Pedro Oliveira

O Brasil registrou recorde de entrada de venezuelanos no país em 2024. O número de cidadãos da Venezuela que chegou pelo principal meio de entrada ao Brasil, a cidade de Pacaraima, em Roraima, na fronteira, aumentou 28% entre os meses de agosto e julho deste ano. Pelo menos 10,8 mil venezuelanos entraram no território brasileiro no mês passado.

O ingresso de venezuelanos começou a crescer depois que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi declarado, no fim de julho, vencedor das eleições para um terceiro mandato. O resultado, porém, foi amplamente contestado pela oposição, por entidades internacionais e por outros países, que acusam Maduro de fraudar o sistema eleitoral venezuelano. A reeleição do presidente intensificou os protestos na Venezuela, que enfrenta a pior crise da sua história, com alta de preços, falta de alimentos e problemas relacionados à segurança.

Antes da eleição de Maduro, cerca de 300 venezuelanos chegavam ao Brasil por dia. Após o resultado eleitoral, passaram a vir em média 600 pessoas.

Em entrevista ao Joca, Roberto Uebel, professor de relações internacionais da ESPM, explica que, em consequência da crise, a migração continua sendo constante. “Isso tem impactos econômicos, porque o país perde oportunidade de investimentos, as relações comerciais ficam prejudicadas. Tem também um impacto social, porque a população que votou no candidato da oposição se sente ameaçada e provavelmente vai buscar refúgio em outro país”, comenta o especialista.

Apesar do aumento da entrada de novos venezuelanos nas últimas semanas, o Brasil já registrou taxas mais altas no passado. De 2017 a 2022, por exemplo, mais de 700 mil cidadãos da nação vizinha atravessaram a fronteira entre os dois países.

Para auxiliar na crise migratória, o governo brasileiro estabeleceu, em 2018, a Operação Acolhida. Com ela, venezuelanos que chegam pela fronteira de Pacaraima são acolhidos e transferidos para outras cidades brasileiras que oferecem mais oportunidades de trabalho e moradia.

GLOSSÁRIO

REFÚGIO: lugar para onde as pessoas fogem diante de situações como guerras, conflitos e perseguições.

FONTES: FOLHA DE S.PAULO, G1 E AGÊNCIA BRASIL.

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