Escolas e universidades chilenas suspenderam as aulas no dia 21 de outubro por causa da onda de protestos que acontecem no país desde 14 de outubro. A medida foi adotada em 43 comunas (espécie de municípios) das 52 que existem na região metropolitana de Santiago, capital do Chile. Com as manifestações, a violência tomou as ruas e afetou o funcionamento da rede de transportes. Diante disso, autoridades locais decidiram suspender as aulas para garantir a segurança dos alunos. Esta é a maior onda de manifestações no Chile em décadas. Entenda a seguir.

Protesto no Chile
#pracegover: a foto mostra manifestantes em rua de Santiago, no Chile. Em destaque, homem segura a bandeira do país. Foto: Marcelo Hernandez/Getty Images.

Por que estão acontecendo manifestações no Chile? 

Os protestos começaram em Santiago após o governo do país anunciar o aumento de 30 pesos (aproximadamente 20 centavos) no preço da passagem de metrô. As autoridades afirmavam que o reajuste era necessário em razão do aumento no valor do petróleo e do dólar (o que deixa o preço de diversos produtos e serviços mais alto) e por causa da recente modernização do metrô local. Parte da  população, no entanto, dizia que a medida era injusta, especialmente com os mais pobres.

Aos poucos, as manifestações se espalharam por pelo menos outras oito cidades. Em virtude da pressão popular, no dia 19 de outubro, o presidente chileno, Sebastián Piñera, anunciou que o preço da tarifa não aumentaria mais. Os protestos, porém, não pararam.

Como as manifestações se tornaram violentas? 

A violência começou no dia 18 de outubro, quando houve confrontos entre a polícia e alguns manifestantes em Santiago. Supermercados foram saqueados e estações de metrô, ônibus e prédios públicos, atacados. No dia seguinte, o presidente decretou estado de emergência por 15 dias em Santiago e em mais duas províncias. Com isso, o Exército assumiu o comando da segurança na região, com a missão de restaurar a ordem. Piñera criticou os atos violentos de alguns participantes dos protestos.

Existem outras razões para os protestos? 

Muitos manifestantes também reclamam dos serviços de saúde e educação do país, do aumento no valor das contas de luz e água, da falta de medidas do governo para combater a desigualdade, entre outras questões. Eles afirmam que os protestos são importantes para chamar a atenção do governo sobre os problemas do Chile. Piñera disse estar atento aos pedidos dos manifestantes.

Que é estado de emergência? 

Decretado em situações extremas, faz com que o governo tenha alguns poderes especiais, como impor toque de recolher (quando as pessoas são proibidas de ficar na rua por determinado período). Em Santiago, houve toque de recolher das 22h do dia 19 de outubro até as 7h do dia seguinte.

Correspondente

“Estávamos em Santiago quando anunciaram o toque de recolher até as 7h do dia seguinte — nosso voo de volta era às 7h. Mudamos o voo para mais tarde, mas foi difícil comprar comida. Achamos só um restaurante aberto, que fechou logo depois de entrarmos. Vimos protestos pacíficos  com jovens — tirando pessoas que incendiaram uma lixeira. Tivemos muita sorte”, João Vitor A. U., 15 anos, e Sofia A. U., 14 anos, brasileiros que estavam no Chile durante a crise.*

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#pracegover: à esquerda, João Vitor A. U. À direita, Sofia A. U.. Ele usa calça e casaco preto de frio. Ela usa calça preta e casaco amarelo de frio. Os dois estão em frente a uma paisagem com montanhas nevadas. Foto: arquivo pessoal.

*Veja mais depoimentos em jornaljoca.com.br

Fontes: CNN Chile, Publimetro, BBC, G1 e Folha de S.Paulo.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 140 do jornal Joca.

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Comentários (1)

  • Chile rejeita proposta para nova Constituição - Jornal Joca

    4 meses atrás

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