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Imagem: Carlotas

Neste mês de fevereiro diferente, em que o Carnaval não será como de costume por causa da pandemia de covid-19, o Conto de Carlotas e a personagem Stela usam o tamborim para falar sobre as coisas que fazem o nosso coração bater mais acelerado, além de nos lembrar da importância da cultura nas sociedades.

Por Fernanda Rissardo

Se eu tivesse que dar outro sobrenome para a Stela, seria Stela Apressada dos Santos. Ela me disse que, desde que se conhece por gente, vê a mãe, Aurora, e o pai, Adolfo, correndo para lá e para cá, sempre ocupados, às vezes ocupados e atrasados. Por isso, ela aprendeu quase tudo o que queria sozinha.

Sua rotina durante a semana era bastante… adivinhe: OCUPADA. Quando voltava para casa, da escola, fazia tudo com o tempo contado em minutos. Ela almoçava em 9, fazia a lição de casa em 28, na segunda-feira eram 55 de aula de inglês e 40 desenhando no caderno de arte. Stela também dava aulas particulares de matemática às terças e quartas para a vizinha Bia, que retribuía a gentileza com outros 60 minutos de reforço de gramática às quintas.

Mas eis que chega sexta e, com ela, a ocupação mais preciosa, a favorita: o TAMBORIM! Stela, que ama música, principalmente uma boa batucada, descobriu o tamborim quando pequena e, desde então, passou muito tempo estudando, sozinha, tudo o que podia sobre o instrumento. Ela diz que tocar tamborim é como: “Tocar as batidas do meu coração”. E acrescenta: “Meu tamborim é mágico”. Todos os minutos que tinha livre das atividades eram dedicados para o tamborim. Mesmo quando era muito tarde para fazer barulho, ela tocava no ar mesmo, mexendo as mãos, os braços e a cabeça, como se tocasse alto para todos ouvirem.

Quando tinha 13 anos, Stela encontrou um programa de música gratuito para que pudesse pôr em prática tudo o que aprendera sozinha. Finalmente era hora de unir todos aqueles batuques com mais gente e mais instrumentos e formar uma banda! No primeiro dia de aula, ela estava tão animada que nem queria comer. A mãe a acompanhou até o ensaio, por isso foram andando, mas, se estivesse sozinha, Stela teria ido correndo para chegar mais rápido.

Stela completou um ano frequentando o programa e passou os últimos dois meses ensaiando com a banda para a apresentação de fim de ano dos alunos. Lembro de ela me contar o quão nervosa estava no dia que precedia o evento, afinal ia subir ao palco montado na praça principal. É um evento esperado por muitos lá de Carlotas como uma celebração à boa música. Stela me disse que tinha medo de, na hora do show, esquecer a música e ficar paralisada, congelada como um picolé de morango, com um tamborim numa mão e a baqueta na outra.

O dia chegou! A praça estava cheia! Todo mundo decidiu sair de casa para assistir à apresentação. Estavam lá as crianças, os pais, os avós e até os bichinhos de estimação. Seu Antônio trouxe seu periquito e seu papagaio, que descansavam nos ombros dele. Eu estava meio longe, mas avistei Stela com a Aurora e o Adolfo, e ela estava muito feliz, pois os pais passaram de “ocupados” para “empolgados”, os dois não paravam de tirar fotos dela com o tamborim. Eu a via abrir um sorrisão para cada foto, ela parecia ocupada em se divertir.

Antes que a apresentação começasse, Roberto, maestro e professor da turma, subiu ao palco para agradecer todos os presentes e, emocionado, dedicou o show àqueles que apoiam as artes e a cultura. Ele falou sobre a importância de criar e manter iniciativas e projetos culturais focados na inclusão e diversidade, explicou para os demais que a cultura é a alma de qualquer povo e é o que acalenta nossa mente em um mundo cheio de obstáculos. Terminou dizendo que a cultura constrói pontes entre pessoas e abre as portas para conhecermos novos mundos e ideias. Todos aplaudiram o professor de pé. Stela gostou tanto que quase não conseguiu acompanhar no tamborim o “tum tum tum” de seu coração, de tão acelerado que ficou.

O show começou! A banda inteira entrou no palco, que sentiu o peso de tanta alegria e tantos instrumentos ao ponto de dar uma leve abaulada no meio. Isso não intimidou as 45 crianças que participaram do programa naquele ano.

Para a apresentação, fiquei perto dos pais de Stela. Dali, pude vê-la puxando todas as músicas com seu tamborim para lá e para cá. Nunca vi tanta gente dançando naquela praça, parecia que estávamos comemorando alguma coisa. Era como se a correria dos compromissos, a chatice da burocracia e todas as más notícias do ano tivessem tirado o dia de folga para que a gente pudesse dançar e cantar. As pessoas pareciam estar a três centímetros do chão, flutuando. Acho mesmo que o tamborim da Stela é mágico!

Para conhecer outros personagens que ilustram diálogos importantes, visite carlotas.org.

Clique na imagem abaixo para abrir e imprimir.

Stela-Carlotas
A personagem Stela. Imagem: Carotas

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Comentários (2)

  • Rodrigo chaves Dias Júnior

    3 anos atrás

    Olá me chamo Rodrigo chaves gostei muito da Matéria sobre música eu gosto muito de música.

  • Davi rocha

    3 anos atrás

    Minha mae

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