Goimar Dantas, autora de livros infantis e do imperdível Rotas Literárias de São Paulo

por Luciana Maria Sanches

Goimar Dantas, autora de livros infantis e do imperdível Rotas Literárias de São Paulo. Foto: Douglas Luccena

Nascida no Rio Grande do Norte e apaixonada por São Paulo, Goimar Dantas é jornalista e escritora. Ela tem oito livros publicados. Só para crianças, já publicou três livros e tem outros três prestes a sair do forno.

Aos leitores do Joca, ela revela segredos de São Paulo. Você sabia que é possível ver de perto uma costela de Monteiro Lobato? E já ouviu falar do fantasma que parece rondar uma biblioteca na cidade?!

Dantas também dá dicas de roteiros para se aprofundar na cultura da cidade, tema de sua obra mais trabalhosa, o imperdível Rotas Literárias de São Paulo.

Como foi escrever tantos livros?
Escrever dá muito trabalho, embora seja prazeroso também – durante a pesquisa e escrita de um novo texto, a gente aprende muito. Procuro temas que me ensinem alguma coisa, algo que eu precise pesquisar, entrevistar pessoas, ir atrás de informações…
Meu livro mais trabalhoso foi, sem dúvida, Rotas Literárias de São Paulo [Editora Senac, São Paulo/2014], sobre os espaços e personagens literários da cidade desde o século 19 até hoje. Entre pesquisas, entrevistas, fotos, redação e edição foram sete anos. Um tempo enorme, mas de muito aprendizado.

Gibiteca Henfil, no CCSP: lugar imperdível para fãs de HQs

Quantos passeios estão em Rotas Literárias? Você recomenda algum especialmente para crianças?
O livro tem cerca de 30 roteiros literários. Um passeio que considero ótimo é o CCSP (Centro Cultural São Paulo). Lá fica a Gibiteca Henfil, a maior do Brasil. Para quem é fã de histórias em quadrinhos é um local imperdível! A coleção tem mais de 10 mil títulos, com álbuns, gibis, fanzines e RPG. Além disso, o CCSP é lindo! Tem até jardins suspensos, onde é possível ter uma vista incrível da cidade, tomar sol, fazer piquenique, descansar e encontrar os amigos.
Outro local encantador é a Biblioteca Municipal Monteiro Lobato, especializada em obras voltadas ao público infantil. Além do acervo geral, é possível encontrar milhares de títulos de literatura infantil e uma exposição permanente com objetos que pertenceram ao escritor, criador do Sítio do Picapau Amarelo. Tem até um pedaço da costela de Lobato dentro de um cilindro de vidro. Duvida?! Pois pode acreditar! Na biblioteca você também vai encontrar bonecos gigantes dos personagens do Sítio, utilizados na época do Carnaval.
Outra dica de passeio literário são as seções infantis da Livraria Cultura e da Livraria da Vila. Os espaços são muito agradáveis e bonitos: repare que todo setor infantil das unidades da Livraria Cultura tem um dragão, isso porque, de acordo com crenças da cultura oriental, o dragão é símbolo de conhecimento. Nas duas redes de livrarias costumam acontecer contações de história nos fins de semana.

Muitas personalidades estão enterradas no Cemitério da Consolação. Tem alguma história interessante sobre o local?
Eu amo passear no Cemitério da Consolação. É um lugar lindo, muito arborizado e cheio de histórias! Os túmulos são enfeitados com esculturas tão bonitas que tornam o local uma espécie de galeria de arte a céu aberto.
Lá estão enterrados os escritores Mário de Andrade, Oswald Andrade e Monteiro Lobato e a pintora Tarsila do Amaral, que, além de muito amiga de Mário e Oswald, foi casada com Oswald.
Dizem que o túmulo de Monteiro Lobato volta e meia recebe a visita de estudantes que estão com nota baixa e vão lá pedir uma forcinha ao escritor para recuperar as notas.

O Sepultamento, de Victor Brecheret, um dos escultores mais importantes do país, enfeita o túmulo de Olívia Guedes Penteado: “É uma obra tão linda que se tornou a mais visitada do cemitério”, diz Dantas

Há uma lenda de que existe um fantasma perambulando em uma biblioteca de São Paulo. De quem?
Mário de Andrade
foi poeta, escritor, professor de música, estudioso de folclore, crítico literário e uma figura essencial na Semana de Arte Moderna de 1922, evento que mudou para sempre o jeito de se pensar e fazer arte no Brasil. Mário trabalhou muito para preservar a memória nacional, inclusive criando bibliotecas e providenciando melhorias nas que já existiam.
Por isso, em 1960 (o escritor já tinha morrido há 15 anos), a Biblioteca Municipal de São Paulo passou a se chamar Biblioteca Municipal Mário de Andrade. Há boatos de que o fantasma de Mário vive por lá.
Alguns funcionários dizem que já sentiram arrepios estranhos, e um deles me contou que um colega foi colocar um livro em uma das estantes e, do nada, o livro caiu. O homem pegou o livro do chão, meio desconfiado, foi colocar na estante de novo e…. Pá! Caiu mais uma vez. O funcionário seguiu firme, pegou o livro do chão e voltou a colocar na estante. Adivinha? O livro caiu pela terceira vez. O homem não teve mais dúvida de que tinha algo muito estranho acontecendo por ali e saiu correndo.
Acho que faz todo sentido o fantasma dele ficar morando ali na biblioteca, afinal, Mário era tão inteligente e apaixonado por conhecimento que só poderia mesmo querer passar a eternidade em um lugar cheio de livros.

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