrar em sala de aula com um conteúdo novo, eu também estudo, e estudo muito. Para uma aula bem planejada, organização, disciplina e estudos são as chaves cruciais para um bom desempenho profissional.”

Nilza Merlim Backes, professora de música do ensino fundamental 1 e 2 do Colégio Positivo – Joinville (SC)

“Hoje, o maior desafio é manter a relação humana (entre professor e aluno) a distância. Mesmo com aulas presenciais, o cenário é incerto e o distanciamento social é um fator complicador para essa proximidade que deveria existir entre aluno e professor. Além disso, a falta de tempo, a estrutura avaliativa e as burocracias a serem vencidas são desafios que acompanham a profissão do educador.

Sonho com um cenário em que toda a população recebesse uma educação com equidade. Que os alunos pudessem frequentar a escola para ser apoiados no seu processo de aprendizagem, não para comer ou ter um ambiente mais seguro para estar. Que as escolas fossem um ambiente onde houvesse respeito em todas as relações. Um cenário onde a profissão de educador tivesse a mesma valorização que tantas outras, tão importantes quanto ela. Além disso, que, para além das nossas fragilidades, enquanto seres humanos, nós, professores, pudéssemos tratar os alunos com respeito. Considerando todo o poder que temos de influenciá-los e marcar a vida deles.”

Mirian Vivarelli, professora do Colégio Positivo – Jardim Ambiental, em Curitiba (PR).

“Para mim, a melhor parte de lecionar é o convívio com as crianças e a troca de conhecimento envolvida no processo de ensino-aprendizagem, porque sempre falo para elas que estamos compartilhando saberes. Inspiro-me no educador Paulo Freire, defensor da ideia de que ensinar não é só transferir conhecimentos, e sim criar possibilidades para sua produção ou construção, ou seja, não sou a detentora de todo o conhecimento.

Amo dialogar com meus alunos, trocar experiências, observar os olhinhos brilhando quando estão aprendendo algo novo. Enfim, amo a relação que construímos, pois, para mim, a afetividade tem que estar presente no processo de ensino-aprendizagem.

Acredito que um dos maiores desafios de ser professor se encontra em ter o seu trabalho reconhecido e valorizado socialmente. Gostaria que os alunos soubessem que a rotina do professor vai para além do momento em sala de aula. Ele tem que conciliar planejamento, correção, elaboração de provas, reuniões com pais, reuniões pedagógicas, estudo para se qualificar etc.

A educação brasileira dos meus sonhos é aquela em que todos os estudantes tenham oportunidades iguais de aprendizagens, que não existam crianças fora das escolas, passando fome ou não precisem abandonar a escola para trabalhar. Para que as escolas brasileiras se tornem de qualidade, elas precisam de profissionais qualificados, valorizados e uma boa estrutura física e pedagógica. Além disso, as crianças devem ser tratadas de forma igualitária; e as necessidades especiais devem ser incluídas no processo ensino-aprendizagem. Enfim, a educação dos sonhos é acolhedora, perpassa pela afetividade, empatia e segurança, transformando a criança em um cidadão crítico e consciente.”

Maria das Dores Cabral da Silva, professora de língua portuguesa, história e geografia. Colégio Motiva Jardim Ambiental, de Campina Grande

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Comentários (1)

  • Eduardo Briso

    2 anos atrás

    muito importante

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