#pracegover: Tamires veste o uniforme da Seleção Brasileira de futebol feminino: camiseta amarela com detalhes em verde e calção azul. Nas duas peças de roupa, o número 6, que é o dela no time, está estampado. Tamires está com os cabelos presos e sorri para a foto. Crédito de imagem: Instagram

Por Maria Fernanda N. e Pedro G., 10 anos

Jogadora da Seleção Brasileira de Futebol, a mineira Tamires Cássia Dias Gomes, 31 anos, atuou como lateral esquerda durante a Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2019, na França. O evento é o mais recente destaque na trajetória de Tamires, que estreou nos campos aos 11 anos.

Ao longo da carreira, a atleta já esteve em times brasileiros como Santos, Juventus e Corinthians, em que joga atualmente, e internacionais, caso do norte-americano Charlotte Eagles e do dinamarquês Fortuna Hjørring. Ela acumula títulos na Copa América e nos Jogos Pan-Americanos.

Os repórteres mirins Maria Fernanda N. e Pedro G., ambos de 10 anos, entrevistaram a jogadora sobre o início na profissão, os desafios e as conquistas no mundo da bola. Confira.

Como você começou a jogar futebol?
Minha mãe fala que, aos 3 anos, eu já chamava meu pai para jogar bola comigo. Mas foi aos 11 anos, quando comecei a jogar futsal na escolinha da minha cidade, Caeté, em Minas Gerais, que levei a sério mesmo.

Você já parou de jogar duas vezes ao longo da carreira. Por quê?
Quando fiquei grávida, aos 21 anos, parei para cuidar do meu filho. Depois, parei de novo porque acabava passando o dia inteiro fora de casa, longe da família. Mas senti saudade de estar em campo e voltei.

Qual foi a sua reação quando soube que tinha sido convocada para a seleção brasileira pela primeira vez?
Eu tinha 16 anos quando fui convocada pela primeira vez para a seleção brasileira de base. Já a primeira convocação para a seleção principal veio aos 25 anos. Fiquei muito feliz. Quando vesti a camisa da seleção, senti algo maravilhoso. Era muito bom representar o meu país e levar comigo os sonhos de milhares de meninas que também gostariam de jogar futebol.

Que dificuldades você já enfrentou desde que começou a jogar futebol? Como você lidava com elas?
Enfrentei preconceito por ser mulher e gostar de jogar bola. Muitas pessoas diziam que mulher não deveria praticar. Mas futebol é coisa de mulher, sim. Quando faziam esses comentários, eu ficava chateada, mas, acreditando no meu sonho, eu deixava para lá e continuava jogando. Às vezes, eu jogava contra os garotos que falavam mal de mim e dava um “rolinho” ou fazia alguma coisa legal com  a bola. Eles diziam: “Nossa, ela sabe jogar mesmo”. Eu fazia com que parassem de falar ao mostrar o meu futebol.

Como é o seu dia a dia no Corinthians?
É bem corrido. Nós fazemos academia por uma hora e meia, em seguida, pegamos o ônibus e vamos  até o Centro de Treinamento do Corinthians, onde treinamos no campo por duas horas. Depois, voltamos para casa. Eu fui para o clube logo que voltei da Copa do Mundo [antes, Tamires jogava no Fortuna Hjørring, da Dinamarca].

Como era a sua vida na Dinamarca?
Passei quatro anos lá. A cidade em que eu morava, Hjørring, era muito tranquila, ficava no interior do país. Eu vivia perto do clube e ia para os treinos a pé ou de bicicleta — eles usam muito por lá. A Dinamarca é um país muito frio: cheguei a treinar com uma sensação térmica de -21°C. Fui me adaptando, mas não gostava muito do clima de lá. Tirando isso, é um país muito bom para morar.

Por que você resolveu voltar para o Brasil?
Quero fazer parte desse processo de crescimento do futebol feminino no Brasil. Meu principal objetivo é ajudar o futebol feminino de base, transmitindo um pouco da minha experiência para as crianças que têm o sonho de seguir carreira.

Quais são as suas melhores lembranças relacionadas a futebol?
O primeiro teste em que eu passei, no Juventus, quando tinha 15 anos. Jogar na Olimpíada [na Rio 2016], ser campeã pan-americana [nos Jogos Pan-Americanos Toronto 2015] e vencer a Copa América duas vezes [em 2018 e 2014]. Além disso, tenho boas memórias dos títulos que conquistei nos clubes em que joguei, como o Fortuna Hjørring.

ELIMINAÇÃO DA COPA
Após um jogo equilibrado contra a França, disputado no dia 23 de junho, a seleção brasileira foi eliminada da Copa do Mundo de Futebol Feminino por um placar de 2 a 1, nas oitavas de final. A competição terminou no dia 7 de julho, com a vitória da equipe dos Estados Unidos. Tamires conta que ficou triste com a derrota, mas que tem orgulho do desempenho do time. “Nós lutamos bastante para conseguir a vitória. Depois do jogo, tive a sensação de que demos o nosso melhor, fizemos tudo o que podíamos ”, disse. “Saímos de cabeça erguida.”

Esta entrevista foi originalmente publicada na edição 134 do jornal Joca.

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