Até esta segunda-feira, dia 11 de dezembro de 2017, não havia salas de cinema na Arábia Saudita. O reino, comandado pelo príncipe herdeiro Mohamed bin Salman, mudou essa política em vigor há 40 anos. Ele pretende modernizar o país e levar diversão à população, o que até então era proibido.

Espera-se que os primeiros multiplex estejam funcionando na capital Riade, até março de 2018, e que a estreia exiba o filme Born a King (“Nascido rei”, em português), a primeira superprodução feita no reino, com direção do espanhol Agustí Villaronga.

Até hoje, apenas dois longas-metragens foram filmados no reino com atores sauditas: O Sonho de Wadjda, de 2012, e Barakah Yoqabil Barakah, de 2016.

Para assistir a um filme, a população precisava fazer viagens longas à Dubai, nos Emirados Árabes (cerca de 1000 quilômetros de distância) ou à Manam, em Bahrein (440 quilômetros distante, aproximadamente).

O país do Golfo Pérsico, até agora, proibia não só o cinema, mas qualquer tipo de diversão em público. O príncipe, porém, percebeu que precisava mudar o modelo produtivo da Arábia Saudita.

Primeiro, porque o preço do petróleo baixou e eles estão ganhando menos com sua principal fonte. Segundo, por uma questão geracional: hoje, 70% da população do reino é jovem (tem menos de 30 anos). O príncipe, com 31,  compreendeu que precisa representá-los.

Os cinemas foram proibidos na Arábia Saudita no começo da década de 1980. Naquela época, a monarquia saudita, alarmada pela revolução islâmica do Irã e pela revolta de Meca, procurou se proteger reforçando seus laços com a cúpula religiosa wahabita, à qual concedeu enormes poderes em matéria educacional e de controle social. Esse pacto fez da Arábia Saudita um dos países com as normas mais anacrônicas do mundo.

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