Tempestades que atingem Minas Gerais (MG) desde 22 de janeiro já colocaram 121 cidades em situação de emergência e três em estado de calamidade pública. Até a publicação desta reportagem, mais de 30 mil pessoas estavam desalojadas e 62 haviam morrido.

Uma frente fria com nuvens carregadas, localizada no litoral do Espírito Santo (ES), fez com que chovesse mais do que o normal na região, principalmente em MG. Na capital, Belo Horizonte, este janeiro foi o segundo mês com mais chuvas na história da cidade, registrando 809 milímetros (mm) até o dia 26 — o mês mais chuvoso foi janeiro de 1985, com 850 mm. Em média, chove 329 mm na cidade durante o primeiro mês do ano.

No Espírito Santo, onde as chuvas também são intensas desde 17 de janeiro, 20 cidades estão em estado de alerta, nove pessoas morreram e há mais de 8.900 desalojadas. Além disso, uma barragem de água da Usina Hidrelétrica Francisco Gross, no município de Alegre, tem risco de rompimento. “A ordem é evacuação total das proximidades da usina”, disse comunicado da prefeitura no dia 25. Quem precisou sair está em abrigos públicos ou na casa de familiares.

Em MG, a barragem Sul Inferior, da empresa de mineração Vale (a mesma responsável pela barragem que se rompeu em Brumadinho), localizada em Barão de Cocais, também está em alerta por causa das tempestades. O risco da barragem subiu para o nível 2, quando sirenes são disparadas e planos de evacuação são executados. No entanto, em fevereiro de 2019, moradores de áreas de risco próximas já tinham sido retirados por causa de riscos em outra barragem do município, a Sul Superior.

O alerta de chuvas vale também para Bahia, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal.

O que as autoridades estão fazendo?

O Governo Federal vai adiantar o pagamento do Bolsa Família e o saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para as famílias atingidas de MG e do ES.

Além disso, o governo já tinha se programado para liberar 90 milhões de reais em casos de emergências, mas o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, afirmou que existe a possibilidade de aumentar esse valor.

No ES, o Ministério da Saúde ativou o Centro de Operações de Emergência para atender os atingidos. A Secretaria Estadual de Saúde do estado enviou ao município de Iconha, onde a lama tomou conta das ruas, cerca de uma tonelada de remédios e utensílios médicos.

O governo do Rio de Janeiro (RJ), estado que também sofre com as chuvas, organizou campanha para arrecadar itens de higiene pessoal, produtos de limpeza, alimentos e colchões. O governador, Wilson Witzel, anunciou que vai utilizar 23 milhões de reais para ajudar as cidades afetadas no estado.

O que eu penso sobre…

“As enchentes devastaram a minha cidade. Como o rio corre a cidade inteira, a parte de baixo foi totalmente afetada, tendo assim um prejuízo inestimável. Na madrugada do dia 25 para o 26 foi um terror total, mas hoje a cidade já está se recuperando. Por ela ser pequena, somos muitos unidos e todos se ajudam!” Richard Augusto Z., 19 anos, de Raposos, Minas Gerais.

Glossário

Bolsa Família: programa que concede todo mês uma ajuda financeira para famílias em situação de pobreza.

Estado de calamidade pública: mais grave do que situação de emergência, é declarado quando o desastre é tão grande que compromete a capacidade do poder público local de agir com eficiência. Nesse caso, pode acontecer a intervenção da Força Nacional.

Situação de emergência: é decretada quando há um acontecimento anormal provocado por desastres. O poder público local pode pedir ajuda financeira ou reforço policial.

FGTS: espécie de poupança para o trabalhador, em que a empresa que o contrata deposita uma porcentagem do salário pago mensalmente.

Fontes: A Gazeta, Climatempo, Defesas Civis do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, G1, Istoé, O Dia, O Globo, O Tempo, R7, Rádio Agência Nacional, Senado.leg.br e Valor.

* Matéria atualizada em 29 de janeiro, às 10h38.

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