A China e outros 14 países da Ásia e da Oceania concluíram o maior acordo de livre-comércio do mundo no dia 15 de novembro, após oito anos de negociações. O tratado diminui os custos de serviços e importação e exportação (preço da venda e da compra de produtos) entre os sócios do bloco. O objetivo é aumentar o comércio entre esses países e movimentar a economia na região, que encolheu com a pandemia de covid-19.

O acordo recebeu o nome de Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês) e engloba um mercado de 2,2 bilhões de pessoas. É considerado o maior do mundo por somar 26 trilhões de dólares ou 30 do Produto Interno Bruto (PIB) global. Isso representa quase um terço da população mundial e de toda a riqueza produzida no planeta.

Poder chinês
A RCEP promete expandir a influência da China na região por incluir, além de tradicionais parceiros chineses, países que eram mais próximos dos Estados Unidos, como Austrália, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Japão.

“Os EUA possuem destacada influência na região desde o século 19”, afirma o professor de história econômica da Universidade Federal do Espírito Santo, Rogério Naques Faleiros, citando a participação norte-americana em conflitos armados nas Filipinas (1898) e na reconstrução econômica do Japão após a derrota na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Sob o governo de Donald Trump, mais focado na economia interna, os norte-americanos se afastaram da Ásia, abandonando, por exemplo, o Acordo de Associação Transpacífico, que incluía 11 países da região e excluía a China. Isso abriu espaço para aumentar a presença chinesa na área.

China e EUA são a primeira e a segunda maior economia do mundo, respectivamente. “A China tem vivenciado intenso crescimento e desenvolvimento econômico há pelo menos quatro décadas”, destaca Faleiros. Segundo ele, a RCEP valida a influência chinesa na Ásia, ao envolver, inclusive, antigos rivais, como Japão e Coreia do Sul.

#pracegover: líderes aparecem em conferência, cada um em sua tela de vídeo. Atrás de cada participante, a bandeira de seu país. Foto: Viêt Nan News

Influência para o Brasil
Segundo Jorge Arbache, professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), o acordo tem reflexos positivos e negativos para o Brasil. Entre os positivos está o aumento do comércio e dos investimentos internacionais, aquecendo a economia global. Porém, como o Brasil está fora do novo bloco, torna-se menos competitivo nos setores que disputa com as nações associadas à RCEP.

Por exemplo: o Brasil exporta produtos primários à China (como minério de ferro, carnes e grãos). “A RCEP aproximará a China de produtores concorrentes ao Brasil, como a Austrália, que também possui reservas de minério de ferro consideráveis”, destaca Faleiros.

Para Arbache, “o acordo é um sinal para que o Brasil se integre mais e melhor na economia mundial”. Isso seria possível com a participação brasileira em mais acordos internacionais e na diversificação da sua produção, entrando em setores como o de ciência e tecnologia, por exemplo.

Fontes: DW, El País, Estadão, Exame e Folha de S.Paulo

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 161 do jornal Joca.

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