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Protesto no Rio de Janeiro, em 5 de fevereiro, em frente ao quiosque onde Moïse trabalhava. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

No dia 5 de fevereiro, diversas cidades brasileiras tiveram protestos contra o racismo e a xenofobia e para pedir justiça pelo assassinato do congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, ocorrido em 24 de janeiro, na cidade do Rio de Janeiro.

Refugiado no Brasil desde 2011, Moïse fazia trabalhos para um quiosque de praia e, segundo a família, foi morto após cobrar um pagamento atrasado. Ele foi espancado no local e não resistiu aos ferimentos. As manifestações ocorreram de forma pacífica e em ao menos 12 capitais: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Natal, Palmas, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e São Paulo.

Moïse Kabagambe chegou ao Brasil como refugiado, em 2011. Foto: reprodução Facebook

Também houve protesto na cidade de Redenção, no Ceará, a primeira do Brasil a libertar todos os escravos que viviam ali, em 1883 – cinco anos antes da abolição da escravatura, com a Lei Áurea, em todo o Brasil. Redenção é sede da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) para estudantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), como Angola, Brasil e Moçambique.

No Rio de Janeiro, local do crime, os protestos começaram no quiosque Tropicália, onde Moïse trabalhava, na Barra da Tijuca, bairro da zona oeste da cidade. Também houve manifestação em Berlim, capital da Alemanha, em frente à embaixada brasileira.

Racismo: de acordo com o Portal Geledés, do Geledés Instituto da Mulher Negra, racismo é um conjunto de práticas de determinada raça/etnia que, estando em situação de favorecimento social, coloca outra(s) raça(s) em situação desfavorável. O racismo acontece, por exemplo, contra os negros e os indígenas.

Refugiado: são consideradas refugiadas as pessoas que saem do país de origem para escapar de situações perigosas, como conflitos armados e perseguições. Ao se mudar para novas nações, esses indivíduos buscam segurança e garantia de direitos básicos, como saúde e educação.

Xenofobia: aversão a pessoas e coisas estrangeiras.

O que se sabe sobre a morte de Moïse?
Segundo a família de Moïse, ele morreu em consequência de uma série de agressões que começaram após ele ter cobrado dois dias de pagamento atrasado pelo trabalho que realizava no quiosque Tropicália, na orla da praia da Barra da Tijuca. Imagens de câmeras de segurança do local mostram uma briga entre o congolês e outros homens. Em muitos momentos é possível ver que Moïse não oferecia resistência.

O dono do quiosque nega que havia valores atrasados a serem pagos a Moïse. Em depoimento à polícia, ele disse que estava em casa quando a agressão e a morte aconteceram. Até o momento, três homens foram presos. Em depoimento, eles disseram que o congolês vinha apresentando comportamento mais agressivo, aparecia sob o efeito de bebida alcóolica e incomodava clientes e colegas de trabalho.

Em resposta aos acontecimentos, a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou, em 5 de fevereiro, que os quiosques Tropicália e Biruta (vizinhos, eles dividem a mesma estrutura), na orla da praia, vão se transformar em um memorial em homenagem à cultura congolesa e africana. Haverá comida típica da África e a possibilidade de exposições de arte, apresentações musicais e feiras de artesanato. A família de Moïse foi convidada pela prefeitura para gerenciar parte do memorial.

“A iniciativa tem o objetivo de promover a integração social e econômica de refugiados africanos e reafirmar o compromisso da cidade com a promoção de oportunidades para todos”, disse, em nota, a prefeitura da cidade. “As oportunidades de emprego ligadas aos dois quiosques deverão, também, ser oferecidas a refugiados africanos residentes no Rio”, complementou o comunicado. Ainda não há prazo para que o projeto do memorial fique pronto.

Quem era Moïse?
Ele veio para o Brasil como refugiado, com alguns de seus 11 irmãos, em 2011, fugindo da guerra e da fome na República Democrática do Congo. A mãe dele também se mudou para o Brasil algum tempo depois, em 2014.

Moïse havia cursado até o segundo ano do ensino médio e atuava fazendo pequenos trabalhos (chamados de “bicos”) em lanchonetes, restaurantes, quiosques e barracas de praia.

Fontes: Estadão, Folha de S.Paulo, G1, Nexo e Prefeitura do Rio de Janeiro.

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Comentários (1)

  • EDGAR SANTOS

    2 anos atrás

    A que ponto chegamos. O ciclo de ódio precisa ser quebrado.

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