Yeltsin (à direita) e o guia, Antônio Carlos (à esquerda). Foto: Rogério Capela/CPB

A delegação brasileira aterrissou em Tóquio com o objetivo de chegar a 100 medalhas de ouro na história dos Jogos Paralímpicos. Hoje, a meta foi alcançada.

Após chegar em primeiro lugar na final dos 100 metros livre da classe T11 (para deficientes visuais, saiba mais abaixo), Yeltsin Jacques conquistou um ouro com uma característica especial: era a 100ª medalha dourada da delegação brasileira em paralimpíadas.

Terminada a prova, em entrevista ao SporTV, Yeltsin disse que, na manhã do dia da conquista, conversou com o seu guia, Antônio Carlos dos Santos, e disse que precisava ganhar aquela medalha. “[Eu disse]: ‘Ó, a gente tem chance de fazer história, 100º ouro do Brasil na história das paralimpíadas’. Eu falei: ‘É por duas coisas. Primeiro, para subir o Brasil no quadro de medalhas, e segundo, é para construir essa história’.”

Yeltsin e Antônio Carlos fizeram a prova em 3 minutos, 57 segundos e 60 centésimos, superando o recorde mundial. Atrás deles ficaram o japonês Shinya Wada (medalha de prata) e Fedor Rudakov, do Comitê Olímpico Russo (bronze). Ambos também foram acompanhados dos respectivos guias.

Confira os resultados dos medalhistas:

Ouro – Brasil – Yeltsin Jacques – 3 minutos, 57 segundos e 60 centésimos.

Prata – Japão – Shinya Wada – 4 minutos, 5 segundos e 27 centésimos.

Bronze – Comitê Olímpico Russo – Fedor Rudakov – 4 minutos, 5 segundos e 55 centésimos.

O que são as classes do atletismo de pista (Track – T)?

Track (T)

Os que participam de provas realizadas em pistas (velocidade, saltos, entre outros) e na rua (maratona) entram em classes que levam a letra “T” na frente do nome – “T” é a inicial da palavra track, que em inglês significa “pista”. Confira alguns exemplos de classes:

T11 a T13 – Deficientes visuais. Os atletas que têm o maior grau de deficiência ficam na T11, os com grau mediano, na T12, e os com grau leve, na T13. Para que todos os competidores disputem as provas sob as mesmas condições, os representantes precisam usar faixas nos olhos, que os impedem de enxergar qualquer coisa. O(s) guia(s) ao lado do atleta o ajuda(m) a se localizar no espaço.

T20 – Deficientes intelectuais (apresentam dificuldades para realizar tarefas do cotidiano e aprender, entre outras).

T31 a T34 – Atletas com dificuldades motoras, competem em cadeiras de roda. Os graus das complicações variam da T31 até a T34.

História do Brasil na Paralímpiada

Embora o primeiro evento tenha sido realizado em 1960, o país só começou a participar dos Jogos Paralímpicos na quarta edição, realizada em Heidelberg, na Alemanha, em 1972.

Das 100 medalhas de ouro conquistadas pelo Brasil ao longo dos anos, 78 foram obtidas nas últimas cinco edições. A maior parte delas veio de duas modalidades: atletismo (47) e natação (36).

Confira, abaixo, outros resultados de destaque do Brasil no dia 31 de agosto.

Na natação, Carol Santiago faz dobradinha de ouros

Carol segurando o segundo ouro em Tóquio. Foto: Miriam Jeske/CPB

Carol Santiago conquistou o segundo ouro na Paralimpíada de Tóquio. Depois de vencer a disputa dos 50 metros livre S13, a brasileira chegou em primeiro lugar dos 100 metros livre S12 (para atletas com deficiência intelectual — saiba mais abaixo), realizando a prova em um tempo de 59 segundos e 1 centésimo.

Confira os resultados dos medalhistas:

Ouro – Brasil – Carol Santiago – 59 segundos e 1 centésimo.

Prata – Rússia – Daria Pikalova – 59 segundos e 13 centésimos.

Bronze – Reino Unido – Hannah Russel – 1 minuto e 25 centésimos.

Essa última conquista de Carol também teve um significado especial para a delegação brasileira. Com ele, o Brasil chegou a 14 ouros, o mesmo número de medalhas douradas que o país havia conquistado na Paralimpíada Rio 2016, última edição dos jogos.

Além dos dois ouros em Tóquio, Carol faturou um bronze nos 100 metros costas S12. Com isso, ela reúne, até o momento, três medalhas nesta edição dos Jogos Paralímpicos.

Como funcionam as classes na natação paralímpica?

No evento, os nadadores são divididos em classes, sendo que cada uma corresponde a um tipo e grau de deficiência. Esse sistema foi criado com o objetivo de promover disputas justas — os esportistas competem contra atletas que têm características similares.

As classes funcionam da seguinte forma: S – a letra sempre aparece na frente do nome da categoria. “S” representa a palavra swimming, que, em inglês, significa “natação”.

Classes S1 a S10 – nas quais os atletas têm limitações físico-motoras, ou seja, algo que comprometa a movimentação da pessoa, como a falta de braços e pernas. Quanto menor o número da classe, maior a deficiência. Exemplos: Classe S1: grande comprometimento físico-motor; classe S10: comprometimento físico-motor leve.

Classes S11 a S13 – atletas com deficiência visual. Nesse caso, quanto menor o número, maior o comprometimento visual do atleta, ou seja, maior a dificuldade para enxergar.

Classe S14 – atletas com deficiência intelectual (dificuldade para aprender, realizar atividades do cotidiano, entre outros).

