No dia 12 de março, bolsas de valores em todo o globo tiveram fortes quedas. Na Ásia, elas caíram de 2% a 7%, nos Estados Unidos, 10%, na Europa, 12% e, no Brasil, 14%. A bolsa brasileira, B3, chegou a fechar quatro vezes naquela semana para tentar conter as perdas. Na segunda-feira seguinte (16), a B3 voltou a operar em queda e teve um novo fechamento (até a finalização desta edição). Os principais motivos foram anúncios sobre o novo coronavírus: o do decreto de pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o de que os Estados Unidos não receberão voos da Europa por pelo menos 30 dias. Os EUA e outros países cortaram as taxas de juros para melhorar a situação, mas não deu certo. Entenda

Como as notícias sobre coronavírus impactam nas bolsas?
As bolsas são uma espécie de termômetro do que acontece no mundo: se as notícias são ruins, os investidores ficam pessimistas e podem tirar dinheiro de empresas com mais chances de serem afetadas. A bolsa é formada por ações de empresas e, quanto mais dinheiro é retirado dessas companhias, maior é a queda do valor da bolsa (entenda o que são bolsas de valores e ações no Joca 115). Com os recentes anúncios sobre o novo coronavírus, aconteceu justamente isso: os investidores ficaram com medo dos prejuízos que a transmissão do vírus pode causar à economia e às empresas e retiraram seu dinheiro das companhias, principalmente daquelas relacionadas a viagens.

Bolsa de Tóquio
#pracegover: telão da bolsa de Tóquio, no Japão. Na frente, um homem vestindo camisa branca usa uma máscara cirúrgica para cobrir o rosto. Crédito de imagem: Toru Hanai/Getty Images.

O que fazer para evitar isso?
Para acalmar os investidores, o Federal Reserve System (FED, banco central dos Estados Unidos) cortou, no dia 15 de março, a taxa de juros. O objetivo é tornar mais vantajoso investir em ações do que manter o dinheiro em outros investimentos que dependem dos juros para crescer. A medida também estimula as pessoas a fazer empréstimos, aumentando o dinheiro em circulação. O Banco Central Europeu, Reino Unido, Japão, Suíça e Canadá tomaram medidas parecidas para estimular a economia. Mesmo assim, os investidores estão com medo – para eles, essas medidas são mais um sinal de que os prejuízos causados pelo novo coronavírus na economia são muito graves, então eles continuam retirando dinheiro das bolsas, que seguem caindo.

Como o coronavírus afeta a economia?
Para não aumentar os riscos de transmissão do vírus, voos, eventos culturais e esportivos foram cancelados, fábricas fecharam e empresas pararam de funcionar – principalmente em países que produzem itens importantes para o mundo todo, como a China. Tudo isso desacelera a economia mundial e o dinheiro circula menos, já que o consumo de combustível cai, assim como diminuem a produção industrial, o consumo local e o comércio internacional.

Outros motivos também influenciaram na queda das bolsas?
Sim: a maior queda do valor do petróleo em 30 anos por um desentendimento entre Arábia Saudita e Rússia. As notícias sobre o novo coronavírus fizeram o valor do barril de petróleo, calculado no mercado internacional, passar de 68 dólares, no início de 2020, para 50 dólares, no fim de fevereiro. Com a desaceleração da economia causada pela doença, menos pessoas e mercadorias se deslocam, portanto, menos combustível derivado do petróleo é consumido, reduzindo o seu valor. Para reagir a essa queda, a Arábia Saudita, maior exportadora do mundo, chamou a Rússia — a segunda maior — para decidir o que fazer para aumentar o valor e voltar a ganhar mais dinheiro com o produto. Mas a Rússia não aceitou o acordo: para o país, outros produtores concorrentes, como os EUA, sairiam ganhando com ele. Para tentar pressionar a Rússia a aceitar o acordo e demonstrar sua força, a Arábia Saudita tomou uma decisão inesperada no dia 7 de março: baixou ainda mais o preço dos barris de petróleo colocando uma quantidade muito grande à venda. A Rússia respondeu colocando mais barris ainda à venda. Assim, o preço do petróleo chegou a 31 dólares no dia 9 de março. No dia 16 de março, o preço era de 30 dólares.

Por que a Bolsa brasileira fechou?
Para evitar pânico entre investidores. Um mecanismo de defesa presente em bolsas de valores de todo o mundo, o circuit breaker, entra em ação quando a bolsa cai 10%, parando suas atividades por meia hora. A intenção é fazer com que os investidores parem de retirar dinheiro da bolsa, evitando, assim, que o valor dela continue caindo. Isso aconteceu cinco vezes entre 9 e 16 de março na B3.

Qual a consequência disso tudo para o mundo?
Se o coronavírus continuar se espalhando e Arábia Saudita e Rússia não chegarem a um acordo, o mundo pode sofrer uma forte crise econômica, segundo o economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). As maiores consequências para a população seriam desemprego e menos dinheiro para compras. O especialista defende que os líderes mundiais podem evitar essa situação tomando medidas contra a doença e  buscando estratégias conjuntas para equilibrar o preço do petróleo.

Fontes: Estadão, G1, InfoMoney, Nexo, O Globo, UOL e Valor.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 145 do jornal Joca.

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