Gabriel Bandeira conquista prata e chega à quarta medalha em Tóquio

Gabriel Bandeira, detentor de quatro medalhas. Foto: Miriam Jeske/CPB

Outro que não para de subir ao pódio é Gabriel Bandeira, da natação. O atleta conquistou a quarta medalha em Tóquio, desta vez uma prata obtida após a final dos 200 metros medley da classe S14 (atletas com deficiência intelectual). Antes, ele já tinha garantido um ouro nos 100 metros borboleta, uma prata nos 200 metros livre e um bronze no revezamento misto 4×100 metros livre.

Na última disputa, Gabriel fez o percurso em 2 minutos, 9 segundos e 56 centésimos, colocando-se à frente do ucraniano Vasyl Krainyk, que levou o bronze. O desempenho do brasileiro só não foi o suficiente para superar o britânico Reece Dunn, que ficou com o ouro.

Confira os resultados dos medalhistas:

Ouro – Reino Unido – Reece Dunn – 2 minutos, 8 segundos e 2 centésimos.

Prata – Brasil – Gabriel Bandeira – 2 minutos, 9 segundos e 56 centésimos.

Bronze – Ucrânia – Vasyl Krainyk – 2 minutos, 9 segundos e 92 centésimos.

Brasil chega a 40 medalhas em Tóquio com Mariana Ribeiro, da natação

Mariana chega em terceiro nos 100 metros livre classe S10. Foto: Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB)

Mariana Ribeiro, da natação, foi a responsável por obter a 40ª medalha do Brasil na Paralimpíada de Tóquio. A atleta conquistou o bronze na final dos 100 metros livre da classe S9 (para atletas com problemas de movimentação), finalizando a prova em 1 minuto, 3 segundos e 39 centésimos.

Na frente da brasileira só ficaram Sophie Pascoe, da Nova Zelândia, que terminou com o ouro, e Sarai Gascon, da Espanha, vencedora da prata.

Confira os resultados dos medalhistas:

Ouro – Nova Zelândia – Sophie Pascoe – 1 minuto, 2 segundos e 27 centésimos.

Prata – Espanha – Sarai Gascon – 1 minuto, 2 segundos e 77 centésimos.

Bronze – Brasil – Mariana Ribeiro – 1 minuto, 3 segundos e 39 centésimos.

No revezamento da natação, time brasileiro chega em segundo lugar

A equipe brasileira (da esquerda para a direita): Wendell Belarmino, Douglas Matera, Lucilene Sousa e Maria Carolina Santiago. Foto: Miriam Jeske/CPB

A equipe brasileira terminou com a prata no revezamento misto 4×100 metros livre 49 pontos (para atletas com deficiência visual). O time, que fez a prova em 3 minutos, 54 segundos e 95 centésimos, era formado por Wendell Belarmino, Douglas Matera, Lucilene Sousa e Carol Santiago.

Ao fim da disputa, o ouro ficou com a equipe russa e a prata, com os ucranianos.

Confira os resultados dos medalhistas:

Ouro – Rússia – 3 minutos, 53 segundos e 79 centésimos.

Prata – Ucrânia – 3 minutos, 55 segundos e 15 centésimos.

Bronze – Brasil – 3 minutos, 54 segundos e 95 centésimos.

Jardênia Felix, uma das mais jovens atletas do Brasil, fatura o bronze no atletismo

Jardênia Felix, bronze nos 400 metros classe T20. Foto: Ale Cabral/CPB

Aos 17 anos, Jardênia Felix conquistou medalha de bronze na final dos 400 metros classe T20 (para pessoas com deficiência intelectual). A atleta, que é uma das mais novas representantes da delegação brasileira, finalizou a prova em 57 segundos e 43 centésimos. As únicas que conseguiram superá-la foram a norte-americana Breanna Clark, que ficou com o ouro, e a ucraniana Yuliia Shuliar, que faturou a prata.

Confira os resultados dos medalhistas:

Ouro – Estados Unidos – Breanna Clark – 55 segundos e 18 centésimos.

Prata – Ucrânia – Yuliia Shuliar – 56 segundos e 18 centésimos.

Bronze – Brasil – Jardênia Felix – 57 segundos e 43 centésimos.

Raissa Machado fica com o bronze no lançamento de dardo

Raissa Machado levou o bronze no lançamento de dardo. Foto: Carmo/Exemplus/CPB

No lançamento de dardo classe F56 (para atletas com deficiência nas pernas — saiba mais abaixo), Raissa Machado obteve medalha de prata após fazer um lançamento de 24,49 metros. Além de subir ao pódio, com a marca, a atleta bateu o recorde do continente americano — ou seja, nenhum representante da América do Norte, Central ou do Sul jamais tinha obtido uma pontuação tão alta quanto a da brasileira.

Ao fim da disputa, o ouro ficou com Hashemiyeh Motaghian Moavi, do Irã, e o bronze com Diana Dadzite, da Letônia.

Confira os resultados dos medalhistas:

Ouro – Irã – Hashemiyeh Motaghian Moavi – lançamento de 24,50 metros.

Prata – Brasil – Raissa Machado – lançamento de 24,49 metros.

Bronze – Letônia – Diana Dadzite – lançamento de 24,22 metros.

O que são as classes do atletismo de campo (Field – F)?

O atletismo de campo é representado pela letra “F”, de field, que, em inglês, significa “campo”. Nessas modalidades, os competidores são divididos em classes, que variam de acordo com o tipo e o grau de deficiência que têm. Confira alguns exemplos de classes:

F11 a F13 – Deficientes visuais.

F20 – Deficientes intelectuais.

F51 a F57 –  Atletas com deficiência nos membros inferiores (pernas). Competem em cadeiras de rodas. Os graus de deficiência variam de acordo com o número da classe.

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Comentários (1)

  • luiza.rahal.2011

    2 anos atrás

    O Yeltsin Jacques é o primo do meu amigo.

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